Envio de minério deve superar 13 milhões de toneladas após concessão de hidrovia
Haverá ganho real para concessionária já no 3º ano de outorga, chegando a R$ 102,3 milhões nos 15 anos
Com lucro previsto de R$ 102,3 milhões nos 15 anos de concessão, a empresa que arrematar o trecho sul da Hidrovia do Rio Paraguai vai transportar 13,6 milhões de toneladas de minério de ferro no primeiro ano da permissão de exploração do leito, previsto para 2026. Ao fim dos primeiros 15 anos, em 2041, serão 22,8 milhões de toneladas. Atualmente, a média é de transporte de seis milhões de toneladas.
RESUMO
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A concessão do trecho sul da Hidrovia do Rio Paraguai, prevista para 2026, prevê o transporte de 13,6 milhões de toneladas de minério de ferro no primeiro ano, aumentando para 22,8 milhões em 2041. A concessionária, que substituirá o DNIT, receberá R$ 102,3 milhões em 15 anos, realizando dragagens, levantamentos hidrográficos e monitoramento. O foco é aumentar o escoamento de produtos como soja, manganês e madeira, além do minério, melhorando a navegação e ampliando o período de operação em dois meses. O investimento inicial será de R$ 63,8 milhões.
Conforme a documentação disponível na consulta pública aberta pela Antaq (Agência Nacional de Transportes Aquaviários), haverá ganho real para a concessionária apenas no terceiro ano de concessão, 2028, cujo valor previsto é de R$ 4,4 milhões.
Os documentos do futuro leilão, previsto para o segundo semestre deste ano, indicam ainda que a concessionária que passar a operar o trecho de 600 km do tramo sul do Rio Paraguai vai substituir o Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) nas ações e serviços hoje realizados ali. São eles: dragagens, levantamentos hidrográficos e adicionalmente os serviços de monitoramento hidrológico, sistemas de gestão do tráfego, inteligência fluvial e melhoria dos pontos de desmembramento.
O Rio Paraguai já é hidrovia no trecho sul, sendo usado para escoamento dos produtos, especialmente minério de ferro. Nele há três terminais portuários com “melhores condições morfológicas e hidrológicas para a navegação de comboios comerciais”, diz estudo de mercado, completando que o tramo sul é menos sinuoso e mais profundo, “sendo, por isso, economicamente mais ativo”.
Já o trecho norte é utilizado principalmente por embarcações pequenas e médias, com um foco maior em atividades de pesca e turismo. “Este trecho apesar do bom potencial para o transporte de cargas devido à proximidade da região produtora de grãos em Mato Grosso, ainda carece de investimentos em Terminais Portuários para o transbordo das cargas e, por isso, atualmente, não possui navegação comercial, embora haja informação de que já tenha sido navegado comercialmente”, cita documento do leilão.
O foco é que, com a concessão, haja aumento da carga exportada via Rio Paraguai pelo trecho sul, entre elas soja, graneis líquidos, manganês, madeira, e claro, minério de ferro produzido no Brasil (Corumbá e Ladário) e também na Bolívia. “O tramo sul é muito importante para as exportações e importações brasileiras pela bacia do Rio da Prata, desempenhando um papel vital no comércio regional e continental.”
O trecho em questão da chamada área de concessão é composto por 590 km de via navegável no leito do Rio Paraguai, contados a partir do município de Corumbá até a foz do Rio Apa, localizada no município de Porto Murtinho. Mais 10 km compõem o tramo sul, que é o leito do Canal do Tamengo, em Corumbá.
A projeção de aumento no transporte de minério de ferro pela hidrovia é de 13,6 milhões de toneladas em 2026, possível primeiro ano da permissão de exploração do leito, para 22,8 milhões de toneladas em 2041, quando a concessão completará 15 anos. O reajuste é de cerca de 76%.
Outros produtos - A movimentação de outras mercadorias é pequena. Na de soja, por exemplo, “(...) questões relacionadas ao custo de frete hidroviário e as condições de navegação têm sido fatores determinantes para o baixo uso do Paraguai como rota logística para escoamento da produção de soja brasileira.” Ainda assim, espera-se chegar em 2045 com 2,5 milhões de toneladas do produto sendo transportados pela hidrovia.
Há ainda o manganês, cuja operação ocorre apenas com produto extraído no Brasil. “Do ponto de vista das reservas, essas se localizam nos mesmos locais onde é encontrado o minério de ferro, em Ladário e Corumbá”, diz o estudo de mercado do leilão, falando ainda que o transporte também será igual. As quantidades, entretanto, bem menores, com 352,7 mil toneladas durante os primeiros anos de concessão, chegando a 697,8 mil a partir de 2038.
“Os graneis líquidos transportados através do Rio Paraguai, dentro da área da concessão considerada, são de cargas bolivianas com origem ou destino naquele país. Especialmente, temos a movimentação no sentido embarque de óleos vegetais e no sentido de desembarque de granéis líquidos combustíveis”, fala a documentação. Granéis líquidos pelo Rio Paraguai são óleos vegetais; óleos comestíveis; gases liquefeitos; álcool etílico; água potável; e sucos, por exemplo. Em relação ao Rio Paraguai, as cargas de maior importância são os combustíveis.
Sobre o transporte de madeira, o estudo de mercado identificou o potencial florestal relevante de Mato Grosso do Sul, figurando como um dos maiores produtores de celulose do Brasil. “Ao mesmo tempo, outros países limítrofes ao Brasil têm buscado desenvolver indústrias para produção de celulose, aumentando a demanda pela matéria-prima, as toras de madeira, sendo o MS um dos possíveis fornecedores para a indústria dos países da América Latina.”
Com isso, há possibilidade de atendimento do mercado paraguaio de celulose a partir de toras de madeira exportadas pelo Rio Paraguai, estimando-se uma demanda de 600 mil toneladas ao ano de madeira via Porto Murtinho para o suprimento de futura indústria de celulose no Paraguai.
A receita da concessionária vem com a cobrança da tarifa para exploração do serviço de transporte, que deve ser de R$ 0,10 por tonelada carregada em Porto Murtinho/Foz do Rio Apa, até o quinto ano de concessão, e deve passar para R$ 0,14 entre o ano seis e o ano 15. Já no trecho do canal do Tamengo deve ser de R$ 0,89 até o quinto ano e de R$ 1,27 a partir dele.
Mais dois meses - Em conversa com o Campo Grande News na semana passada, o secretário estadual de meio ambiente e desenvolvimento, Jaime Verruck, disse que com a concessão da hidrovia do Rio Paraguai, que hoje é administrada pelo Dnit, haverá ampliação do período de navegação por mais dois meses além do que é feito hoje, e isso segundo ele, não torna o rio navegável por 365 dias ao ano.
“No ano passado, para você ter uma ideia, nós ficamos com sete milhões de toneladas de minério nos portos, sem capacidade de escoamento, sete milhões. Com a hidrovia, e obviamente com a dragagem, com a manutenção do calado, a gente consegue alongar isso no mínimo por dois meses no ano. Então, isso já permite que você tenha um escoamento”, disse.
O Governo Federal, através da Antaq e do Ministério de Portos e Aeroportos, lançou em 19 de dezembro do ano passado, consulta pública para a concessão da Hidrovia do Rio Paraguai, a primeira do Brasil. O objetivo é coletar contribuições e sugestões para o modelo de concessão, que prevê investimentos iniciais de R$ 63,8 milhões e contrato de 15 anos, prorrogável por igual período.
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