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Interior

Brasileira cria polêmica ao proibir empregados paraguaios de falar em guarani

Fazendeira de Curuguaty, cidade vizinha de Paranhos, virou alvo nacional de críticas

Helio de Freitas, de Dourados | 01/03/2021 15:11
A brasileira Janice Neukamp Haverroth, dona de fazendas no Paraguai (Foto: ABC Color)
A brasileira Janice Neukamp Haverroth, dona de fazendas no Paraguai (Foto: ABC Color)

A fazendeira brasileira Janice Neukamp Haverroth é protagonista de uma polêmica nacional no Paraguai. Dona de propriedades rurais em Curuguaty, cidade localizada na região de Paranhos (a 469 km de Campo Grande), ela proibiu os empregados de conversarem em guarani, um dos dois idiomas oficiais do país vizinho.

Nesta segunda-feira (1º), viralizou nas redes sociais o áudio em que Janice, falando em português, proíbe os funcionários de uma de suas propriedades de falarem em guarani e determina que a partir de agora as conversas terão de ser em português ou espanhol.

“Eu não quero falar em guarani, porque não me interessa. Creio que o português e o espanhol já está bom pra mim. Então, a partir de hoje está proibido falar em guarani na fazenda. Vocês estão escutando? Proibido. Só vamos falar em português e espanhol, que são os idiomas aqui no Paraguai”, afirma a brasileira.

Proprietária e arrendatária de terras para cultivo de soja em vários Departamentos (equivalentes a Estado) do Paraguai, Janice Neukamp Haverroth tem ascendência alemã. No áudio, a fazendeira afirma que não fala em alemão perto dos empregados porque acha feio.

A divulgação do áudio em rede social causou polêmica imediata e teve ampla divulgação nos principais meios de comunicação do Paraguai. Segundo o jornal ABC Color, após o áudio viralizar, Janice desligou o celular para não atender os repórteres.

Ainda segundo o jornal, o mais influente do Paraguai, a mensagem foi enviada pela brasileira aos funcionários da fazenda Luz Bella, no Departamento de San Pedro. Ela também teria falado que os empregados dispostos a não seguir a ordem poderiam passar no escritório e pedir demissão.

A Secretaria de Políticas Linguísticas do Paraguai repudiou a medida tomada pela fazendeira brasileira. O órgão governamental também se colocou à disposição dos funcionários e pediu para que denunciem a patroa. Janice pode ser processada, pois o guarani, assim como o castelhano (espanhol) é idioma oficial no país vizinho.

“Nos solidarizamos com nossos compatriotas que em suas próprias terras são ameaçados para que não se expressem em sua língua materna, a língua oficial do Paraguai, a língua de nossa identidade”, afirma a secretaria, em nota.

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