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Cidade da fronteira cria primeiro parque tecnológico do Centro-Oeste

Parque Tecnológico Internacional de Ponta Porã começou a ser projetado em 2013 e agora já existe oficialmente e será implantado em área de 55 hectares, doada pela União

Helio de Freitas, de Dourados | 04/05/2015 16:45
O prefeito Ludimar Novais (à esquerda) e o deputado Vander Loubet seguram nas mãos uma cópia do projeto do parque tecnológico (Foto: Divulgação)
O prefeito Ludimar Novais (à esquerda) e o deputado Vander Loubet seguram nas mãos uma cópia do projeto do parque tecnológico (Foto: Divulgação)

Idealizado desde 2011, o PTIn (Parque Tecnológico Internacional de Ponta Porã) começa a sair do papel. Após a elaboração do projeto, uma série de reuniões, debates e apresentações, inclusive em Brasília, e uma visita técnica de uma semana ao Parque Tecnológico de Itaipu em Foz do Iguaçu (PR), o complexo programado para a principal cidade da fronteira sul-mato-grossense com o Paraguai já existe oficialmente, possui uma sede provisória, uma diretoria e nos próximos dias vai receber da União a área de 55 hectares onde será implantado. O terreno pertence ao Exército e será cedido para a implantação do PTIn.

Conforme o projeto, o Parque Tecnológico Internacional, o primeiro do Centro-Oeste brasileiro, será um espaço de interação da ciência e tecnologia e vai oferecer um ambiente favorável para a inovação visando geração de trabalho, emprego e desenvolvimento socioeconômico. O PTIn tem apoio da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), Uems (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul), Sebrae MS, Prefeitura de Ponta Porã, Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul) Fiems (Federação das Indústrias), Fecomércio (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo), Embrapa e governo do Estado.

No Congresso Nacional, o projeto tem apoio do deputado federal Vander Loubet (PT) e do senador Waldemir Moka (PMDB), que são uma espécie de padrinhos políticos do parque. Através deles, o PTIn foi levado para a Sudeco (Superintendência de Desenvolvimento do Centro-Oeste), onde já começa a captar seus primeiros recursos.

Também com o trabalho de Vander e Moka, foi viabilizada a área, que até junho deste ano deve ser repassada oficialmente para a Associação Parque Tecnológico de Integração da Fronteira de Mato Grosso do Sul – PTIn-F/MS. De acordo com o presidente do conselho gestor do parque, engenheiro Roberson Moureira, o ministro da Defesa, Jaques Wagner, deve vir a Ponta Porã nas próximas semanas para oficializar a cessão da área, que fica próxima ao centro da cidade.

“Nosso parque já existe juridicamente. Agora começa a se materializar com a doação da área onde será instalado. Acreditamos que do segundo semestre de 2015 até o início de 2016, após todas as licenças e demais exigências, já tenhamos as primeiras instalações. Já está certo que o campus da UFMS vai se instalar no parque, assim como os cursos de tecnologia da Uems e instituições como Sebrae, Senai e Senac, que vão montar estrutura no parque para qualificar mão de obra”, afirmou Roberson Moureira ao Campo Grande News.

Já é realidade – O prefeito de Ponta Porã, Ludimar Novais (PPS), disse que o PTIn já é uma realidade. “Foram dois anos de muito trabalho, reuniões, estudos, para elaborar a parte de documentos. O parque já tem estatuto e uma diretoria. O que faltava era a área, mas graças ao apoio do deputado Vander e do senador Moka conseguimos a doação de um terreno do Exército. Já temos parceiros que assim que a área for entregue querem se instalar nesse espaço”, afirmou ele ao Campo Grande News.

Segundo Ludimar Novais, a instalação de um parque tecnológico voltado à ciência, ao conhecimento e à geração de emprego mais qualificado pode representar uma alternativa à economia de Ponta Porã, tão dependente do turismo de compras. “Sabemos que não temos condições de competir com o Paraguai para atrair indústrias, então temos de procurar alternativas para fortalecer nossa região, sem precisar depender tanto do turismo de compra, que se o dólar está baixo vai muito bem, mas se a cotação da moeda americana aumenta esse turismo diminui e afeta nossa economia”, avaliou.

O prefeito espera a oficialização da doação da área nos próximos dias e disse que houve atraso por causa de mudança no CMO (Comando Militar do Oeste). “Sonhar não custa nada. Nosso sonho é transformar Ponta Porã em um Vale do Silício e o PTIn terá papel fundamental para esse desenvolvimento”.

Localizado na Califórnia, Estados Unidos, o Vale do Silício é uma região na qual estão situadas empresas implantadas a partir da década de 1950 com o objetivo de gerar inovações científicas e tecnológicas, principalmente produção de circuitos eletrônicos, eletrônica e informática.

Projeto do parque tecnológico internacional sendo apresentado na Fiems (Foto: Divulgação)
Projeto do parque tecnológico internacional sendo apresentado na Fiems (Foto: Divulgação)
Reunião do comitê gestor do parque tecnológico internacional de Ponta Porã (Foto: Divulgação)
Reunião do comitê gestor do parque tecnológico internacional de Ponta Porã (Foto: Divulgação)

O que é um parque tecnológico – Parques Tecnológicos são complexos de desenvolvimento econômico e tecnológico para fomentar economias baseadas no conhecimento e da integração de pesquisa, negócios, empresas e organizações governamentais em um local físico. Além de prover espaço para negócios baseados em conhecimento, os parques podem abrigar centros para pesquisa científica, desenvolvimento tecnológico, inovação e incubação, treinamento, prospecção e infraestrutura para feiras, exposições e desenvolvimento mercadológico.

Existem no Brasil pelo menos 20 parques tecnológicos semelhantes ao projetado em Ponta Porã. Um dos mais promissores é o de Itaipu, em Foz do Iguaçu. Criado em 2003 pela Itaipu Binacional, o PTI se tornou polo científico e tecnológico no Brasil e no Paraguai.

O parque de Itaipu foi instalado nos antigos alojamentos dos operários que construíram a Usina de Itaipu. Numa área de 116 hectares, destaca-se como ambiente de constantes avanços científicos e tecnológicos, com participação direta no desenvolvimento regional e na modernização da usina.

Em Ponta Porã, a ideia é concentrar no parque tecnológico atividades de ensino, pesquisa e extensão, através de cooperação técnica entre as universidades brasileiras e do Paraguai; capacitação profissional; incubadoras empresariais, para impulsionar a criação e desenvolvimento de empresas; e condomínio empresarial agregando empresas de referência.

População de 1 milhão – Com aspiração de alcançar pelo menos 38 municípios de Mato Grosso do Sul, além de alguns países da América Latina, o PTIn de Ponta Porã será voltado a uma região com um milhão de pessoas e um PIB (Produto Interno Bruto) de bilhões de reais.

“O parque tecnológico na região de fronteira exercerá grande influência na área de desenvolvimento regional e de sistemas produtivos, pois fortalece a atuação de instituições, incluindo a Uems, que atualmente possui mais de 300 doutores nas diversas áreas do conhecimento. Mato Grosso do Sul carece de instituições promotoras do desenvolvimento e o parque tecnológico vem ao encontro desta necessidade, pois busca atuar na linha de desenvolvimento regional associando aos sistemas produtivos”, diz trecho do projeto.

Ludimar Novais disse que parque tecnológico internacional já é uma realidade e vai ser construído em área doada pelo Exército (Foto: Divulgação)
Ludimar Novais disse que parque tecnológico internacional já é uma realidade e vai ser construído em área doada pelo Exército (Foto: Divulgação)
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