Ensinar os pets a suportarem fogos começa bem antes da véspera de Réveillon
Opção é dessensibilizar os animais com estímulos positivos
RESUMO
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A preparação dos pets para o estresse causado pelos fogos de artifício durante as festas de fim de ano deve começar com antecedência. A técnica de dessensibilização, que envolve a exposição gradual ao barulho e o uso de reforço positivo, é recomendada por especialistas. A veterinária Rafaela Junqueira Lapa de Lacerda sugere que os tutores iniciem os treinos um ou dois meses antes das festividades. Além de treinar os animais, é importante criar um ambiente seguro e utilizar identificações adequadas. A empresária Ana Clara Rosa Balbe destaca que o treinamento deve ser contínuo e adaptado ao longo do ano, para que os pets se acostumem com diferentes sons. Medidas como tocar músicas calmantes e usar algodão nos ouvidos podem ser eficazes, mas devem ser introduzidas previamente para evitar estresse adicional.
A poucos dias para a virada do ano, os tutores de cachorros e gatos já começam a pesquisar o que fazer para diminuir o estresse dos pets com o barulho dos fogos e evitar a fuga dos bichinhos durante as festas de fim de ano. Usar medicamentos, checar a plaquinha de identificação com nome e telefone e preparar um ambiente seguro para o dia 31 de dezembro são cuidados imediatos, mas a preparação pode ser preventiva e não começa só na véspera.
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Os animais podem "treinar" ao longo do ano para se "acostumarem" com os barulhos. Esta é uma técnica de modificação comportamental que reduz gradualmente o medo ou a reação negativa de um pet a um estímulo, como fogos de artifício. Isso é feito por meio da exposição controlada e repetida, combinada com reforço positivo, como petiscos e carinho. Desta forma, quando os animais são expostos ao barulho novamente, eles criam uma associação positiva ou neutra.
O nome dessa técnica é dessensibilização, e a médica-veterinária Rafaela Junqueira Lapa de Lacerda aponta como a melhor opção para os pets. “O ideal é que, antes dessas datas, um ou dois meses antes, o tutor já comece a fazer os exercícios com esse cão”, orientou.
“O que são esses exercícios? Ligar a caixa de som mais baixa para o cachorro ir se acostumando com o barulho, depois ir aumentando o volume gradativamente e dando um petisquinho. Tudo isso pode ajudar a ir dessensibilizando”, completou.

A veterinária afirma que os benefícios vão além das festas de fim de ano. “Isso é para a vida do cão, não só pensando no Natal e no Ano Novo. Tem cães que têm medo de buzina, têm cães que têm medo de soprador de banho e tosa, têm cães que têm medo de caixa de som”, exemplificou.
Este é um trabalho desenvolvido ao longo do ano na creche e hospedagem para cães Personal Pet. A empresária, com pós-graduação em Etologia, estudo do comportamento animal, Ana Clara Rosa Balbe, conta que o treinamento de fogos está na rotina dos animais que frequentam o local.
“A gente sempre associa o treino entregando petisco e fazendo carinho enquanto está rolando o som em uma caixinha. Quando para, a gente para de dar. O som volta, e a gente volta a recompensar”, explicou.
Ela detalhou as mudanças na rotina dos treinos para que os alunos estejam preparados. "A gente põe a caixinha em diferentes lugares, aumenta o som, coloca mais perto. Às vezes, andamos com a caixinha no meio deles. E aí o treino consiste nisso, em fazer uma associação positiva com o barulho dos fogos. E isso ao longo do ano", completou.
A empresária ainda afirmou que quanto mais cedo começar, melhor. "Se for filhote é melhor ainda, porque eles estão naquela fase que muitos não passaram ainda pelo primeiro fogos, assim eles já vão fazendo essa associação positiva. Quando chega um dia, eles passam tranquilo", disse.
Segundo ela, no fim de ano a ação é reforçada. “Para quando chegar o dia dos fogos, eles já estejam mais acostumados. Principalmente no dia 24 e no dia 31”, completpu.
A lógica do "treinamento" serve para toda medida que busca acalmar o animal nessa época do ano, como escolher músicas calmantes para abafar o som, colocar algodão no ouvido ou amarrar um pano no corpo do animal. A empresária expliou que, se não foi feito antes, tudo isso pode gerar mais estresse para o animal.
"Eu sempre falo para partir do princípio que tudo que o cão é acostumado pode fazer bem pra ele. Você chegar lá no dia 31, que já está tendo fogos desde cedo, que já está aquela movimentação diferente em casa, aí você pega e amarra um tecido no corpo do animal, que ele não está acostumado, que ele nunca viu aquilo, pode ser pior, pode fazer efeito contrário do que você espera. Se você quer usar algo assim, adapte o cão antes, vai fazendo antes", defendeu.

"A ideia é fazer o cachorro se sentir mais seguro. Você pode fazer ele se sentir mais seguro estando do lado dele, passando confiança. Não precisa amarrar nada, mas pode segurar, pode oferecer confiança no colo. E aí ele vai se sentir mais tranquilo", orientou Ana Clara.
As famosas playlists com músicas para acalmar cachorro também podem ser ineficazes. Ana Clara explica que o objetivo de ligar a TV e colocar um som alto é tentar abafar o som dos fogos, e muitas vezes essas músicas não têm esse efeito.
"Mas se ele já está acostumado com aquela musiquinha, ele vai dormir, e isso pode ajudar sim. Se o seu cão está acostumado, pode ajudar. Tudo depende dessa adaptação. Por isso que a gente passa o ano todo lembrando para o tutor começar a fazer os treinos, começar a adaptar seu cão, onde ele vai ficar. Até para se hospedar no hotelzinho, tem que trazer antes", completou.
A orientação da veterinária e da empresária para os cães que já fazem o treinamento para fogos é repetir os estímulos positivos, dando petiscos e fazendo carinho na noite do dia 31 de dezembro.
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