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Interior

Tensão predomina em área de confrontos entre índios e produtores rurais

Grupos rivalizam há três anos pela posse de sítios nos arredores da Aldeia Bororó, em Dourados

Helio de Freitas, de Dourados | 09/11/2021 14:49
Índios e sitiantes durante nova ameaça de confronto, nos arredores de aldeia (Foto: Direto das Ruas)
Índios e sitiantes durante nova ameaça de confronto, nos arredores de aldeia (Foto: Direto das Ruas)

O clima de tensão entre sitiantes e índios voltou a predominar em propriedades localizadas nos arredores da Aldeia Bororó, na região oeste de Dourados (cidade a 233 km de Campo Grande). Desde a noite de sexta-feira (5), produtores rurais afirmam que sofrem ameaças de agressão e de invasão por parte de grupos indígenas.

Desde outubro de 2018, a área é palco de confrontos com feridos dos dois lados. Apesar de ainda não existir perícia no local, os índios querem ocupar as terras alegando que são parte da Reserva Indígena de Dourados (criada em 1917), invadida pelos sitiantes.

Já os proprietários rurais afirmam que possuem escrituras dos lotes e negam terem ocupado parte da reserva federal. Atualmente, pelo menos 18 mil índios das etnias Guarani-Kaiowá e Terena moram nas Aldeias Bororó e Jaguapiru.

São pelo menos 32 sítios e 12 sitiocas vizinhos da Aldeia Bororó e a 2 km da Avenida Guaicurus. Na sexta-feira à noite, 20 índios invadiram um dos sítios e agrediram duas mulheres de 44 e 50 anos e um homem de 62. O caso foi denunciado à polícia.

Os moradores foram obrigados a ficar com a cabeça baixa o tempo todo. Quando a Polícia Militar chegou ao local, os agressores correram para o mato. Na madrugada de hoje, o grupo voltou a ameaçar invadir as propriedades e chegou a atear fogo em volta dos sítios. Vídeos enviados à reportagem mostram momentos de tensão.

Veja as imagens:

Sitiantes ouvidos pelo Campo Grande News afirmam que após cinco meses de paz, os novos alvos dos índios são as 12 sitiocas instaladas no local. Alguns proprietários começaram a construir casas e já enfrentam ameaças de invasão.

Não foi possível falar com líderes dos índios que reivindicam as terras. Lideranças da Aldeia Bororó e de outros acampamentos próximos afirmam que o grupo é independente e não possui um líder específico.

No mês passado, o produtor rural Giovanni Jolando Marques, 52, um dos proprietários de sítios ameaçados de invasão, chegou a ser preso por determinação da Justiça Federal acusado de atear fogo em um barraco montado pelos índios nas terras que ele arrenda para plantar soja e milho.

Em setembro, os seguranças do sitiante foram acusados pelo índios de queimar o barraco. Em entrevista ao Campo Grande News no dia 6 de setembro, Jolando Marques afirmou ter sido ele que colocou fogo em “momento de fúria” causada pelas seguidas tentativas de invasão.

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