Colapso no coração foi causa da morte do bebê de 2 anos em Aquidauana
Adolescente de 14 anos, mãe do menino, chegou a chamar socorro, mas criança já estava morta
A causa do óbito do bebê de 2 anos, que chegou morto ao Hospital Regional de Aquidauana, na madrugada desta segunda-feira (3), foi um colapso no coração. O bebê morreu "nos braços" da mãe de 14 anos e o que a Polícia Civil investiga agora é o que levou o pequeno a essa condição fatal.
Consta no atestado de óbito, ao qual o Campo Grande News teve acesso, que o menino sofreu um choque cardiogênico agudo (quando o coração perde a capacidade de bombear sangue), por consequência de duas outras condições cardíacas, tamponamento e derrame pericárdico.
O documento prova que o garotinho não foi vítima de violência física e que o bebê também não morreu engasgado, como afirmou a mãe da criança, numa das versões que deu à polícia.
A causa é natural, mas a reportagem apurou que o estado de saúde do bebê também será investigado e uma das possibilidades é que quadro de desnutrição severa possa ter evoluído mal.
Em conversa com pediatra, que pediu para não ter o nome ligado ao caso, já que o bebê não era seu paciente, o Campo Grande News entendeu ainda que o colapso pode ter sido provocado por doença cardíaca preexistente, que nunca foi diagnosticada ou por uma septicemia (infecção generalizada).
O que será apurado pela polícia agora, portanto, é se houve negligência ou omissão de socorro por parte dos responsáveis pelo bebê.
Mãe aos 12 – O menino era fruto de "relacionamento" da adolescente, que foi mãe aos 12 anos, com um rapaz que à época tinha 21 anos. O casal não estava mais junto e a menina, quase sempre, cuidava sozinha do bebê.
Nas redes sociais, ela tinha fotos com o garotinho e várias vezes o identificou como "meu amor". Em postagem recente, ela usou letra de música sertaneja para descrever como a vida mudou depois do filho.
Tem brinquedo espalhado pela casa toda e as paredes rabiscadas com o giz de cera. Mudou de tal maneira. Nossa vida já não é a mesma”, diz a canção.
Primeira versão - O bebê estava sob os cuidados da mãe quando morreu e não da tia paterna, como afirmou a adolescente, no primeiro contato com a polícia.
O menino de 2 anos deu entrada no Hospital Regional da cidade a 135 km de Campo Grande apresentando rigidez cadavérica, sinal de que já estava morto há horas.
Na primeira versão, a mãe da criança contou que, por volta das 17h de domingo (2), deixou o filho sob os cuidados da tia paterna, com quem a criança passaria a noite. Mas, por volta das 3h de hoje, essa tia apareceu na casa da adolescente, com a criança só de fralda e aparentemente dormindo. A mulher teria entregue a criança, afirmando que não poderia passar a noite com ela, pois precisaria que sair logo cedo de casa.
Ao pegar o filho, a mãe narrou que sentiu que ele estava com corpo frio, então o enrolou em um cobertor e entrou em casa. Poucos minutos depois, afirmou ter notado que os lábios da criança estavam ficando roxos. A adolescente chamou pelo irmão e seguiu até o hospital mais próximo, o chamado Funrural, que estava fechado.
A adolescente afirmou ainda que fez contato com o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), mas como o socorro estava demorando, voltou para casa e só então chamou o Corpo de Bombeiros.
Ainda conforme registrado no boletim de ocorrência, por morte a esclarecer, não havia sinais de violência no corpo do bebê, que foi encaminhado ao IML (Instituto de Medicina e Odontologia Legal).
Outras versões – A tia citada negou que estivesse com o sobrinho e depois de confrontada, a adolescente acabou contando outras duas histórias sobre a morte do filho. Uma delas, era a de que existia a possibilidade da criança ter morrido engasgada com leite ou com bolacha, alimentos dados pela mãe ao bebe na noite de domingo. Muito assustada com toda a situação, a adolescente teve dificuldade de dar explicações e refazer os passos, conforme apurado pela reportagem com fontes que acompanharam o caso ao longo desta segunda-feira (3).
O Conselho Tutelar de Aquidauana informou que, agora, a adolescente está sob os cuidados da mãe, avó do bebê. Ela não morava com a mulher, mas com os irmãos e o namorado de um deles.
O bebê foi sepultado no fim da tarde de hoje, no Cemitério Municipal de Aquidauana.
A investigação – De acordo com a Polícia Civil, até agora, o delegado responsável pelo caso, Luis Fernando Domingos Mesquita, passou dia coletando depoimentos. Ouviu a mãe do bebê, cujo depoimento foi acompanhado por conselheiras tutelares, os tios e a avó materna, uma amiga da garota e a tia paterna da criança, além dos policiais militares que fizeram o registro da ocorrência. Ainda devem depor os bombeiros que fizeram os primeiros socorros e o pai do bebê, de 23 anos.