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Capital

Apesar da lei, consumidores ainda preferem fogos barulhentos na Capital

Empresários explicam que os itens que produzem som ao estourar são os coloridos que 'explodem' no céu

Por Clara Farias e Gabi Cenciarelli | 29/12/2025 15:49
Apesar da lei, consumidores ainda preferem fogos barulhentos na Capital
Fogos de artifício de baixo ruído (Foto: Gabi Cenciarelli)

Mesmo com a lei municipal que restringe o uso de fogos barulhentos e campanhas frequentes em defesa de animais, pessoas autistas e idosos, os fogos de artifício de baixo ruído ainda representam uma parcela menor das vendas em Campo Grande. A preferência do consumidor segue concentrada nos modelos tradicionais, principalmente os coloridos, que produzem efeito visual acompanhado de barulho.

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Em Campo Grande, apesar da lei municipal que restringe fogos barulhentos, consumidores ainda preferem os modelos tradicionais. Cerca de 80% das vendas são de fogos com explosão, enquanto produtos de baixo ruído representam apenas 20% do mercado, mesmo custando até 20% mais caros. Comerciantes relatam que a mudança é gradual, com maior procura por alternativas menos ruidosas principalmente por famílias com animais de estimação, pessoas autistas ou moradores de condomínios. Em eventos esportivos, já se observa a substituição de rojões por sinalizadores e fumaças coloridas.

Proprietário de uma loja de fogos na Capital desde 2012, o comerciante Álvaro Gaspareto, de 45 anos, afirmou ao Campo Grande News que a linha de baixo ruído existe hoje porque a legislação e a discussão pública avançaram, mas a mudança no comportamento do consumidor ocorre de forma gradual. “Campo Grande já vem trabalhando essa questão há alguns anos, mas a população ainda gosta das explosões de cores”, afirma.

Segundo ele, os fogos de baixo ruído têm efeito visual, mas não produzem a explosão no céu após o lançamento, o que reduz significativamente o impacto sonoro.

Apesar disso, o comerciante diz que o produto não fica encalhado. “Do que eu tinha, praticamente tudo já vendeu. Restam poucas unidades”, relata. Ainda assim, a proporção segue desigual: cerca de 80% das vendas continuam sendo de fogos tradicionais, enquanto o baixo ruído representa aproximadamente 20%.

Álvaro explica que o preço também influencia. Os fogos com menor emissão de som costumam custar entre 15% e 20% a mais, o que pesa na decisão do cliente. “Conforme vendeu no ano anterior, a gente compra um pouquinho mais no ano seguinte. A percepção do consumidor vai mudando,” avalia.

Apesar da lei, consumidores ainda preferem fogos barulhentos na Capital
Modelos de fogos de artifício vendidos (Foto: Gabi Cenciarelli)
Apesar da lei, consumidores ainda preferem fogos barulhentos na Capital
 Álvaro Gaspareto indicando qual o modelo que é baixo ruído (Foto: Gabi Cenciarelli)

Advogada e empresária do setor, Irene Coutinho de Lima, é sócia de uma loja que funciona há mais de 4 décadas em Campo Grande. Ela explica que não existe fogo de artifício completamente silencioso, já que o lançamento exige pressão. “Para lançar o efeito, sempre há um barulho menor no disparo. O que muda é que, no baixo ruído, não há aquela explosão lá em cima”, esclarece.

Segundo Irene, a linha de baixo ruído vende menos do que o tradicional, principalmente em datas festivas. “As pessoas querem aquela abertura bonita no céu, o colorido tradicional”, diz. Ainda assim, ela observa que os clientes passaram a perguntar mais sobre opções com menos barulho após a mudança na legislação.

De acordo com os comerciantes, quem opta pelos fogos de baixo ruído costuma ter uma motivação específica. Clientes com animais de estimação, com filhos autistas ou que vivem em condomínios buscam alternativas menos impactantes.

Apesar da lei, consumidores ainda preferem fogos barulhentos na Capital
Irene Coutinho de Lima durante entrevista ao Campo Grande News (Foto: Gabi Cenciarelli)

Irene exemplifica que o comportamento diferente já é visto em eventos esportivos. O uso de rojões deu lugar a sinalizadores e fumaças coloridas. “Hoje vende muito mais fumaça do que rojão”, afirma a empresária.

Já os fogos apenas de estampido, conhecidos como “tiro seco”, praticamente deixaram de ser vendidos para uso urbano. Segundo os lojistas, esse tipo de produto é indicado apenas para áreas rurais, treinamentos de segurança ou controle de animais em fazendas e aeroportos.

Para os comerciantes, a conscientização avança, mas ainda não é suficiente para provocar uma virada no mercado. “É uma mudança lenta, que acontece aos poucos”, resume Álvaro. Irene concorda: “As pessoas estão mais atentas ao barulho, perguntam mais, mas a escolha ainda é muito pelo gosto”.

Orientação - A Energisa alerta para cuidados com a rede elétrica durante as festas de Ano Novo, especialmente no uso de fogos de artifício e de decorações elétricas. A distribuidora orienta que os artefatos sejam manuseados apenas em locais abertos e longe de cabos, postes e outras estruturas, já que lançamentos próximos à rede podem provocar rompimentos, interrupção no fornecimento de energia e acidentes graves.

Também é recomendado seguir as instruções do fabricante, utilizar produtos certificados e jamais se aproximar de fogos que falharem no disparo. Em relação às instalações elétricas, a empresa reforça que a sobrecarga de tomadas, emendas improvisadas e ligações irregulares podem causar curtos-circuitos e incêndios, e que, em casos de queda de fios ou colisões com postes, a população deve manter distância e acionar imediatamente a Energisa, pois apenas equipes autorizadas podem atuar nessas situações.

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