Juiz barra ação de vereadores afastados que cobravam 234 mil da Câmara
Legislativo havia indeferido pedido e Justiça tinha negado liminar a Denize, Pepa e Cirilo; agora juiz julgou ação improcedente
A Justiça impediu que três vereadores afastados por suposto envolvimento com corrupção recebessem R$ 234 mil do cofre público em Dourados, a 233 km de Campo Grande. Denize Portolann (PL), Pedro Pepa (DEM) e Pastor Cirilo Ramão (MDB) entraram com ação para receber os salários do período em que estão afastados por ordem judicial, mas o juiz da 6ª Vara Cível, José Domingues Filho, julgou o caso improcedente. O salário bruto de vereador em Dourados é de R$ 12 mil.
A tentativa dos três em receber os salários mesmo afastados do mandato já tinha sido barrada pela Mesa Diretora da Câmara em abril deste ano. Na época, a Procuradoria Jurídica do Legislativo emitiu parecer contrário ao pagamento e o presidente da Casa Alan Guedes (DEM) acatou a recomendação e negou o pedido de Denize, Pepa e Cirilo. Só o ex-presidente da Câmara e também vereador afastado Idenor Machado (PSDB) não entrou com ação para tentar receber os salários.
Na ação judicial, Denize Portolann pediu R$ 82.297,34, referentes aos salários de novembro, e dezembro de 2018, janeiro, fevereiro, março e abril de 2019, acrescidos os 6/12 avos referentes ao abono salarial.
Em ação conjunta impetrada na Justiça, Pedro Pepa e Cirilo Ramão não apontaram o montante de salários a receber, mas deram à causa o valor de R$ 151.933,56.
Ao julgar as ações improcedentes, José Domingues Filho usou os mesmos argumentos: “considerando o afastamento judicial sem determinação expressa de pagamento de subsídios, ausência de previsão legal para pagamento destes agentes políticos [a dotação orçamentária prevista para o exercício foi usada para pagar o salário dos suplentes empossados nas vagas] e inexistência do exercício da vereança”.
O juiz também condenou os vereadores afastados ao pagamento das custas processuais e de honorários advocatícios, fixados em 10% sobre o valor da causa.
Operações – Presa no dia 31 de outubro na Operação Pregão, Denize Portolann deixou a cadeia no dia 16 de março, beneficiada por habeas corpus do STJ (Superior Tribunal de Justiça). Ela é ré por suposto envolvimento no esquema de corrupção descoberto no setor de licitações da prefeitura no período em que foi secretária de Educação (fevereiro de 2017 a janeiro de 2018).
Pedro Pepa e Cirilo Ramão foram presos a primeira vez em dezembro do ano passado no âmbito da Operação Cifra Negra, que investiga corrupção envolvendo empresas terceirizadas pelo Legislativo.
No dia 30 de agosto deste ano, voltaram a ser presos acusados de descumprir medidas cautelares, duas semanas depois de reassumirem na Câmara. A Justiça os soltou dois dias depois, mas os manteve afastados do Legislativo até o final das ações.