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Interior

Riedel pede Força Nacional em área de conflito após morte de indígena

Em entrevista à Míriam Leitão, governador admitiu que saiu da PM bala que matou Neri Ramos da Silva

Por Gustavo Bonotto | 23/09/2024 21:25
O governador Eduardo Riedel durante encontro com gestores, em Brasília (DF). (Foto: Henrique Raynal/Casa Civil)
O governador Eduardo Riedel durante encontro com gestores, em Brasília (DF). (Foto: Henrique Raynal/Casa Civil)

O governador Eduardo Riedel (PSDB) quer a presença da Força Nacional na Terra Indígena Ñhanderu Marangatu, situada no município de Antônio João, a 319 quilômetros de Campo Grande. A área foi palco do conflito fundiário que causou a morte do guarani-kaiowá Neri Ramos da Silva, aos 23 anos, durante ação da PM (Polícia Militar).

Em entrevista à Míriam Leitão, o tucano confirmou que existem conversas para reforçar o policiamento na Fazenda Barra. No entanto, Riedel admitiu que o disparo que matou Neri partiu da PM. Ele alega que os indígenas estavam armados e a polícia revidou.

"Foi a polícia que atirou, revidando. E no conflito anterior foi tiro de borracha. Enfim, houve a troca de tiro e foi a polícia. Abri inquérito, está sendo investigado, está tendo a discussão. E é a última coisa que a gente quer nesses conflitos", disse Riedel.

O governador também confirmou à imprensa nacional que Luana Ruiz, advogada responsável pela ação judicial que determinou o uso da PM em defesa da fazenda, que se sobrepõe à terra indígena já demarcada, trabalha como assessora na Casa Civil do Estado. Ela é filha dos donos da Fazenda Barra. Questionado, Riedel destacou que não há conflito de interesses.

"A Fazenda Barra era uma terra, se não me engano, de mil e poucos hectares. Lá são 12 ou 13 proprietários. Todos os outros já saíram das propriedades. São três irmãos da mesma família. Dos doze, outros nove não tem nada a ver com a família, são outros produtores", assegurou o tucano ao dizer que indígenas também trabalham na administração.

Ainda perguntado sobre a solução do problema, Eduardo Riedel negou um prognóstico afirmativo ao destacar a complexidade da situação. "Acho que a gente está com um excelente caminho construído para se resolver. E aí falando da questão um pouco mais macro. Antônio João especificamente, nós estamos pedindo o apoio da Força Nacional até para que eles assumam. O que vai acontecer lá com a Força Nacional é outra história, mas a responsabilidade está com eles".

Sobre o inquérito, o governador disse que todas as situações estão sendo levantadas pela Polícia Federal, que já deu encaminhamento aos procedimentos necessários.

Vale lembrar que Riedel participou, na tarde de ontem (22), da mesa de conciliação do STF (Supremo Tribunal Federal) sobre a questão indígena. "Conheço a questão há 30 anos no Mato Grosso do Sul sem efetivamente conseguir concretizar algo. O relatório do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) [de 2013] talvez tenha sido a maior aproximação de uma solução e que, por detalhes, de interesse de produtores, de algumas representações indígenas e do governo federal na época, não foi levado adiante. Acho que  estamos num momento hoje muito perto de uma solução, mas muito perto mesmo. Eu acredito", finalizou o gestor.

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