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Capital

Volta de "guloseimas" às cantinas vai contribuir com índice de obesidade

Mariana Lopes | 18/10/2013 16:48
Estudantes vão ter acesso aos produtos que não são considerados saudáveis (Foto: João Garrigó)
Estudantes vão ter acesso aos produtos que não são considerados saudáveis (Foto: João Garrigó)

Nesta semana, o Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul julgou inconstitucional a lei estadual da Cantina Saudável e, com isso, as “guloseimas” voltarão a ser vendidas nas escolas.

Em uma época que muito se discute o papel dos colégios na formação da criança, isso vale do beabá à educação alimentar, profissionais garantem que derrubar a lei pode influenciar, inclusive, no índice de obesidade, que em Campo Grande foi apontado como o maior do Brasil.

“A escola poderia ajudar os pais a oferecerem uma alimentação mais saudável para as crianças. Vi muitos alunos controlados em casa, às vezes até de dieta mesmo, se esbaldarem nas cantinas”, relata a psicóloga Valéria Rezende da Silva.

Com 20 anos de experiência, os quais trabalhou em um colégio particular de Campo Grande, ela afirma que é muito difícil a criança se controlar. “A comida é uma forma de satisfação imediata, vejo, é bonito, é gostoso, eu como. As propagandas induzem muito ao consumo de guloseimas, principalmente para crianças”, explica a psicóloga.

Valéria alerta ainda para o sedentarismo dos tempos atuais, inclusive no dia-a-dia das crianças. “Ainda é recente essa ideia de alimentação saudável, há uma ou duas gerações não se falava nisso e hoje é o assunto do dia. A má alimentação aliada ao sedentarismo, mesmo entre crianças, levam a problemas de saúde, nossas crianças hoje não brincam mais de pique, não correm na rua, estão ligadas ao computador, tablets e joguinhos”, ressalta.

De acordo com a nutricionista Dalva Rodrigues, especialista em Nutrição pediátrica e escolar, lei da cantina saudável é uma maneira de estimular melhores hábitos alimentares desde a infância, o que ela considera de suma importância para um adulto com mais saúde.

“Criança acima do peso vai ser um adolescente acima do peso e, consequentemente, um adulto também”, alerta Dalva. Ela explica ainda que a infância é a melhor fase para educar o que se come. “A escola é extensão da casa, a alimentação deveria fazer parte do currículo escolar”, pontua a nutricionista.

Segundo ela, hoje em dia as crianças estão com doenças que antes eram só apareciam na vida adulta, e tudo em consequência da má alimentação somada ao sedentarismo.

“A criança só ingere alimentos gordurosos, industrializados, açúcar, e ainda não gasta energia, fica só em frente à televisão e ao computador, daí aparece o colesterol alto, diabetes, entre outras doenças degenerativas”, explica Dalva.

Assim como Valéria criticou a influência da mídia que estimula o consumo de comidas industrializadas, a nutricionista Dalva também deixa o alerta. “A criança não tem condições de fazer escolhas sem orientação do adulto, por isso é importante estar rodeada de bons exemplos”, comenta.

Cantina saudável - De acordo com a lei estadual 4320, era “proibida a comercialização, confecção e distribuição de produtos que colaborem para acarretar riscos à saúde ou à segurança alimentar, dos consumidores, em cantinas e similares instalados em escolas públicas”.

Ranking - Segundo o Vigitel 2012 (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico), do Ministério da Saúde, Campo Grande tem o maior índice de obesidade, com 56% da população com excesso de peso.

O percentual de campo-grandenses obesos chega a 21%, perto do maior índice no País, de 21,3%, registrado em Rio Branco, capital do Acre.

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