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Interior

Conselheira da ONU conhece aldeia contaminada por pesticida despejado na região

No tekoha “Guyraroka”, em Caarapó, Alice Wairimu Nderitu ouviu relatos de representes indígenas

Helio de Freitas, de Dourados | 10/05/2023 16:19
Alice Wairimu Nderitu abraça criança indígena na área Guyraroka, em Caarapó (Foto: Anderson Santos/Cimi)
Alice Wairimu Nderitu abraça criança indígena na área Guyraroka, em Caarapó (Foto: Anderson Santos/Cimi)

A subsecretária-geral das Nações Unidas Alice Wairimu Nderitu, que está em Mato Grosso do Sul desde segunda-feira (8), conheceu hoje (10) o tekoha “Guyraroka”, no município de Caarapó. Cercada por lavouras de soja e milho, a aldeia enfrentou contaminação por pesticida em 2019. Na época, o MPF (Ministério Público Federal) recorreu à Justiça após crianças e adolescentes ficarem doentes, supostamente por exposição ao veneno.

Além das denúncias de contaminação de 4 anos atrás, em agosto do ano passado, estudantes indígenas fotografaram trator pulverizando agrotóxico ao lado da escola. Na época, o Cimi denunciou que o governo federal permitia a pulverização de pesticida ao lado da aldeia.

Nas terras disputadas na Justiça pelos guarani-kaiowá, a conselheira da ONU ouviu relatos de indígenas que lutam pela demarcação de suas áreas e enfrentam ataques de jagunços e até prisões, consideradas por eles ilegais (veja o vídeo abaixo).

“A comitiva da ONU veio verificar a situação dos povos que vivem nessa região em relação à ocorrência de genocídio dessas populações. Mato Grosso do Sul é palco de conflitos agrários, que impacta diretamente o bem-viver e seu modo de vida nos Territórios Guarani e Kaiowá”, postou em sua rede social o advogado Anderson Santos, assessor jurídico do Cimi (Conselho Indigenista Missionário). Ele acompanha as visitas.

Os 11 mil hectares reivindicados como área indígena Guyraroka foram delimitados pela Funai em 2004. A ocupação foi declarada tradicional indígena pelo Ministério da Justiça em cinco anos depois. Entretanto, em 2014, a demarcação foi anulada pelo STF (Supremo Tribunal Federal).

A comunidade entrou com ação rescisória, aceita pela Corte em abril de 2021. Entretanto, o julgamento está atrelado ao chamado “marco temporal”, que se arrasta há anos no STF.

Além de Guyraroka, Alice Wairimu Nderitu esteve na área Guapoy, em Amambai, e em áreas de retomada em Dourados. Ontem à noite, ela participou de encontro com integrantes da comunidade e apoiadores da causa indígena, na UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados).

Assessora especial para Prevenção do Genocídio das Nações Unidas, a queniana Alice Wairimu Nderitu chegou ao Brasil no início deste mês para conhecer a realidade dos povos indígenas, afrodescendentes grupos vulneráveis. Ela encerra a agenda ao País com entrevista coletiva online, no Rio de Janeiro, na sexta-feira (12).

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