Carne de cobra, coró e palmito: as receitas indígenas nos velhos tempos
Inúmeros grupos indígenas viveram na fronteira do Mato Grosso do Sul com o Paraguai. Caçavam, pescavam e, conforme o lugar, abriam pequenas roças, plantando desordenadamente mandioca, milho, melancia, abóbora, moranga, cana e mamão. Comiam de tudo. Mas o que espantava os brancos era a predileção que tinham pela carne de cobra, fosse venenosa ou não.
Receita de carne de cobra.
O preparo consistia em cortar um palmo na parte da cabeça e um palmo na ponta da cauda. Furavam o restante do corpo da cobra com um espinho resistente, em vários pontos. Logo em seguida, penduravam com o auxilio de um cipó, para que o veneno, caso houvesse, saísse pelos orifícios com a ajuda do vento. Depois, era só levar ao fogo.
Como preparar uma gordura de coró.
O indígena cortava vinte ou trinta palmitos. Eram, em seguida, retiradas as cascas, deixando a parte mole livre. A seguir, estendiam os palmitos em linha, em lugar que recebessem sol direto. Logo vinham as moscas pousando no miolo livre de casca. Em uma semana, os corós tinham aparecido e estavam grandinhos. Deixavam que crescessem, cuidando para que os maribondos não os atacassem. Quando o coró estava bem gordo, quase no ponto de estourar, enfiavam a faca retirando a gordura. Uma vez todos reunidos, eram derretidos em fogo brando. Estava pronta a gordura para para atender as necessidades de fritura. A “sobremesa”predileta era a goiaba, secundada pelo palmito, que comiam batido, até que virasse uma pasta.
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