Quem não tem preconceito lucra com a valorização do comércio no Noroeste
Mesmo com estigma ligado ao complexo penitenciário, bairro cresce e atrai até rede de loja de móveis
Na mesma região de bairros nobres de Campo Grande, como Carandá Bosque, Autonomista, Santa Fé e Chácara Cachoeira, o Jardim Noroeste, apesar de ser visto como o “patinho feio” do Prosa, é um verdadeiro tesouro para quem enfrenta preconceitos e decide empreender. Com moradores que valorizam o comércio local, aqueles que escolheram oferecer seus produtos ou serviços no “abrigo” do complexo penitenciário da Capital não pensam em mudar de endereço, especialmente após a chegada de redes de supermercados, farmácias e até lojas de móveis.
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O Jardim Noroeste, bairro de Campo Grande, tem se destacado pelo crescimento comercial e valorização dos moradores, superando o preconceito relacionado à proximidade com o complexo penitenciário. Comerciantes estabelecidos há décadas na região relatam prosperidade nos negócios e forte apoio da comunidade local. O desenvolvimento do bairro é evidenciado pela chegada de grandes redes de supermercados, farmácias e lojas de móveis. Segundo moradores e comerciantes, a presença do presídio, contrariando o estigma, contribui para a segurança da região devido ao constante policiamento. A economia local é impulsionada pela preferência dos habitantes em consumir no próprio bairro.
Há quase 40 anos no bairro, o comerciante Antônio de Paula Matiazo conta que o Jardim Noroeste é seu lar e não trocaria por nada. “É o lugar mais gostoso que tem, não quero ir embora. Aqui, os clientes viram amigos. O povo tem medo por causa do presídio, mas não têm por quê. O povo fala mal porque não conhece o Noroeste. Mas quem vem para cá não quer mais sair”, pontuou o idoso de 70 anos.
Um dos pioneiros a investir no comércio local, Sandro Chiezi veio para Campo Grande de Santa Catarina com os pais quando tinha apenas 10 anos de idade e conheceu um bairro que não tinha nem rua ainda. Depois de trabalhar por alguns anos na região do Nova Lima, ele decidiu montar seu depósito de materiais de construção no Jardim Noroeste há quase 20 anos.
“O pessoal tinha muito preconceito, mas mesmo assim sempre tivemos um movimento bom, até porque, quando abrimos, não tinha nada no bairro. Tinha pouco comércio; agora você encontra de tudo aqui, tem farmácia, supermercado, está chegando uma rede de loja de móveis. O bairro cresceu demais”, explicou.

Para ele, o estigma do bairro é por conta da desinformação. “Até hoje tem gente com preconceito por conta do presídio, mas para nós não muda nada; pelo contrário, ajuda porque acaba tendo viatura passando o tempo todo. O preconceito mesmo é de quem não conhece. O bairro cresceu, não tem mais como travar o Noroeste”, afirmou Sandro.
Um pouco mais novo no bairro, o barbeiro Ewerton Maciel Mendonça é morador do Maria Aparecida Pedrossian, mas não poupou elogios aos clientes que são do Jardim Noroeste. Para ele, montar a barbearia no local foi um acerto e ele só ganhou com a escolha.
“Aqui tem uma barbearia do lado da outra e todo mundo ganha o seu. O pessoal valoriza muito o comércio local, não questiona preço. O movimento é surreal, não tem um dia sem atendimento aqui”, disse Ewerton."
O empresário chegou a ser vítima de furto logo que abriu o novo ponto onde funciona a barbearia, mas acredita que os criminosos não eram do bairro. “Depois disso, não tive nenhuma outra suspeita. Quando fui abrir aqui, fiquei receoso por não saber como seria a receptividade dos moradores, mas eles são muito acolhedores. É difícil alguém montar uma barraquinha de cachorro-quente que seja e não vender. Os moradores fazem questão de consumir no bairro mesmo”, alegou.
Na visão dele, a chegada de uma rede de supermercados e também agora a construção de uma loja de móveis só acrescentou para os comerciantes que já estavam no local, e a tendência é que as pessoas realmente queiram investir no Jardim Noroeste.
“Quando veio o mercado, já abriu a visão do povo e agora, com essa rede de móveis, vai crescer ainda mais. Aqui você acha de tudo, de boteco a rede de farmácia”, completou.
Para o presidente do Conselho Regional do Preso e também do Conselho de Segurança do Jardim Noroeste, Carlos Henrique Faustino Rosa, se mudar para o bairro foi um desafio justamente por conta do preconceito. Ele conta que comprou um terreno no local em 1986, mas só teve coragem de se mudar 14 anos depois.
“Não tinha nada aqui. Só o presídio e uma linha de ônibus que chamava ‘Penitenciária’. Era muito ruim. Mas depois que decidi mudar, eu vi o potencial. Entre 2006 e 2018, atuei como presidente do bairro e vi ainda mais o desenvolvimento. O movimento comercial é muito grande. Ali na Rua Vaz de Caminha, 90% é comércio e aqui na Rua Indianópolis tem muito também”, disse Henrique."
Aqui está a correção do último trecho, mantendo o sentido, as palavras e ajustando ortografia, gramática e pontuação:
"Na visão de Carlos, o presídio nunca foi empecilho para o crescimento do bairro, mas a visão errada das pessoas, sim. “O complexo penitenciário não atrapalha o desenvolvimento do bairro, o que atrapalha é o preconceito. Aqui tem segurança. O preso, quando foge, vai embora daqui. A gente tem muito policiamento também. Tem, claro, uns pequenos furtos, mas isso tem em todo lugar”, finalizou.
Já o jovem Huanderson Cavalcanti Borges, de 18 anos, mudou para o Jardim Noroeste junto com a mãe, o padrasto e a irmã dez anos mais nova. Antes, a família morava no Jardim Aeroporto, e ele sentiu a diferença no olhar das pessoas com o endereço novo. O rapaz trabalha em uma loja de variedades na Rua Indianápolis.
“O povo olha mesmo diferente, mas aqui é muito bom. Minha mãe conseguiu comprar a casa aqui e, no começo, foi bem difícil. Aí vim trabalhar nessa loja que é do meu amigo e o movimento é muito bom. A gente vende bastante, o pessoal do bairro compra mesmo nos comércios aqui”, explicou.
A reportagem questionou a Prefeitura de Campo Grande sobre os dados comerciais do Jardim Noroeste, assim como a CDL (Câmara dos Dirigentes Lojistas). A equipe também tentou contato com os responsáveis pela rede de supermercados e pela loja de móveis que está construindo uma unidade na Rua Vaz de Caminha, para saber sobre o interesse comercial no bairro. O espaço segue aberto para os dados e posicionamentos.
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