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Cidades

Empresa de bitcoin vende lucro, mas comprador não vê dinheiro, diz MP

“A pirâmide financeira está caracterizada”, afirma o promotor Luiz Eduardo Lemos de Almeida, que comanda investigação

Anahi Zurutuza e Liniker Ribeiro | 17/04/2018 12:13
Agentes do Gaeco com documentos e computador apreendido durante operação nesta manhã (Foto: Liniker Ribeiro)
Agentes do Gaeco com documentos e computador apreendido durante operação nesta manhã (Foto: Liniker Ribeiro)

A MinerWorld, que se apresenta como mineradora da moeda virtual Bitcoin com sede no Paraguai e unidade em Campo Grande, é investigada por formar pirâmide financeira desde o fim de 2017. A empresa vende “lucro fácil”, mas parte dos investidores não vê a cor do dinheiro, resume, não exatamente nestas palavras, o promotor Luiz Eduardo Lemos de Almeida.

“A pirâmide financeira está caracterizada”, afirmou o titular da 43ª Promotoria de Justiça do Consumidor, que encabeça as investigações, em entrevista do Campo Grande News no fim da manhã desta terça-feira (17).

Luiz Eduardo revela que inquérito foi aberto depois que denúncias de pessoas que investiram no negócio, mas não tiveram retorno financeiro chegaram ao MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul).

A CVM (Comissão de Valores Mobiliários) também fez o alerta. No início deste ano, encaminhou ao MP parecer sobre indícios de pirâmide financeira envolvendo a empresa.

Além da MinerWorld, são alvo da Operação Lucro Fácil, deflagrada antes das 7h de hoje em Campo Grande e São Paulo, as empresas Bit Ofertas e Bitpago.

Promotor em entrevista (Foto: Liniker Ribeiro)
Promotor em entrevista (Foto: Liniker Ribeiro)

Ainda conforme a apuração do MP, as empresas vendem o serviço –a mineração de bitcoins– o que não é ilegal, mas não “entregam”. “É apenas o alarde, que como é algo muito novo se torna atrativo e serve como chamariz para essas empresas”, detalhou o promotor.

“A saúde financeira das empresas não é boa e isso está penalizando quem investiu”, completou o chefe da investigação.

Vítimas – O promotor deixou claro que o objetivo do MP, ao término das investigações, é que empresas sejam dissolvidas e que as pessoas que perdem o dinheiro investido –tratadas como consumidoras na apuração-, sejam ressarcidas.

A promotoria vai à Justiça pedir o bloqueio de bens da empresa para garantir a futura reparação de danos materiais.

No site oficial, a MinerWorld informa que tem 70 mil investidores em 50 países. O promotor diz ainda não ter dimensionado ainda quantas pessoas em Campo Grande, ou em Mato Grosso do Sul.

Prédio onde a unidade MinerWorld funciona em Campo Grande (Foto: Saul Schramm).
Prédio onde a unidade MinerWorld funciona em Campo Grande (Foto: Saul Schramm).

A operação – Além das sedes das empresas, equipes do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) ainda estiveram nas casas dos sócios das empresas. Foram sete mandados de busca e apreensão cumpridos em Campo Grande e um em São Paulo (SP).

O próximo passo é analisar o conteúdo dos documentos, agendas e computadores apreendidos.

O advogado da MinerWorld em Campo Grande, Wilton Celeste Candelorio, esteve na sede do Gaeco pela manhã e disse apenas que procuraria o responsável para “entender o motivo da operação”.

Bitcoin - Conforme a revista Exame, no processo de nascimento de uma Bitcoin, chamado de “mineração”, os computadores conectados à rede competiam entre si na resolução de problemas matemáticos.

Além da mineração, é possível possuir bitcoins comprando unidades em casas de câmbio específicas ou aceitando a criptomoeda ao vender coisas e serviços. Em Campo Grande, o moeda é aceita de salão de beleza a pizzaria.

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