Centro-Oeste é a única região com alta no trabalho infantil desde 2016
País soma 1,65 milhão de crianças e adolescentes em atividade laboral, com 153 mil casos no bloco central.
O Centro-Oeste foi a única região do Brasil a registrar crescimento no número de crianças e adolescentes em situação de trabalho infantil desde 2016. Os dados divulgados nesta sexta-feira (19) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostram que o contingente local aumentou 7% no período, chegando a 153 mil pessoas em 2024. Os números ainda não foram divididos por estados.
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Em todo o país, eram 1,65 milhão de jovens de 5 a 17 anos em trabalho infantil no ano passado, o equivalente a 4,3% da população nessa faixa etária. O total representa 34 mil a mais em relação a 2023, quando a proporção havia sido a menor da série histórica (4,2%).
Perfil nacional
Entre as crianças e adolescentes em trabalho infantil, 1,195 milhão realizava atividades econômicas e outros 455 mil produziam apenas para o próprio consumo. No recorte por idade, os adolescentes de 16 e 17 anos concentravam 55,5% dos casos. Na população de 16 e 17 anos, a taxa de trabalho infantil avançou de 14,7% em 2023 para 15,3% em 2024.
Apesar de a maioria frequentar a escola, a diferença é significativa: 88,8% dos que trabalham estudam, contra 97,5% da população total nessa faixa etária. Entre os mais velhos, a discrepância é ainda maior, 81,8% dos trabalhadores de 16 e 17 anos estavam na escola, enquanto a taxa para todo o grupo etário era de 90,5%.
A jornada de trabalho aumenta conforme a idade. Quase metade (49,2%) dos adolescentes de 16 e 17 anos trabalhava 25 horas ou mais por semana, e 30,3% tinham carga de 40 horas ou mais.
Diferenças regionais
As maiores altas entre 2023 e 2024 ocorreram no Sul (13,6%) e no Nordeste (7,3%), enquanto o Norte teve queda de 12,1%. Em números absolutos, o Nordeste continua com o maior contingente de trabalhadores infantis: 547 mil. Já o Centro-Oeste, mesmo com aumento de 7% em oito anos, segue como a região com menor número total (153 mil).
Nas proporções regionais, o Norte lidera com 6,2% da população de 5 a 17 anos em trabalho infantil, seguido pelo Nordeste (5,0%), pelo Centro-Oeste (4,9%), pelo Sul (4,4%) e pelo Sudeste (3,3%).
Desigualdades
O levantamento aponta que 66% dos trabalhadores infantis são pretos ou pardos, enquanto 32,8% são brancos. Meninos representam dois terços (66%) do total. De 2023 para 2024, o número de meninos nessa condição cresceu 5,4%, enquanto o de meninas caiu 3,9%.
Mesmo com a alta geral, o contingente de crianças e adolescentes em ocupações da chamada TIP (Lista das Piores Formas de Trabalho Infantil), que inclui atividades como lavoura pesada, construção civil e manuseio de produtos químicos, caiu para 560 mil em 2024, o menor patamar da série iniciada em 2016.
Entre beneficiários do Bolsa Família, 5,2% das crianças e adolescentes estavam em trabalho infantil em 2024, contra 7,3% em 2016. Embora o índice siga acima da média nacional (4,3%), a redução foi mais acelerada no grupo atendido pelo programa social.