Pacientes esperam até 5 anos por endoscopia em Dourados
MPMS abriu inquérito para apurar demora; fila é de 2,5 mil procedimentos
O MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) de Dourados instaurou inquérito civil para investigar a demora na realização de exames de endoscopia digestiva na rede pública municipal. O procedimento preparatório, aberto em março de 2025, revelou que 2.533 pacientes aguardam atendimento, alguns com previsão de espera superior a cinco anos. Diante da falta de medidas eficazes para reduzir o problema, o MPMS entendeu haver omissão do poder público.
RESUMO
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Ministério Público investiga demora para exames de endoscopia em Dourados. Mais de 2,5 mil pacientes aguardam na fila, com previsão de espera de até cinco anos, segundo dados de julho de 2025. A Promotoria questiona a eficácia das medidas adotadas pela Prefeitura para reduzir a demanda. Apesar dos contratos com o Hospital Universitário e o Hospital da Cassems, o número de procedimentos mensais não supre as necessidades da população. A Prefeitura alega priorizar os casos mais urgentes e buscar alternativas com o Estado, mas o MPMS considera a conduta "omissa e displicente". Inquérito civil investigará o caso, podendo resultar em ações judiciais.
A conversão do procedimento preparatório em inquérito civil foi determinada em 16 de setembro e consta da publicação do Diário do MPMS desta segunda-feira (22), já disponível no sistema. A mudança foi assinada pelo promotor Amílcar Araújo Carneiro Júnior, da 10ª Promotoria de Dourados.
Segundo informações do próprio município, a fila cresceu em ritmo acelerado. Em outubro de 2024, já havia 2.617 solicitações ativas no SISREG (Sistema de Regulação), que organiza os agendamentos com base em critérios técnicos e clínicos. A cada mês, entram em média 198 novos pedidos, mas só há disponibilidade de 103 vagas. Em resposta ao MP, a Prefeitura afirmou ter buscado alternativas, como o envio de parte dos pacientes ao CORE (Complexo Regulador Estadual), sob gestão da Secretaria Estadual de Saúde, e contatos com unidades de saúde para evitar solicitações desnecessárias.
Além disso, a administração municipal ressaltou manter contratos com duas unidades hospitalares: o Hospital Universitário da UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados), responsável por 85 procedimentos mensais, e o Hospital da Cassems (Caixa de Assistência dos Servidores do Estado de Mato Grosso do Sul), com outros 150 exames por mês. Juntos, esses serviços somariam 2.820 endoscopias anuais. O município também informou que a Central de Regulação classifica os pacientes por grau de risco, priorizando os casos mais graves independentemente da ordem cronológica de entrada.
Apesar das justificativas, a tabela mais recente, de julho de 2025, mostra que a fila ainda conta com 2.533 pessoas. Para pacientes classificados como prioridade 3, a previsão é de espera de até cinco anos, enquanto os de prioridade 2 devem aguardar mais de dois anos.
Para o promotor, os contratos já existentes e os ajustes citados pela Prefeitura não foram suficientes para enfrentar a demanda represada. Em despacho, ele afirmou que a conduta do Executivo municipal é “omissa e displicente” e determinou a continuidade das apurações por meio de inquérito civil, que pode levar à adoção de medidas judiciais.
A reportagem entrou em contato com a Prefeitura de Dourados para tratar da fila dos exames e aguarda retorno para atualização do texto.
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