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Interior

Relato de atriz global expõe drama sem solução: a falta de água em aldeias

“Era um calor de 38 graus e não tinha água”, disse Dandara Queiroz após visitar reserva de Dourados

Por Helio de Freitas, de Dourados | 12/03/2025 10:15

O drama da falta de água nas aldeias Bororó e Jaguapiru, em Dourados (a 251 km de Campo Grande), voltou a ganhar destaque nacional após relato da atriz global Dandara Queiroz, 26.

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A atriz Dandara Queiroz, de origem guarani, destacou a crise de falta de água nas aldeias Bororó e Jaguapiru em Dourados, MS, onde vivem 20 mil indígenas. O problema persiste há décadas e se agravou recentemente. Em novembro, um protesto indígena resultou em confronto com a polícia e promessas de construção de poços artesianos, que ainda não estão operacionais. O governo estadual fornece água via caminhões-pipa e planeja ativar os poços até março de 2025. Um projeto de R$ 53 milhões para solução definitiva aguarda liberação de recursos no Congresso.

Da etnia guarani, oriunda de Três Lagoas, Dandara postou vídeo em suas redes sociais relatando o drama enfrentado pelos 20 mil habitantes da reserva indígena de Dourados, onde esteve no feriado de Carnaval (veja o vídeo acima).

“Venho aqui através desse vídeo pedir ajuda de vocês porque a maior reserva indígena em contexto urbano do Brasil, situada no estado de Mato Grosso do Sul, em Dourados, sofre há muito tempo com a questão da falta de água”, afirmou a atriz, que viveu a personagem Benvinda, na novela “No Rancho Fundo”.

No vídeo, ela continua: “estive lá esse fim de semana no feriado de Carnaval para poder realizar uns projetos artísticos e era um calor de 38 graus e não tinha água para a população. São mais de 20 mil indígenas nas aldeias Bororó e Jaguapiru e eles não têm água”.

A falta de água nas aldeias de Dourados existe há décadas e se agravou nos últimos anos. O drama foi mostrado pelo Campo Grande News em série de reportagens, uma delas publicada em 28 de janeiro de 2023.

Bloqueio e confronto – Em novembro do ano passado, cansados de esperar solução por parte dos governantes, os indígenas bloquearam por quatro dias a MS-156, que liga Dourados a Itaporã. O Batalhão de Choque da Polícia Militar foi acionado para liberar a estrada e houve confronto com feridos dos dois lados.

O protesto levou à assinatura de acordo entre a comunidade, o Ministério dos Povos Indígenas, a Sesai (Secretaria Especial de Saúde Indígena) e Secretaria Estadual de Cidadania para construção de seis poços artesianos. Dois já foram perfurados, mas ainda não abastecem a comunidade (leia abaixo).

Dandara Queiroz comentou sobre o protesto e as promessas: “Eles foram recebidos com gás, opressão. Depois desse protesto, foi dito que seriam feitos poços. Isso foi em novembro de 2024 e até agora nada do projeto, que era para ser entregue em março, mas não está perto de ser finalizado”.

Relato de atriz global expõe drama sem solução: a falta de água em aldeias
Perfuração de poço na reserva de Dourados; dois já estão prontos, mas ainda não funcionam (Foto: Divulgação)

Dois poços prontos – Em nota encaminhada pela assessoria de comunicação, a Secretaria Estadual de Cidadania informou “compreender a gravidade da situação” e ressalta que em fevereiro de 2023 iniciou tratativas para solucionar o problema através do Programa MS Água para Todos.

Na época, foi constituído um grupo de trabalho coordenado pelo vice-governador José Carlos Barbosa e formado por representantes do Governo do Estado, Sanesul, Sesai, Funai, MPF (Ministério Público Federal) e Assembleia Legislativa.

“Mediante os debates, avaliações e proposições técnicas, o Governo do Estado determinou à Sanesul a elaboração de projeto que pudesse solucionar essa problemática, considerando que é inadmissível uma comunidade indígena com quase 20 mil pessoas, ao lado da segunda maior cidade do estado, passar por privação de água potável”, diz a pasta.

O projeto foi incluído no novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), mas não avançou. Como desfecho dos protestos, de novembro, o Governo do Estado se comprometeu em perfurar dois poços, no valor de R$ 490.000,00, tendo o Dsei (Distrito Sanitário Especial Indígena), como interveniente.

“A empresa responsável pela obra já perfurou os dois poços e instalou os reservatórios, porém, a ativação dos mesmos depende da ligação da energia pela concessionária responsável, com previsão para dia 17 de março de 2025”, informa a Secretaria da Cidadania.

Conforme a pasta, o Governo do Estado disponibiliza, ininterruptamente, quatro cargas de água em carro pipa por dia, de segunda à sexta-feira, às aldeias Jaguapiru e Bororo. “Esse procedimento será realizado até o período de construção e pleno funcionamento dos poços”.

Sobre o projeto para solução definitiva do problema, não contemplado no PAC, o Governo do Estado informou que o recurso de R$ 53 milhões foi deferido como “emenda de estrutura de abastecimento de água em comunidades indígenas de Dourados” após tratativa com a bancada federal. “Agora segue no Congresso Nacional, no fluxo de liberação dos recursos”.

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