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Interior

Polícia recuperou só 25% dos R$ 50 milhões desviados de empresa agrícola

Funcionária responsável pelo desvio e o noivo dela foram alvos de operação hoje

Helio de Freitas, de Dourados | 19/11/2020 11:22
Documentos apreendidos durante a Operação Prelúdio (Foto: Sidnei Bronka/Ligado na Notícia)
Documentos apreendidos durante a Operação Prelúdio (Foto: Sidnei Bronka/Ligado na Notícia)

Até agora, a polícia só conseguiu recuperar 25% dos 50,8 milhões desviados de uma empresa de máquinas agrícolas de Dourados, a 233 km de Campo Grande. Os R$ 13 milhões foram confiscados após a Justiça determinar o bloqueio das 11 contas bancárias que durante 30 dias, de 28 de agosto a 29 de setembro deste ano, receberam os depósitos milionários.

Evanir Camargo Pelogia, 34, funcionária da empresa que desviou o dinheiro a mando de duas mães de santo de São Paulo, foi alvo hoje (19) da Operação Prelúdio, desencadeada pelo SIG (Setor de Investigações Gerais), da Polícia Civil. Prelúdio significa “o começo de tudo”.

Além do sequestro judicial de bens móveis e imóveis entre casas, terrenos e propriedades rurais, a polícia apreendeu documentos, arquivos de computador e uma picape Fiat Toro vermelha ano 2019 avaliada em R$ 120 mil. O veículo pertence a Evanir.

Os mandados foram cumpridos na casa onde a funcionária morava com os familiares no Jardim Flórida e no apartamento que ela divide com o noivo, no Jardim Tropical.

O noivo dela, o veterinário João Vicente Júnior, também passou a ser investigado pela polícia por lavagem de dinheiro, já que bens comprados por Evanir com dinheiro desviado da empresa foram registrados em nome dele.

A polícia já descobriu que Evanir construiu patrimônio de quase R$ 6 milhões com o dinheiro desviado do cofre da empresa ao longo de quatro anos em que ocupou o cargo de coordenadora financeira. Ela trabalhava na concessionária de máquinas agrícolas há pelo menos dez anos.

A investigação do SIG já descobriu que devido aos desvios que fazia antes do golpe milionário, Evanir passou a ser chantageada pelas duas gurus espirituais paulistas, com quem fazia consulta online.

Temendo ser denunciada por desviar dinheiro dos patrões em benefício próprio, ela passou 30 dias consecutivos depositando somas milionárias nas 11 contas apontadas pelas mães de santo “Mãe Jade”, ainda não identificada pela polícia, e Juliana Sambugaro, a “Mãe Ju”.

O caso – No dia 29 de setembro, depois de cumprir a “penitência” determinada pelas videntes, Evanir procurou a Polícia Civil para contar a história. Imediatamente o delegado Rodolfo Daltro, do SIG, pediu o bloqueio judicial das contas, mas até agora apenas um quarto do valor desviado foi recuperado.

O valor exato desviado para as mães de santo foi de R$ 50.845.730,50 (cinquenta milhões, oitocentos e quarenta e cinco mil, setecentos e trinta reais e cinquenta centavos).

Durante as investigações, a polícia descobriu que desde que assumiu o cargo de chefe do setor financeiro da empresa, Evanir Pelogia construiu patrimônio incompatível com o salário mensal inferior a R$ 5 mil.

“Mediante colheita de testemunhos e análise de documentos diversos, surgiram contundentes indícios de que a funcionária estava há cerca de quatro anos furtando valores pertencentes à empresa na qual trabalha”, afirma o delegado.

Há três anos ela procurou as videntes residentes em São Paulo para fazer trabalhos espirituais que encobririam os crimes. Desde então, valores de até R$ 60 mil vinham sendo pagos constantemente para as duas videntes.

Em agosto deste ano, as videntes passaram a solicitar valores mais altos, uma vez que as fraudes estariam na iminência de serem descobertas, segundo apurou a polícia.

Diante desse cenário, temendo ser denunciada, Evanir passou 30 dias seguidos transferindo dinheiro das contas da empresa para as contas indicadas pelas mães de santo.

As videntes afirmaram que diante dessa penitência os furtos não seriam descobertos. Conversas de Evanir com as mães de santo foram descobertas pela polícia após a apreensão do celular da douradense.

Na operação de hoje foram confiscados sete imóveis pertencentes à funcionária, além da apreensão de dois veículos. Também foram sequestrados os bens em nome de Juliana Sambugaro, residente em São Paulo. O valor dos bens dela ainda não foi apurado.

Noivo – Segundo o delegado do SIG, há 15 dias, visando ocultar a propriedade, a funcionária da empresa transferiu imóvel rural para o seu noivo, configurando crime de lavagem de dinheiro.

As investigações continuam para recuperar o restante do dinheiro e para identificar a culpa de cada um dos envolvidos. Os crimes são de furto qualificado, estelionato e lavagem de dinheiro.

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