Cícero viu nas piscinas um plano para Capital não ser só um lugar de passagem
De gestor público a empresário, Cícero Ávila transforma parque aquático em atrativo turístico em Campo Grande
Campo Grande não tem mar, mas vai ganhar a experiência de praia. À frente do Eco Park Campo Grande, o empresário Cícero Ávila sintetiza em entrevista ao podcast do Campo Grande News a sua ambição: fortalecer o parque aquático como chamariz turístico para que a capital deixe de ser apenas ponto de passagem rumo a Bonito ou ao Pantanal. “A minha ideia é receber o visitante por 1, 2, 3 dias na capital”, diz. E os próximos movimentos apontam nessa direção: piscina de ondas, hotel, programação cultural e o lançamento de um resort.
Antes de se consolidar na iniciativa privada, Cícero foi 20 anos gestor público: ajudou a implantar a Funsat, o banco de microcrédito municipal e expandiu a rede de trabalho na Funtrab para dezenas de cidades. Em 2016, diante de uma eleição frustrada e de um clube defasado, decidiu virar a chave. “Eu retomei o negócio para tocar sozinho… as condições eram muito adversas”, lembra. Vieram os anos de deserto, folha de pagamento atrasada e dúvidas. O que o sustentou? “Tira os olhos da crise e olha para o que eu te prometi”, conta, citando a frase que repetia a si mesmo.
Virada de produto e público
A mudança veio com a troca do conceito de clube para parque aquático (2018) e a estratégia de convênios corporativos, que garantiu receita mesmo no inverno e na pandemia. Uma nova atração por ano: bar molhado (2018), Cidade da Criança (2019), rio lento e brinquedos radicais (2021). O resultado apareceu no perfil dos visitantes e no volume: 160 mil pessoas em 2024, “55% do total de visitantes de Bonito”, compara, reconhecendo a diferença de tíquete médio.
“A praia de Campo Grande”
Em 14 de setembro, o parque entrega a maior novidade: o complexo de piscina de ondas Mar de Xaraés, com cerca de 2.500 m² de espelho d’água e 7 mil m² de areia branca. “É uma experiência sensorial única; você pisa na areia e ouve a arrebentação”, descreve. A tecnologia usa turbinas para gerar quatro tipos de ondas, chegando a 1,5 m. “Com essa entrega, não devemos nada aos grandes parques aquáticos brasileiros”, afirma.
No mesmo dia, o Eco Park inaugura um hotel com 40 apartamentos, passo inicial do projeto de hospitalidade. E anuncia o resort: 264 apartamentos, centro de convenções para 1.000 pessoas e área de lojas e restaurantes, com previsão de 3 a 4 anos para conclusão. “O Eco Park Campo Grande será um destino turístico”, garante.
Para se distinguir dos concorrentes, Cícero aposta em pertencimento: gastronomia com carne sul-mato-grossense, paçoca de pilão, peixes de água doce e macarrão de comitiva; paisagismo inspirado nos morros de Aquidauana; e curadoria musical com sotaque local.
No dia 14, a abertura terá DJs, Américo & Inácio (Américo Inácio) e sunset com Michel Teló. “O que nos torna diferentes é o jeito sul-mato-grossense de desfrutar a vida e construir relacionamentos.”
Do lado de dentro, Cícero fala de governança, software de gestão de parques, consultoria organizacional e um ritual diário com leitura, oração e exercícios de inteligência emocional para alinhar o time. “Aprendi o princípio da autor responsabilidade: se algo falha no Eco Park, a primeira responsabilidade é minha”, diz. Hoje são 200 colaboradores na operação (mais 50–70 em obras) e a projeção de 350 com o resort.
Sobre segurança sanitária, o empresário explica que o parque testa a água semanalmente com empresa especializada e mantém dosimetria e filtragem diárias. A limpeza ocorre à noite e na madrugada, com equipe específica. “Piscina que muda de cor quando alguém faz xixi é coisa de filme”, brinca, sobre o mito popular.
Assista o podcast completo no primeiro vídeo. Quem quiser conhecer a piscina de ondas, ela inaugura no domingo, 14 de setembro, e com sunset especial com Michel Teló.