ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram
NOVEMBRO, SEXTA  22    CAMPO GRANDE 28º

Capital

Vítima de estupro revela ataque em 2020 "por não parecer homem nem mulher"

"Não quero este tipo de pessoa na minha casa", teria dito mulher que é alvo de processo judicial

Clayton Neves | 01/07/2021 15:21
Campanha criada na internet após estupro pediu fim da transfobia. (Foto: Direto das Ruas)
Campanha criada na internet após estupro pediu fim da transfobia. (Foto: Direto das Ruas)

O episódio em que foi estuprada e agredida por dupla de criminosos foi o mais cruel, mas não o primeiro caso de transfobia pelo qual passou a mulher trans de 54 anos, que segue internada há uma semana no Hospital Universitário de Campo Grande. No ano passado, a vítima processou a locatária de uma casa que a humilhou publicamente.

No mesmo dia em que deu entrada no HU, ela teria de comparecer a audiência de conciliação sobre o caso.

No processo, em tramite na 14ª Vara Cível, a vítima detalhou que na manhã do dia 22 de novembro de 2020 foi até a casa de uma amiga, na Vila Sobrinho. O imóvel era alugado e pertence à acusada, que estava no local quando a mulher trans chegou. Incomodada com a presença da visita, a proprietária passou a atacá-la.

“Não quero este tipo de pessoa na minha casa, não sei se é homem ou mulher. Não quero esse tipo de gente aqui. Essa pessoa tem envolvimento com crime”.

Depois disso, a ré ainda exigiu que a inquilina desocupasse a casa, alugada por R$ 700, alegando que não iria tolerar “esse tipo de gente” na residência. Em depoimento, a vítima disse que se sentiu humilhada com a situação e por isso, procurou uma delegacia, onde registrou comunicou sobre o caso à polícia.

No dia 25 de junho, mesmo dia em que a mulher trans passou mal e precisou ser levada para o hospital, a Justiça havia agendado audiência de conciliação que aconteceria às 16 horas. O encontro foi reagendado para 12 de agosto.

Nesta sexta-feira (2), familiares e amigos farão uma carreata cobrando justiça para a vítima. A saída será às 16 horas da Avenida Aro Clube, em frente à praça da Vila Sobrinho e seguirá até a praça Ary Coelho, no Centro.

Crime - A vítima foi sequestrada por dois homens por volta das 11 horas do dia 18 de junho, mês do orgulho LGBTQIA+. Eles estavam em um carro vermelho e a abordaram no bairro Vila Sobrinho. Encapuzada, a vítima foi levada até uma residência, onde ela foi agredida e obrigada a manter relações sexuais com um cachorro. Depois disso, os criminosos abandonaram  próximo ao Cemitério Santo Amaro.

O caso não foi denunciado porque a vítima teve vergonha de contar sobre o que havia acontecido. Só veio à tona uma semana depois porque a mulher trans contou para amigos próximos que estava com o lado do corpo totalmente paralisado. A situação era sequela da sessão de estupro.

A Deam investiga e procura pelos bandidos que vão responder por sequestro qualificado, estupro coletivo, injúria racial e lesão corporal dolosa grave.

Nos siga no Google Notícias