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Interior

Índios ampliam invasões e moradores temem perder até casas na cidade

“Se continuar assim, daqui uns dias vão invadir até nossas casas”, protesta sitiante vizinho de área invadida na semana passada

Helio de Freitas, de Dourados | 29/07/2019 10:31
Área invadida por índios na região norte de Dourados (Foto: Direto das Ruas)
Área invadida por índios na região norte de Dourados (Foto: Direto das Ruas)

Os índios continuam ampliando as invasões de chácaras e sítios localizados na região oeste de Dourados, cidade a 233 km de Campo Grande. Após as invasões iniciadas em 2016 na região norte, onde sete propriedades continuam ocupadas, há quase um ano os grupos vêm investindo contra áreas próximas à Avenida Guaicurus, que liga o centro ao aeroporto e à Cidade Universitária.

As pequenas propriedades ficam entre a reserva indígena de Dourados – formada pelas aldeias Jaguapiru e Bororó – e o perímetro urbano da segunda maior cidade de Mato Grosso do Sul. Existem áreas ocupadas a menos de 200 metros de casas do Residencial Monte Carlo.

Com invasões perto do quintal de casa, muitos moradores das regiões norte e oeste de Dourados temem a ocupação até de suas casas. Segundo eles, a paz sempre reinou entre índios e não índios, mas grupos vindos de aldeias de Ponta Porã, Amambai e Caarapó acabaram com a amizade entre as comunidades e instalaram o medo.

“Isso está uma vergonha, ninguém faz nada”, afirmou ao Campo Grande News o morador Giovanni Jolando, que tem a propriedade cercada pelos índios. O sítio dele não está invadido, mas outras áreas já foram ocupadas.

Segundo o morador, entre as áreas invadidas nos últimos dias está a propriedade de uma empresa de Campo Grande, bem perto do local onde a Sanesul está construindo um poço para ampliar o abastecimento de água tratada nas regiões norte e oeste de Dourados.

Alguns proprietários recorreram à contratação de seguranças privados para tentar impedir as invasões. Segundo os moradores, os índios ficam escondidos em matas próximas aos sítios e constantemente invadem as terras para instalar barracos.

Já ocorreram vários confrontos com feridos de ambos os lados. Segundo os proprietários, os índios atacam os seguranças com rojões e pedras. Já os índios afirmaram que são eles os alvos dos ataques.

No dia 17 deste mês, um grupo de índios chegou a jogar flechas e coquetel molotov em direção a policiais militares chamados após novo confronto. São pelo menos 30 sítios localizados nessa região, ao lado da aldeia Bororó. Para os sitiantes, a situação se agrava por total descaso do poder público e da Justiça.

Todos os sítios invadidos e ameaçados de ocupação ficam nos arredores da reserva de 3.600 hectares demarcada em 1917, onde vivem pelo menos 17 mil pessoas das etnias Guarani-Kaiowá e Terena.

Levantamento feito pela Funai em 2013 apontou o “sumiço” de 85 hectares da área indígena. Segundo o órgão federal, 3.539 hectares foram demarcados em 1965 e atualmente apenas 3.515 hectares estariam na posse dos índios.

A Justiça Federal determinou perícia para identificar se essa área foi expropriada dos índios e em que parte dos arredores da reserva houve a posse ilegal. Só que a perícia não foi feita até agora.

A situação no local é diferente de outras áreas de conflito em Mato Grosso do Sul, onde os índios reivindicam a demarcações de grandes propriedades. A maioria dos sítios em volta da reserva de Dourados tem em torno de 10 hectares.

Em 2017, o STF (Supremo Tribunal Federal) suspendeu a reintegração de posse dos primeiros sítios invadidos em 2016. O despejo tinha sido determinado pela Justiça Federal em Dourados. O caso está parado no Poder Judiciário. Conforme os sitiantes, a demora da Justiça e o descaso do Estado só agravam o risco de confronto.

Veja abaixo imagens dos locais ocupados pelos índios:

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