Mandante da morte de Dorcelina foi recontratado por ordem judicial
Atual prefeita disse que Jusmar Martins foi aprovado em seleção feita pela gestão anterior
A nomeação de Jusmar Martins da Silva, condenado pelo assassinato de Dorcelina Folador, ex-prefeita de Mundo Novo, foi determinada pela Justiça, explica Rosária de Fátima (PSDB), atual gestora do município distante 463 quilômetros de Campo Grande. Considerado mandante do crime, Jusmar já prestava serviços ao Executivo.
Por meio de mensagens, a tucana afirmou que assumiu o cargo há menos de 100 dias e apenas cumpriu ordens. Em resposta à matéria publicada nesta sexta-feira (7) pelo Campo Grande News, Rosária disse que o servidor foi aprovado em processo seletivo feito pela gestão anterior.
"A decisão pessoal da prefeita não pode se sobrepor ao que foi acordado/decidido junto ao Poder Judiciário, com participação do Ministério Público. Após passado o período determinado no processo judicial, a gestora então poderá decidir conforme suas convicções", disse.
A prefeita, que assumiu o cargo há menos de 100 dias, explicou que a medida foi necessária para garantir a continuidade dos serviços públicos essenciais, como saúde e assistência social.
Conforme a peça do processo obtida pela reportagem, Jusmar havia sido contratado em 2024, demitido em fevereiro de 2025 e recontratado em março por ordem judicial assinada pelo juiz de Direito da 2ª Vara de Mundo Novo, Guilherme Henrique Berto de Almada.
Em um trecho, o magistrado diz que a situação da demanda é complexa, "[...] pois se, por um lado, envolve realmente um lapso demasiado para o cumprimento da decisão em questão, já tomada há um bom tempo, de outro lado, não pode implicar na interrupção dos serviços públicos, uma das finalidades primordiais da própria existência do Estado (em sentido amplo)".
Jusmar chegou a ser demitido, mas a decisão da Justiça determinou a recontratação do servidor até novembro deste ano devido à falta de cargos públicos criados pela Câmara Municipal. A remuneração será de R$ 2.480,55 mensais. Segundo informações do portal da transparência da prefeitura, o cargo exige Ensino Médio completo. Jusmar está na posição nível 1 da função, que tem o menor salário.
"Vamos encaminhar as matérias ao juiz e promotor do caso, eles darão a resposta, já que, conforme demonstrativos, ele foi contratado há mais de um ano, e retornou após determinação judicial", finaliza a prefeita.
O caso Dorcelina - A ex-prefeita era paranaense, mulher com espírito de liderança desde pequena e pessoa com deficiência. Virou ícone da luta pela igualdade no acesso à terra em Mato Grosso do Sul, foi ex-integrante do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra) e uma das fundadoras do PT (Partido dos Trabalhadores) em Mundo Novo. Dorcelina foi morta na varanda da casa com seis tiro, em 30 de outubro de 1999. O crime teve repercussão nacional.
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