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Interior

Assalto a banco envolveu brasileiros, paraguaios e até servidor público

Dono da chácara onde polícia desmantelou quadrilha há uma semana comandou assalto ao Sicredi de Coronel Sapucaia

Helio de Freitas, de Dourados | 07/05/2019 12:06
Fábio Alves de Lima, o “Neguinho Baiano”, com escopeta na mão ao lado de S10 usada em assalto (Foto: Direto das Ruas)
Fábio Alves de Lima, o “Neguinho Baiano”, com escopeta na mão ao lado de S10 usada em assalto (Foto: Direto das Ruas)

Bandidos brasileiros e paraguaios e até um vizinho, servidor público municipal, participaram do ataque à agência do Sicredi em Coronel Sapucaia, a 400 km de Campo Grande, na fronteira com o Paraguai. Pelo menos R$ 100 mil teriam sido levados do banco após a quadrilha arrombar o cofre com maçarico e explosivos.

A reportagem apurou que as investigações continuam, mas a polícia já identificou seis suspeitos. Dois estão mortos, três estão foragidos e um está internado no Paraguai com um tiro na cabeça, justamente o líder do assalto, Roberto Nunes Portilho, 34, de nacionalidade paraguaia.

Ele foi ferido no confronto com policiais paraguaios há uma semana, na operação ocorrida em uma chácara na Colônia Piray, a 50 km de Coronel Sapucaia. Roberto seria dono da chácara onde estavam os bandidos que enfrentaram a polícia paraguaia. Atingido na cabeça, ele permanece internado sob escolta policial em Assunción, capital do país vizinho.

Outros bandidos mortos e presos naquela operação são suspeitos de envolvimento no assalto ao Sicredi. A quadrilha seria uma célula do Comando Vermelho, facção criminosa carioca baseada na fronteira.

O Campo Grande News apurou com exclusividade que além de Roberto Portilho, apontado como líder do assalto, já foi identificado pela polícia sul-mato-grossense o brasileiro Fábio Alves de Lima, o “Neguinho Baiano”.

Dias antes do ataque ao banco, ele postou uma foto em grupo do aplicativo WhatsApp posando ao lado de uma caminhonete S10 branca com uma escopeta calibre 12 nas mãos. Uma S10 idêntica, inclusive com rodas esportivas iguais às da foto, foi gravada por câmeras de segurança chegando ao banco.

Servidor da prefeitura – Outro apontado pela Polícia Civil como um dos assaltantes do Sicredi é José Augusto Guidorizze, o “Guto”, que, morava perto da agência bancária, no centro de Coronel Sapucaia.

Funcionário da prefeitura, Guto deu suporte para a quadrilha com seu carro, um Ford Fusion prata, também gravado pelas câmeras de segurança. O fato chamou a atenção, já que na pequena cidade de 15 mil habitantes são poucos os carros desse modelo.

Cleyton Andrade Segóvia, 38, fugitivo do sistema penitenciário de Mato Grosso do Sul, é outro assaltante identificado até agora. No Paraguai, ele usa o nome de Diego Romeiro.

Dois estão mortos – Outros dois suspeitos de participação no roubo já estão mortos. Rubem Ramoa, o “Comando”, administrador de um narcotraficante conhecido na região, estava na chácara em Piray e foi morto em confronto com policiais paraguaios.

Devair França foi assassinado dez dias após o assalto e seu corpo encontrado no lado brasileiro. Conhecido na fronteira como ladrão de caminhonetes, Devair teria sido morto por desacordo sobre a divisão do dinheiro, já que o assalto não teria rendido o valor que a quadrilha esperava.

A polícia também analisou fotos das armas apreendidas com a quadrilha no lado paraguaio e constatou que muitas delas são semelhantes às usadas pelos assaltantes do banco.

Os policiais sul-mato-grossenses aguardam a troca de informações com policiais paraguaios sobre a identificação dos outros mortos e presos na operação da semana passada em Piray, já que existe forte suspeita da participação de todos no assalto ao Sicredi.

O assalto – Câmeras de segurança registraram o momento em que pelo menos 15 assaltantes chegam numa Blazer e numa S10 à agência do Sicredi na Rua José Guiomar, no centro de Coronel Sapucaia, na madrugada de 5 de abril.

Ao mesmo tempo, outros bandidos foram para o batalhão da Polícia Militar e para a delegacia de Polícia Civil, para impedir qualquer reação dos policiais. Só dois PMs e um agente estavam de serviço.

Um terceiro grupo foi para o acesso da cidade em direção a Amambai, para impedir a saída de qualquer carro. Uma ambulância da prefeitura deixava a cidade para levar pacientes até Dourados. Atingida por tiros, teve de retornar.

Pelo menos 200 cápsulas deflagradas de fuzil, de escopeta calibre e de pistola 9 milímetros foram recolhidas em vários pontos da cidade. A tiros, os bandidos arrombaram as portas de vidro do banco e destruíram carros estacionados em frente à agência.

Armas apreendidas com quadrilha no Paraguai; modelos são idênticos aos usados por assaltantes (Foto: Arquivo)
Armas apreendidas com quadrilha no Paraguai; modelos são idênticos aos usados por assaltantes (Foto: Arquivo)
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