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Cidades

Chuvas de janeiro ficam abaixo da média e afetam lavouras de soja

Flávia Lima | 30/01/2015 18:20
Falta de chuva em Miranda e Corumbá prejudicou o gado e lavouras de soja. (Foto:Famasul)
Falta de chuva em Miranda e Corumbá prejudicou o gado e lavouras de soja. (Foto:Famasul)

Janeiro é um dos meses mais chuvosos em grande parte do Brasil mas vai terminar com muito menos chuva do que deveria. Segundo dados do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), há possibilidade de mais precipitações ainda em fevereiro e em março, depois elas ficam escassas.

De acordo com o Inmet, para entender o que ocasiona as chuvas neste primeiro mês do ano, é preciso observar a Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS) e a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), dois sistemas meteorológicos típicos do verão. Eles são responsáveis por uma grande porção do volume de chuva que ocorre durante essa estação do ano na maioria das áreas do Norte, Nordeste, Centro-Oeste e do Sudeste. A ZCAS traz a chuva volumosa para o Sudeste e para o Centro-Oeste. A ZCIT é responsável pela maior parte da chuva anual do Nordeste e do Norte do Brasil.

Uma combinação de fatores relacionados com a temperatura da água em determinadas regiões dos oceanos Pacífico e Atlântico vem dificultando a formação destes dois importantes sistemas meteorológicos provedores de chuva.

Em Mato Grosso do Sul, janeiro ficou marcado como um período com chuvas abaixo da média histórica no Estado, de acordo com dados produzidos pelo Cemtec (Centro de Monitoramento de Tempo, do Clima e dos Recursos Hídricos de Mato Grosso do Sul).

Foram computados nas 28 estações meteorológicas espalhadas por todas as regiões de Mato Grosso do Sul 2.529,4 milímetros de chuvas no primeiro mês do ano. O histórico de chuva nas estações para este mês, segundo dados do Cemtec, é de 5.771,7 milímetros.

Dois municípios da região do Pantanal se destacaram como os que receberam o menor volume de chuvas de todo o Estado. Em Miranda choveu apenas 3% do esperado em janeiro e Corumbá registrou 16,7% do previsto. Até o dia 28 de janeiro choveu em Miranda 5,8 milímetros, ante os 188,4 da média esperada. Em Corumbá o índice foi de 24,4 mm, quando o esperado era 145,4.

Em Cassilândia também choveu abaixo do esperado: 32,4 milímetros, 10,7% do volume histórico calculado pelo Cemtec, que é de 302,3 mm.

Outros municípios, porém, se destacam pelo grande volume de chuvas em janeiro. Em Ponta Porã choveu 229,8 milímetros, 18% acima da média, calculada em 194,6 mm. Já Campo Grande, que segundo cálculos iniciais dos meteorologistas do Cemtec também deveria registrar índices abaixo da média, acabou com 223,6 milímetros computados, praticamente na média do volume histórico, de 231,9 mm.

Apesar da baixa quantidade de chuvas em algumas das cidades e do grande porcentual em outras, a meteorologista Cátia Braga, do Cemtec, afirma que até o fim do verão, que termina em 20 de março, os dados podem mudar, tanto no volume das precipitações quanto nas regiões que registrarão um maior ou menor índice de chuvas.

Prejuízos

A escassez de chuvas já reflete nas plantações de soja da região de Miranda e Bodoquena. Segundo o presidente do sindicato rural que abrange os dois municípios, Adauto Rodrigues de Oliveira, os produtores já amargam uma perda de 40% nos dez mil hectares de lavouras de soja existentes na região.

O cenário de seca compromete a colheita, prevista para março.Ele diz que a seca deste início de ano foi uma das piores já registradas na região. “Se chover um pouco em fevereiro vamos conseguir diminuir o prejuízo, mas não tem como mais recuperar o que foi perdido”, ressalta.

Adauto conta que ontem (29) choveu cerca de 10 milímetros em Miranda. “Ajuda um pouco, mas está longe do ideal”, diz.

A falta de chuvas também tem prejudicado as pastagens, porém, de acordo com Adauto, o gado é mais resistente, por isso os prejuízos no setor da pecuária serão sentidos a longo prazo.

Já na região de Ponta Porã, os produtores de soja e pecuaristas comemoram o excesso de chuva, mas torcem para que as precipitações diminuam a partir de fevereiro. “Se chover vai atrapalhar a colheita porque os grãos não podem ficar úmidos”, destaca o pecuarista e membro do sindicato rural de Ponta Porã, André Cardinal Quintino.

Chuva causou transtornos em alguns dias de janeiro na Capital (Foto: Marcelo Calazans/Arquivo)
Chuva causou transtornos em alguns dias de janeiro na Capital (Foto: Marcelo Calazans/Arquivo)
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