Unei Dom Bosco corre risco de interdição judicial por problemas graves
Reunião do TJMS cobrou soluções para crise estrutural na unidade, denunciadas pela Defensoria desde fevereiro
Com problemas estruturais graves acumulados há anos, a Unei (Unidade Educacional de Internação) Dom Bosco, em Campo Grande, corre risco de ser interditada por ordem judicial. O alerta foi reforçado na tarde desta terça-feira (3), durante reunião interinstitucional promovida pelo Grupo de Monitoramento e Fiscalização dos Sistemas Carcerário e Socioeducativo (do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul. A equipe técnica do GMF fez uma visita à unidade em novembro do ano passado.
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A Unidade Educacional de Internação Dom Bosco, em Campo Grande, enfrenta possível interdição judicial devido a graves problemas estruturais. Em reunião realizada na terça-feira (3), representantes de diversos órgãos públicos discutiram medidas emergenciais para evitar o fechamento da instituição. Entre as irregularidades denunciadas pela Defensoria Pública estão a falta constante de água e energia elétrica, más condições das refeições e presença de insetos. O governo estadual se comprometeu a implementar melhorias, incluindo a aquisição de gerador, manutenção elétrica e aprimoramento no fornecimento de água e alimentação.
O encontro reuniu representantes da Sejusp (Secretaria de Justiça e Segurança Pública), SAS (Superintendência de Assistência Socioeducativa), SAD (Secretaria de Administração), Agesul (Agência de Gestão de Empreendimentos), além de outros órgãos públicos ligados à gestão da unidade. Na pauta, estavam ações emergenciais para impedir o fechamento, que é alvo de processo que tramita na Vara da Infância e Adolescência da Capital.
“O enfrentamento dos problemas estruturais da Unei Dom Bosco exige ação coordenada, célere e responsável. Estamos aqui para evitar medidas mais gravosas, como a interdição da unidade”, afirmou o desembargador Fernando Paes de Campos, supervisor do GMF.
Diante do tom conciliador, não foram divulgados detalhes sobre as irregularidades que podem levar à interdição. A ausência de informações mais claras sobre o conteúdo do processo judicial contrasta com denúncias graves feitas pela Defensoria Pública no início do ano.
Em fevereiro, o Campo Grande News revelou que o órgão ingressou com ação civil pública cobrando providências urgentes. Entre os problemas relatados estavam a constante falta de água e energia elétrica, refeições em más condições, presença de baratas no transporte da comida e ausência de gerador. O defensor Rodrigo Zoccal Rosa chegou a pedir a compra emergencial do equipamento, sem licitação, e condenação do Estado por danos morais coletivos.
A situação, segundo a Defensoria, remete a inspeções realizadas desde 2016 e coloca em risco a integridade de adolescentes que, em muitos casos, já enfrentaram contextos de abandono, violência e drogadição. “Diferente do adulto, o adolescente tem grande capacidade de transformação, e o Estado precisa oferecer condições mínimas para isso acontecer”, pontuou Zoccal na ocasião.
Durante a reunião desta semana, o governo estadual e os demais órgãos pactuaram ações como aquisição de gerador, manutenção elétrica, melhorias no fornecimento de água, alimentação, atendimento odontológico e até a previsão de novo concurso para agentes socioeducativos. Também se discutiu o uso de energia fotovoltaica para dar mais autonomia à unidade.
As medidas serão acompanhadas mensalmente, mas, até que os resultados apareçam, o risco de fechamento continua.