Voluntários retiram 20 sacos de lixo da "casa dos quatis"

No último domingo (15), uma área localizada na Rua Topázio, às margens do Córrego Serradinho, no Bairro Santo Antônio, em Campo Grande, foi limpa por grupo de voluntários liderado pela influenciadora digital Samira Campos, de 27 anos. A iniciativa resultou na retirada de cerca de 20 sacos de lixo, contendo materiais como fios, vidros, plásticos, cabos, panos, eletrônicos, canos e até pneus da área.

A ação faz parte de um projeto, Salvem os Quatis, criado por Samira, que cresceu próxima de outro córrego, o Imbirussu, e viu a área se degradar ao longo dos anos. “Sempre gostei muito do contato com a natureza e me senti privilegiada por viver numa cidade com uma fauna e flora tão rica. Mas vi os lugares que eu frequentava na infância sendo tomados pela sujeira”, conta.

A motivação para agir veio no início deste ano, quando Samira viu a imagem de um quati morto dentro de um saco de lixo. A cena chocante ocorreu perto do Córrego Serradinho, onde ela mora atualmente. “Eu vejo esses animais todos os dias, revirando lixo para encontrar comida. Isso me partiu o coração”, lembra.

Ela tentou cobrar providências do poder público, mas não deu certo. A resposta foi criar um vídeo denunciando a situação ambiental da área, que viralizou e ultrapassou meio milhão de visualizações. Com a repercussão, ela recebeu apoio de centenas de pessoas, o que impulsionou a formação do grupo de limpeza.

Hoje, o projeto conta com mais de 100 integrantes, alguns de fora de Campo Grande, que contribuem com doações e apoio à distância. Uma das conquistas do grupo foi a instalação de uma placa em frente ao córrego, alertando sobre a importância da preservação ambiental.

Apesar do engajamento, Samira afirma que o trabalho voluntário não substitui a responsabilidade do poder público. “Sem o apoio da prefeitura, fica impossível fazer algo realmente efetivo. As pessoas continuam jogando lixo e entulho, e o lugar precisa ser fechado para ser preservado de verdade”, argumenta.

Ela também alerta sobre os riscos que os voluntários enfrentam durante as limpezas. “Corremos o risco de escorregar no barranco, nos cortar com vidro ou ferro, ou até contrair doenças. Esse trabalho deveria ser feito pelo município. Pagamos impostos para isso.”

Samira teme que, se nada for feito, a destruição da fauna local seja irreversível. “A natureza vai desaparecer e os quatis, cutias e macacos que vivem ali vão morrer. É triste ver que ninguém se importa", lamentou. A reportagem tentou contato com a Prefeitura Municipal para saber se há possibilidade de cercamento da área e aguarda retorno.

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