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Interior

Após denúncia de indígenas, conselho pede intervenção estadual

Após relatos de intoxicação de indígenas por agrotóxicos, CEDHU/MS pede "medidas urgentes" à Semadesc e Imasul

Por Mylena Fraiha | 08/02/2024 15:19
Proximidade de tratores atrai a curiosidade das crianças indígenas (Foto: Comunidade Guyraroka)
Proximidade de tratores atrai a curiosidade das crianças indígenas (Foto: Comunidade Guyraroka)

Nesta quinta-feira (8), o CEDHU/MS (Conselho Estadual de Direitos da Pessoa Humana) órgão autônomo e ligado administrativamente à SEDHAST (Secretaria de Estado de Direitos Humanos, Assistência Social e Trabalho) encaminhou um pedido ao Governo de MS para que sejam tomadas medidas de intervenção em relação aos casos de intoxicação por agrotóxico denunciados pelos indígenas guarani-kaiowá em Caarapó, a 274 km da Capital.

O ofício, assinado pelo presidente do CEDHU/MS, deputado estadual Pedro Kemp (PT), foi endereçado ao titular da Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação), Jaime Verruck, e ao diretor-presidente do Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul), André Borges de Araújo.

No documento é mencionado que as lideranças indígenas da TI (Terra Indígenas) Guyraroka estão preocupadas com a permanente exposição da comunicada ao agrotóxico lançado em lavouras de monocultura da região.

“Percebem uma piora na gravidade e na quantidade de casos de intoxicação de adultos e crianças, a ponto de interpretar esta prática como forma de expulsão e extermínio de seu povo”, diz trecho do ofício elaborado CEDHU/MS.

O CEDHU/MS também solicita a "adoção de medidas urgentes" por parte dos órgãos estaduais para garantir a sobrevivência dos guaranis-kaiowás da região. No texto, o conselho recomenda que seja exigido o respeito aos limites de distanciamento para aplicação de agrotóxicos nas lavouras.

Feridas ocasionadas pelo contato permanente com agrotóxicos pulverizados pela fazenda vizinha à aldeia Guyraroka (Foto: Comunidade Guyraroka)
Feridas ocasionadas pelo contato permanente com agrotóxicos pulverizados pela fazenda vizinha à aldeia Guyraroka (Foto: Comunidade Guyraroka)

Estudo - O ofício também menciona o estudo realizado por pesquisadores da UFMS (Universidade Federal do Mato Grosso do Sul), da Embrapa Pantanal, da FioCruz (Fundação Oswaldo Cruz) Mato Grosso do Sul e do Fonasc.CBH (Fórum Nacional da Sociedade Civil nos Comitês de Bacias Hidrográficas).

No final de 2021, os pesquisadores examinaram pelo menos três fontes de água que abastecem a comunidade da TI Guyraroka. Em todas elas, ou seja, nas águas de rios e nascentes, da torneira e dos poços artesianos, bem como da água da chuva, foram identificados 20 tipos de agrotóxicos - a maioria deles combinados com outros tipos.

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