Ex-comandante da FAB explica por que avião de 1980 ainda voava em boas condições
Caso aconteceu na manhã desta terça-feira, e destroços da aeronave foram encontrados em fazenda de Corumbá
RESUMO
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Pecuarista morre em queda de avião no Pantanal. Ramiro Pereira de Matos, de 67 anos, pilotava um Cessna 210 Silver Eagle de 1980, quando caiu em Mato Grosso do Sul. Ele decolou de Araçatuba (SP) rumo a Figueirópolis do Oeste (MT) e relatou mau tempo antes do acidente. A aeronave estava com a documentação em dia, segundo a Anac. Especialistas afirmam que a idade do avião não implica, necessariamente, em más condições, desde que a manutenção seja feita regularmente. As investigações do Cenipa e da Polícia Civil buscam esclarecer as causas do acidente. O corpo da vítima e os destroços serão levados para Campo Grande.
A queda do avião Cessna 210 Silver Eagle que matou o pecuarista e médico ortopedista Ramiro Pereira de Matos, de 67 anos, reacendeu a discussão sobre a idade das aeronaves e as condições enfrentadas pelo piloto. Para explicar o tema, o Campo Grande News ouviu nesta quarta-feira (17) o ex-comandante da FAB (Força Aérea Brasileira), Sílvio Monteiro, que acumula 35 anos de experiência em operações de busca e salvamento.
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O acidente ocorreu ontem (16), quando Ramiro saiu de Araçatuba (SP) em direção à fazenda da família em Figueirópolis do Oeste (MT). O monomotor decolou às 7h30 com previsão de pouso às 9h30, mas, ao sobrevoar o Pantanal sul-mato-grossense, o piloto relatou a outro colega dificuldades por causa do mau tempo. A aeronave, prefixo PS-FDW, fabricada em 1980 e comprada por Ramiro em março de 2024, tinha seis assentos e estava em situação normal de aeronavegabilidade, com certificado válido até agosto de 2026, segundo a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil).
Monteiro explicou que a idade de um avião não pode ser comparada à de um carro. “Um avião tem relatórios de manutenção a cumprir. Quando é novo, precisa passar por revisões a cada 500 horas de voo, 10 mil horas e assim por diante”, disse. Ele destacou que muitas aeronaves fabricadas nos anos 1970 e 1980 ainda estão em operação comercial. “Se você pegar um voo para São Paulo ou para os Estados Unidos, encontrará aviões dessa mesma época”, afirmou. O ex-comandante contou que nunca pilotou o modelo usado por Ramiro, mas já o utilizou em saltos de paraquedas.
Para ele, o fato de a aeronave ter 45 anos não significa más condições de uso. “O cubo da hélice, por exemplo, certamente não tinha essa idade. Foi revisado e substituído conforme as horas de voo exigiam. O mesmo vale para trem de pouso, cabine, peças móveis, motor e parte elétrica, que são trocados ao longo do tempo”, explicou. Sobre as condições climáticas, Monteiro disse que o que Ramiro relatou era compatível com o briefing do voo. “Em setembro é comum chuvas isoladas se juntarem e causarem precipitações. Mas não é possível afirmar que essa foi a causa. Por enquanto, tudo é especulação”, reforçou.
O Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos) já foi acionado e trabalha em paralelo à Polícia Civil. “A investigação da Aeronáutica não busca culpados. O objetivo é identificar fatores que contribuíram para o acidente, gerar conhecimento e alertar outros pilotos”, disse Monteiro. Já a Polícia Civil, pontuou, trabalha apenas com provas. “Ela não especula. Tem o objetivo de identificar se houve algum responsável pela queda.” O ex-comandante ainda lembrou acidentes recentes no Estado, como o que envolveu Luciano Huck e Angélica, além do caso de pai e filho mortos em 2023.
Nesta manhã, a Polícia Civil informou que concluiu a logística para a retirada do corpo do piloto e dos destroços do monomotor. Segundo o Salvaero (Serviço de Busca e Salvamento), o avião foi localizado por volta das 14h de terça-feira (16), em uma fazenda de Corumbá. O resgate é conduzido pelo Goa (Grupamento de Operações Aéreas) do Corpo de Bombeiros, com traslado para Campo Grande. O Cenipa fará a análise técnica no local, em conjunto com a Polícia Civil e outros órgãos.
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