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Interior

Após oncologia, risco de colapso ameaça cardiologia e hemodiálise

Ministério da Saúde promete enviar equipe a Dourados para avaliar crise que afetou atendimento especializado

Helio de Freitas, de Dourados | 20/07/2017 10:20
Hospital da Vida, que passou a receber pacientes de câncer após fim de contrato com HE (Foto: Arquivo)
Hospital da Vida, que passou a receber pacientes de câncer após fim de contrato com HE (Foto: Arquivo)

O atendimento de saúde de alta complexidade corre risco de colapso em Dourados, cidade a 233 km de Campo Grande, que presta serviço a pacientes de 33 municípios da região. Após a oncologia, a crise pode chegar também ao tratamento a renais crônicos e à cardiologia.

O problema chegou ao Ministério da Saúde, que promete enviar uma equipe a Dourados nos próximos dias, para avaliar a situação.

A precariedade no atendimento é o desfecho da crise financeira do Hospital Evangélico, instituição particular que por quase duas décadas prestou serviços de alta complexidade a pacientes do SUS (Sistema Único de Saúde).

Sem dinheiro para pagar prestadores de serviços, nos últimos cinco anos o hospital deixou de atender pacientes de várias especialidades. A mais recente baixa foi a oncologia, que vai para a clínica particular CDCT (Centro de Tratamento de Câncer de Dourados) e para o Hospital da Cassems, vencedores da licitação feita pela prefeitura.

Entretanto, o CTCD não possui estrutura para absorver todos os pacientes e o hospital da Cassems vai levar pelo menos 120 dias para preparar a estrutura necessária ao atendimento.

Ao ministro – O risco de colapso no atendimento especializado foi relatado ontem (19) ao Ministério da Saúde. O deputado federal Geraldo Resende (PSDB) se reuniu com o ministro Ricardo Barros para alertar que se não forem adotadas medidas urgentes, o município vai regredir 30 anos no atendimento de alta complexidade e prejudicar uma população estimada de 1 milhão de pessoas.

“A oncologia, a cirurgia cardíaca e a terapia renal substitutiva [hemodiálise chegaram em estágio de pré-falência em Dourados”, afirmou o deputado tucano. O objetivo de Geraldo Resende é convencer o Ministério da Saúde a enviar uma equipe a Dourados, para acompanhar a situação dos serviços de alta complexidade.

Ele culpa a administração anterior do município pela crise e diz que quatro cirurgiões cardíacos que atendiam no Evangélico estão de mudança para Londrina (PR) por causa da crise no setor. Até dezembro, a Secretaria de Saúde de Dourados tinha como titular o médico Sebastião Nogueira, desafeto político de Geraldo.

“O ministro da saúde se mostrou sensibilizado e preocupado com tudo que foi relatado. Dentro das próximas semanas será enviada uma equipe técnica para acompanhar os serviços de alta complexidade e apontar sugestões para a atual gestão”, afirmou Geraldo nesta quinta-feira.

Oncologia – O deputado criticou também o fim do contrato com o Evangélico para atendimento a pacientes com câncer, ocorrido na semana passada. “A oncologia foi transferida para o Hospital Cassems, sabidamente sem infraestrutura física e de recursos humanos para assegurar atendimento digno aos pacientes do SUS”, afirmou o deputado.

Segundo ele, a equipe do HE, descredenciada pela prefeitura, atendia 500 pacientes com tratamento em quimioterapia e radioterapia, além de uma média diária de 20 pacientes internados e inúmeros atendimentos em pronto socorro.

“Enquanto isso, a nova entidade hospitalar credenciada disponibiliza apenas quatro leitos para os pacientes do SUS, quantidade insuficiente para atender a demanda de uma região composta por mais de 35 municípios”, reclama.

Hemodiálise – Outro setor à beira do colapso, segundo Geraldo Resende, é a área de terapia renal substitutiva, principalmente nos setores de hemodiálise e hemodinâmica mantidos pelo SUS para atender os pacientes da Grande Dourados.

“Esse serviço também corre sério risco de colapso em razão da administração desastrosa do ex-gestor municipal de saúde e de equívocos que ainda não foram superados pela atual gestão da saúde”, afirmou.

Segundo ele, a estrutura atual não comporta o aumento gradual da demanda. “Dourados tem hoje apenas 190 vagas para atender pacientes renais crônicos de 35 municípios da macrorregião, tanto que outros 15 pacientes de Dourados estão sendo obrigados a viajar mais de 240 km para serem submetidos à sessão de hemodiálise em Ponta Porã”.

A assessoria de imprensa da Secretaria de Saúde foi procurada e vai se manifestar ainda hoje sobre as críticas de Geraldo Resende.

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