Há 3 anos com crânio exposto, vigilante acusa negligência de hospital
Regiane retirou tumor cerebral, caiu após a alta e até hoje não passou por cirurgia reparadora
“Há três anos minha vida se resume à cama, convulsões e remédios sem solução.” O desabafo é de Regiane Martins da Rosa, de 47 anos, vigilante que hoje convive com parte do crânio exposto e uma série de complicações que ela atribui à suposta negligência médica do Hospital Rachid Saldanha Derzi, em Sonora, onde trabalhou por quase cinco anos.
RESUMO
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Vigilante aguarda cirurgia reparadora após complicações em hospital. Regiane Martins da Rosa, 47, sofre com parte do crânio exposto devido a parafusos cirúrgicos soltos após uma cirurgia para retirada de tumor cerebral em 2022. Ela atribui seu estado à negligência do Hospital Rachid Saldanha Derzi, em Sonora (MS), onde trabalhava. Após uma queda durante a recuperação, parafusos de sua craniotomia se soltaram. Desde então, Regiane sofre com dores, convulsões e secreções. Após ação judicial, a Justiça determinou sua transferência para Campo Grande. Internada, ela aguarda cirurgia reparadora, enquanto o hospital não se pronunciou sobre o caso.
O drama na saúde de Regiane começou no fim de 2021, quando sofreu um desmaio e descobriu um tumor cerebral. Quatro meses depois, em maio de 2022, foi encaminhada à Santa Casa de Campo Grande, onde passou por cirurgia para retirada da massa. Durante a recuperação, sofreu uma queda, bateu a cabeça e dois dos parafusos da craniotomia se soltaram, deixando outros expostos — situação que persiste até hoje.
“Eu recebi a notícia do falecimento da minha mãe e desmaiei. Bati a cabeça e fui ao hospital, mas voltei apenas com curativo e receita de remédio para dor. Já vai fazer três anos que vivo assim, com a cabeça aberta”, relata.
Desde a cirurgia, Regiane não conseguiu retornar ao trabalho. Ela afirma que, apesar das diversas consultas, recebeu apenas tratamentos paliativos. “Eles traziam remédio aqui, faziam curativo, mas o que eu precisava era de uma nova cirurgia, eles só falavam pra aguardar. Os machucados continuam abertos, com secreção e mau cheiro.”
Cansada da espera, passou a expor a situação nas redes sociais. O advogado André Clarintino se ofereceu para ajudá-la e, na última sexta-feira (13), ingressou com um pedido de liminar com caráter de urgência. A Justiça acolheu a solicitação no mesmo dia e determinou o encaminhamento de Regiane, em até 24 horas, a um especialista em neurologia na Capital.
A transferência foi feita no sábado (14), e a paciente permanece internada, à espera da cirurgia reparadora. Segundo Regiane, a demora no atendimento agravou seu quadro de saúde. “Se eu tivesse vindo pra cá antes, teria feito uma cirurgia plástica. Com os exames que fiz aqui, vou precisar de neurologista e vão abrir minha cabeça. Isso não está certo”, desabafa.
Ouro lado - A equipe de reportagem do Campo Grande News entrou em contato com a Prefeitura de Sonora e com a direção do Hospital Rachid Saldanha Derzi, que afirmou que a paciente recebeu toda a assistência possível desde o diagnóstico. Segundo a instituição, foram fornecidos medicamentos tanto via SUS quanto por meio de farmácias particulares, além de transporte para consultas, exames em outras cidades, ajuda de custo e apoio para obtenção do benefício previdenciário junto ao INSS.
O hospital também informou que Regiane foi encaminhada para avaliação em neurocirurgia em pelo menos quatro ocasiões, entre 2021 e 2025. Por ser uma unidade de pequeno porte e sem especialistas na área, ela foi direcionada a centros de referência, como a Santa Casa de Campo Grande.
O diretor-geral do hospital, Petryson Paiva Costa, afirmou à reportagem que, em todas as vezes em que Regiane procurou atendimento, foi devidamente encaminhada e que a decisão de não remover os parafusos partiu das equipes médicas dos hospitais de referência.
Por fim, o hospital diz compreender a gravidade do caso, reforça que todas as medidas cabíveis foram tomadas dentro da sua capacidade e se mantém à disposição para novos esclarecimentos.
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