ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram
NOVEMBRO, SÁBADO  23    CAMPO GRANDE 25º

Interior

Polícia faz operação contra dono da 2ª maior carga de maconha da história

Empresário de Maracaju teria contratado prostituta de luxo para comemorar envio de outra carga

Helio de Freitas, de Dourados | 03/12/2021 08:51
Policiais reunidos ao nascer do sol, pouco antes de iniciarem as buscas desta manhã. (Foto: Divulgação)
Policiais reunidos ao nascer do sol, pouco antes de iniciarem as buscas desta manhã. (Foto: Divulgação)

Traficante que usa empresa de transporte para esconder a atividade criminosa e outras seis pessoas ligadas a ele, inclusive, seu pai, são alvos nesta sexta-feira (3), de operação da Polícia Civil em Maracaju, a 159 km de Campo Grande.

O empresário é apontado como o verdadeiro dono da segunda maior carga de maconha já apreendida na história do País, de 33 toneladas, interceptada por policiais do DOF (Departamento de Operações de Fronteira), no dia 26 de agosto de 2020, em estrada vicinal de Maracaju.

Segundo a polícia, a organização criminosa comandada pelo empresário é especializada em enviar grandes cargas de drogas para outros estados brasileiros.

Em determinada oportunidade, para comemorar o envio de carregamento superior a 20 toneladas de drogas, o empresário teria contratado por R$ 5 mil, uma garota de programa trazida de São Paulo para um encontro em Campo Grande.

Os nomes dos investigados não foram divulgados. A polícia ainda não divulgou o resultado das buscas de hoje, mas armas foram encontradas em vários endereços.

Armas apreendidas durante a Operação El Patón. (Foto: Divulgação)
Armas apreendidas durante a Operação El Patón. (Foto: Divulgação)

Coordenada pela Defron (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Fronteira), a Operação El Patrón cumpre sete mandados de prisão e nove mandados de prisão, além do confisco de bens avaliados em R$ 15 milhões.

Participam das buscas equipes das delegacias de Ponta Porã, Anaurilândia, Maracaju, de Rio Brilhante, de Nova Andradina, da Deleagro (Delegacia Especializada de Combate à Crimes Rurais e Abigeato) e do DOF, totalizando 53 policiais.

O nome da operação faz referência à forma como o chefe do esquema criminoso é chamado pelos funcionários, inclusive, pelos empregados do negócio das drogas, que o tratam como “patrão”.

Megacarga – No dia que as 33 toneladas foram apreendidas, apenas os batedores Luciano Roberto Herrera, 46, e Moisés Ramires de Souza Filho, 26, foram presos. Dias depois, o motorista da carreta, Nilson Fernandes dos Santos Junior, 40, foi localizado pela Defron em Nova Mutum (MT), para onde tinha fugido.

A carga foi considerada a maior da história do Brasil até o dia 10 de julho de 2021, data em que policiais militares rodoviários apreenderam 36,5 toneladas de maconha na MS-276, município de Deodápolis.

Com a prisão do motorista no Mato Grosso, a Defron passou a investigar o esquema até chegar ao “patrão”, considerado empresário conceituado em Maracaju, município que detém o título de maior produtor de soja de Mato Grosso do Sul.

Segundo a polícia, a investigação revelou complexa e sofisticada estrutura montada para enviar grandes cargas de maconha para diversos estados brasileiros, organização essa chefiada pelo casal de empresários do ramo de transporte de Maracaju.

Além da frota própria, a transportadora mantinha várias outras carretas, obtidas através de contratos de arrendamento ajustados com pessoas físicas e jurídicas utilizadas como “laranjas”, para ocultar os verdadeiros proprietários.

A polícia descobriu que a carreta onde estavam as 33 toneladas de maconha foi adquirida pelo casal pouco mais de um mês antes de ser apreendida com a droga e colocada em nome do motorista preso no Mato Grosso.

O carro utilizado pelos dois batedores presos em flagrante, um Ford Ka, também pertencia aos empresários, mas oficialmente estava em nome de outra pessoa.

Carreta bitrem apreendida com 33 toneladas de maconha em agosto de 2020. (Foto: Adilson Domingos)
Carreta bitrem apreendida com 33 toneladas de maconha em agosto de 2020. (Foto: Adilson Domingos)

Família do tráfico – A investigação feita pelo serviço de inteligência da Defron e do DOF descobriu também que vários familiares do casal atuaram no caso das 33 toneladas, dentre eles, o pai, o irmão e o primo do empresário líder do esquema, cada um desempenhando função específica.

O próprio empresário, usando sua caminhonete, teria acompanhado o trajeto da carreta, que antes de ser apreendida, estava escondida no sítio dele, no município de Rio Brilhante. Através de radiocomunicador, ditava os comandos sobre a rota a ser seguida.

Garota de programa – Segundo a Defron, além de várias cargas menores, a organização criminosa teve êxito em encaminhar 23 toneladas de maconha para São Paulo, o que foi motivo de grande festa para comemorar o sucesso da operação.

Além da festa, os investigadores descobriram que o empresário líder da organização, como ápice da comemoração pelo grande lucro da entrega das 23 toneladas, contratou prostituta de luxo de São Paulo, pagando R$ 5.000,00 pela diária. Segundo a Defron, nesse montante, não estavam incluídas as despesas com passagem aérea até Campo Grande, local onde se encontraram.

Especialista – A investigação revelou também que entre os membros da estruturada organização criminosa, havia um especialista na instalação de rádios usados para comunicação durante o transporte das cargas de maconha.

Residente em Sidrolândia, o especialista é proprietário de oficina mecânica naquela cidade e já possui antecedentes criminais por instalação de radiocomunicadores sem autorização da Anatel.

Segundo a polícia, o serviço era tão complexo que em alguns veículos apreendidos, nem mesmo a perícia conseguia localizar os radiocomunicadores. Os equipamentos eram instalados dentro do painel e para serem ativados, era preciso adotar múltiplos comandos, como acionamento simultâneo das setas e do botão do ar-condicionado.

Entre os bens confiscados por ordem judicial, estão carretas, carros e imóveis residenciais e comerciais pertencentes aos integrantes da organização criminosa e outros registrados em nome de “laranjas”. Contas bancárias também foram bloqueadas.

Nos siga no Google Notícias