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Em Pauta

Queda na velhice, parto difícil, baixa velocidade...

Por Mário Sérgio Lorenzetto | 16/03/2025 11:00
Queda na velhice, parto difícil, baixa velocidade...

O “bipedismo“, andar em duas patas, nos fez humanos. Todos os animais andam sob quatro. Essa diferença possibilitou uma enorme economia de energia, em torno de 65%, permitindo que nossos cérebros crescessem proporcionalmente muito mais que os demais animais. Os cientistas definem a marcha com dois pés como “queda controlada”. A cada passo estamos prestes a esborrachar no chão, mas conseguimos controlar e dar outro passo. Quando levantamos uma perna, a gravidade toma o controle e nos empurra para adiante e para baixo. Freamos a queda estendendo a outra perna para adiante e apoiando o pé no solo. Não resta dúvida, só somos humanos porque andamos em duas patas. Ótimo. Todavia, há consequências para esse enorme êxito. “Pagamos” algumas contas que outros animais se saem muito bem.


Queda na velhice, parto difícil, baixa velocidade...

Queda na velhice.

A ciência e a medicina subestima a queda na velhice. Sabem que as quedas na velhice matam tanto quanto os acidentes automobilísticos. O bipedalismo que adotamos é a causa dessa mortandade. Nosso andar é instável. As vezes não controlamos em absoluto nossa elegante “queda controlada”. Mas, pergunto: quando foi a última vez que você viu um animal de quatro patas - um cão ou um gato, por exemplo - tropeçar e cair? Ainda que não exista um ramo da medicina para se antepor a tantas mortes por queda na velhice, trata-se apenas de um equivoco. Ainda não perceberam que nossa instabilidade no andar parece uma fórmula infalível para a extinção de nossa especie, dizem os antropólogos.


Queda na velhice, parto difícil, baixa velocidade...

O difícil parto das mulheres.

Outra consequência importante do bipedalismo é a dificuldade no parto das “fêmeas humanas” quando comparado com as fêmeas das demais espécies de mamíferos. O fato de andar sob quatro patas facilita muito a “expulsão do feto”. Certamente você já observou que os demais mamíferos tem parto simples, rápido e sem problemas posteriores. Pariu, saiu andando, é a regra.


Queda na velhice, parto difícil, baixa velocidade...

Devagar, quase parando.

Essa consequência chega a ser risível. Em 2009, o velocista jamaicano Usain Bolt estabeleceu o recorde mundial dos cem metros em 9,8 segundos. Entre os 60 e os 80 metros manteve a velocidade máxima de quase 45 quilômetros por hora durante 1,5 segundos. É uma tartaruga quando comparado a outros animais. Os guepardos, os mamíferos terrestres mais velozes, superam facilmente os cem quilômetros por hora. Os leões e leopardos podem alcançar entre 60 e 80 quilômetros por longos períodos de tempo. Suas presas prediletas, as zebras e antílopes, podem escapar de suas mandíbulas “voando” a 80 ou 90 quilômetros por hora. Em outras palavras: a corrida pela vida entre predadores e presas se livra em torno de 80 quilômetros por hora. Nós não chegamos nem perto desses bólidos. A culpa é do bipedalismo. Perdemos a capacidade de galopar, o que nos torna excepcionalmente lentos e vulneráveis. Só escapamos devido à capacidade de nossos cérebros de criar porretes, lanças e armadilhas.

 

Os artigos publicados com assinatura não traduzem necessariamente a opinião do portal. A publicação tem como propósito estimular o debate e provocar a reflexão sobre os problemas brasileiros.

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