Ceia de Natal: nem cachorro, nem gato podem comer tudo da sua festa
Entre cheiros, exageros e olhos pidões, festas de fim de ano lideram casos de intoxicação em pets

Mesa cheia, cheiro de comida no ar e aquele par de olhos acompanhando cada movimento. No Natal, a cena se repete em milhares de casas brasileiras: enquanto a família celebra, cães e gatos tentam participar do banquete. O problema é que, para eles, a ceia pode virar um pronto-socorro.
O que para humanos é festa, para pets pode ser risco grave. Ingredientes comuns da culinária natalina, gordura, temperos, açúcar, chocolate, uvasl, são suficientes para causar intoxicações, crises gastrointestinais e até falência de órgãos. E isso acontece mais do que se imagina.
A ingestão de alimentos humanos inadequados é uma das principais causas de emergências veterinárias durante as festas de fim de ano. A Organização Mundial da Saúde Animal (OIE) e órgãos de saúde veterinária reforçam a importância da nutrição balanceada, e médicos veterinários alertam para um aumento de 30% a 50% nos atendimentos por problemas digestivos e intoxicações nesse período.
É justamente no clima de “só um pedacinho” que mora o perigo. Um estudo da Pet Poison Helpline aponta que a exposição a substâncias tóxicas, como chocolate e uvas, atinge seu pico entre 24 de dezembro e 1º de janeiro. No caso da uva-passa, a margem de segurança simplesmente não existe: apenas 2,8g por quilo de peso corporal do cão já podem provocar insuficiência renal aguda.
Segundo Sandra Oliveira, coordenadora do curso de Medicina Veterinária da Estácio, a ceia natalina funciona como um campo minado para cães e gatos. Para ela, os riscos não estão apenas no exagero, mas na própria composição dos alimentos.
“Muito do que é delicioso para o paladar humano resulta de preparos tóxicos para o organismo dos pets. Alimentos gordurosos, por exemplo, causam um pico de estresse no pâncreas. Cada decisão tomada, da oferta de um osso à presença de alimentos gordurosos, influencia diretamente na saúde e no comportamento dos animais", afirma Sandra.
A ceia não ameaça apenas pelo que vai à boca. Segundo Sandra, o ambiente da festa também pesa, e muito, para o bem-estar dos animais.
"Estímulos visuais de uma mesa farta e o cheiro forte de temperos, podem gerar ansiedade e apetite excessivo. Para isso, é imprescindível se atentar também ao ambiente como um todo, mantendo o lixo fechado, a mesa inacessível, e ofertando exclusivamente petiscos formulados para os animais", afirma.
Barulho excessivo, música alta e fogos de artifício completam o pacote de estresse. Segundo a especialista, esses estímulos podem ser minimizados com tapa-ouvidos ou, ao menos, com um espaço fechado onde o som chegue de forma mais abafada. E vale lembrar: enquanto humanos aguardam ansiosos pela festa, pets gostam mesmo é de rotina.
Sandra reforça que luzes fortes, aumento do número de pessoas e, principalmente, cheiros diferentes ativam respostas intensas nos animais. “Nossa função é garantir que a alegria da festa não se transforme em sofrimento para eles”, explica.
De acordo com a professora, manter uma rotina alimentar segura e controlar os estímulos do ambiente não beneficia apenas cães e gatos mais sensíveis, mas torna a convivência mais tranquila para todos os presentes.
Mesmo em datas comemorativas, o cuidado não entra em recesso. Para Sandra, ambientes que respeitam o ritmo dos pets ajudam a manter equilíbrio emocional e físico. “Os espaços que favorecem a autonomia, como recipientes de água cheios e um cantinho de descanso, contribuem para o senso de controle e bem-estar psicológico”, sinaliza.
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