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Economia

Inflação fica estável em agosto na Capital, mas carne volta a ser vilã

Luciana Brazil | 05/09/2014 10:35
Carne eleva índice inflacionário do grupo Alimentação. (Foto: Marcos Ermínio)
Carne eleva índice inflacionário do grupo Alimentação. (Foto: Marcos Ermínio)

Com um aumento mínimo em relação a julho, a inflação no mês de agosto foi de 0,23% em Campo Grande, de acordo com dados do IPC (Índice de Preços ao Consumidor), divulgado mensalmente pelo Nepes (Núcleo de Pesquisas Econômicas) da Universidade Anhanguera Uniderp. O percentual foi muito próximo ao mês anterior, apontando estabilidade do índice na Capital. O grupo Alimentação, empurrado pelo aumento no preço da carne bovina, teve comportamento contrário aos meses anteriores, tornando-se um dos principais responsáveis pela inflação em agosto, com índice de 0,55%.

No entanto, segundo pesquisas elaboradas pela Semac (Secretaria Estadual de Meio Ambiente, do Planejamento, da Ciência e Tecnologia) e também pelo Dieese, divulgadas ontem, mostram que a cesta básica fechou o mês de agosto mais barata do que em julho, o que contraria a informação divulgada hoje pelo IPC da Anhanguera Uniderp.

O coordenador do Nepes, Celso Correia de Souza, salienta que o grupo Alimentação foi o segundo maior peso na composição da inflação mensal. “Percebemos que a carne bovina começou a ter influência para o aumento da inflação, já que o produto teve elevações de preço devido ao grande volume de exportação do produto”, explicou.

Para ele, a inflação tem sido freada devido a um conjunto de fatores. “O fraco desempenho da economia, “o endividamento do consumidor e a dificuldade na concessão de créditos por parte dos órgãos financeiros têm puxado o freio da inflação”.

Souza acredita que nos próximos meses a inflação deve continuar baixa. “Nos próximos meses tudo indica que a tendência da inflação é continuar baixa na Capital do Estado, a não ser que fatores climáticos e/ou econômicos possam mudar essa tendência. Por outro lado, a carne bovina pode oferecer algum risco para a inflação, com o aumento de preços desse produto devido ao incremento da exportação e o baixo oferecimento de boi gordo aos frigoríficos”, disse.

Produtos como salsa (22,58%), vinagre (16,69%), melancia(13,21%), linguiça fresca(12,96%), ajudaram a elevar o índice do Grupo Alimentação. Já o tomate (-16,86%), vilão durante alguns meses, abobrinha (-12,31%), feijão (-11,93%), batata (-10,06%) apresentaram queda nos valores.

Apontada como vilã no mês de agosto, a carne bovina teve na maior parte dos cortes aumento de preço em agosto. Os destaques são para costela (9,69%), acém (8,62%), coxão-mole (6,29%) e cupim (5,40%). Queda de preços ocorreu com alcatra (-3,76%), fígado (-2,74%), vísceras de boi (-1,60%), entre outros.

“Apesar de baixa demanda do consumidor em relação à carne bovina, houve aumento de preço desse alimento devido ao crescente do volume de exportação, inclusive, com reais chances da exportação do produto in natura aos Estados Unidos, mercado há muito tempo fechado para a carne brasileira. Com isso, haverá uma grande abertura de mercados para a carne brasileira”, analisou Souza.

Além do gado, o frango resfriado também viu os preços subirem, com alta de 0,70%, em média, e miúdos de frango, 1,58%. Quanto à carne suína, todos os cortes tiveram majorações. Com destaque para o pernil, com 8,69% de aumento, a costeleta com 1,58% e a bisteca com 0,97%.

Ainda conforme o IPC, os grupos de Saúde (1,42%), Despesas Pessoais (0,47%) e Vestuário (0,22%) também contribuíram para a alta na inflação no mês de agosto. Já o grupo dos Transportes apresentou forte de -0,53%. A justificativa são as quedas de preços em passagens de ônibus intermunicipais (-2,64%), gasolina (-2,53%) e etanol (-0,22%). Aumento nos preços ocorreu com pneus novos (1,09%), ônibus interestadual (0,15%) e automóvel novo (0,15%).

Inflação acumulada – Nos últimos doze meses, Campo Grande registrou inflação de 6,46%, número acima do centro da meta estabelecida pelo CMN (Conselho Monetário Nacional) que é de 4,5%, mas abaixo do teto da meta que é de 6,5%. No período, as maiores inflações acumuladas por grupos foram: Alimentação, com 9,06%, Educação, com 8,49% e Despesas Pessoais, com 7,64%.

Analisando os oito primeiros meses do ano a inflação acumulada é de 4,40%, muito próximo ao centro da meta inflacionária para 2014, que é de 4,5%, mas abaixo do teto da meta, que é de 6,5%. Nesse tempo, os maiores índices por grupos foram: Educação, com 8,26% e Alimentação, com 6,52%.

Entre os produtos que mais contribuíram para a inflação estão o acém (0,08%), pescado fresco (0,06%), costela bovina (0,06%), tênis (0,05%), antiinfeccioso e antibiótico (0,04%) e jogos lotéricos (0,04%).

Já os dez itens que mais ajudaram a segurar a inflação nesse período, em Campo Grande, foram a gasolina (-0,08%), alcatra (-0,06%), feijão (-0,05%), tomate (-0,04%), batata (-0,04%), arroz (-0,04%), ovos (-0,03%), gás em botijão (-0,03%), alface (-0,02%) e açúcar (-0,01%).

Segmentos - Em agosto, o grupo Habitação apresentou uma pequena deflação da ordem de -0,01%, em relação ao mês de julho. Alguns produtos que sofreram aumento de preços foram álcool para limpeza (9,71%), limpa vidros (5,95%), amaciante de roupas (4,46%), entre outros. Queda nos preços ocorreram com esponja de aço (-5,09%), carvão (-3,59%), vassoura (-2,08%), entre outros.

Com forte deflação, o grupo de Transportes foi puxado para baixo com a queda na passagens de ônibus intermunicipais e a gasolina e etanol.

Ao contrário de julho, o Grupo Educação apresentou ficou estável, com índice de 0%, devido à pequena queda de preços em produtos de papelaria, em torno de (-0,01%).

Já o grupo Despesas Pessoais apresentou uma moderada inflação de 0,47%, com aumento nos jogos lotéricos (6,88%) e produtos para limpeza de pele (3,71%).

O grupo Vestuário também registrou uma pequena inflação de 0,22%. Os itens com elevação de preços, em agosto, foram o tênis (10,93%), sapato feminino (3,40%) e camiseta masculina (1,03%). Já os produtos que apresentaram redução foram a camiseta feminina (-5,37%), vestido (-4,75%), sandália/chinelo feminino (-3,72%), entre outros.

No mês de agosto, o grupo Saúde apresentou alta 1,84% na inflação. Os produtos desse grupo que mais aumentaram de preços foram o analgésico e antitérmico (8,36%), hipotensor e hipocolesterínico (7,94%), vitamina e fortificante (7,50%), entre outros. O antialérgico e broncodilatador (-7,96%), anticoncepcional e hormônio (-2,07%) foram os que tiveram os preços reduzidos.

O IPC levanta preços considerando o consumo de famílias com renda de um a 40 salários mínimos

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