A morte dos peixes. O aquecimento dos rios é 4 vezes mais rápido que do ar
Um estudo norte-americano, da Universidade Estatal da Pensilvânia, demonstrou que o aquecimento dos rios duram o dobro que no ar. Até agora, acreditávamos que quando o calor aperta, restava o rio como refúgio climático. Todavia, esta ideia está mudando. Ao estudar o impacto das ondas de calor desde 1.980, em mais de 1.400 rios, os cientistas descobriram que esses eventos extremos estão aumentando a um ritmo alucinante, quatro vezes mais rápido que no ar.
Maior memória térmica que o ar.
A água tem maior memória térmica que o ar. Isto significa que, uma vez que um rio esquente, tende a manter-se quente durante dias porque a água retém o calor. Já o ar pode aquecer-se e esfriar-se rapidamente. A imensa maioria dos seres vivos que estão nos rios, em especial os peixes, são ectotérmicos, de sangue frio. À partir do decimo quinto dia de água quente, começam a sentir um estresse térmico.
Só restam 18%.
As medições de temperatura das águas dos rios vem mostrando que, as temperaturas estão aumentando em 11 dias em média. Alguns rios, a situação é ainda mais critica, o calor aumentou 13 dias. Outro dado preocupante é que em 82% dos rios há aumento extremo da temperatura. Isto significa que tão somente 18% dos rios ainda não estão aquecendo rapidamente.
Dois fatores de aquecimento e um de esfriamento.
Há dois fatores que estão super aquecendo os rios: a exploração excessiva das águas subterrâneas e a construção desmedida de represas. Os aportes de águas subterrâneas para os rios vem diminuindo ano após ano por seu uso excessivo. A construção de barreiras nas represas, também concorre para o aquecimento das águas dos rios. Surpreendentemente, um m fator que suaviza o aquecimento das águas é a agricultura, devido à irrigação.
Os estudos italianos, holandeses e suíços.
Há alguns anos, cientistas italianos, holandeses e suíços verificaram o estresse térmico em 19 rios europeus. O trabalho foi publicado em 2018. Verificaram que moluscos praticamente desapareceram depois do verão de 2003. Mais de uma década depois, em 2015, uma nova contagem em vários pontos mostrou que os rios ainda não tinham se recuperado. Os moluscos continuavam sumidos. É óbvio que os peixes pequenos, que vivem se alimentando de moluscos, também estavam em declínio, quase desaparecidos. Peixes pequenos são alimentos de peixes maiores.
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