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Economia

MS chega a 94% de energia proveniente de fontes limpas com aumento da biomassa

Estado é o segundo no ranking nacional e aposta em inovação para acelerar a transição energética

Por Viviane Monteiro, de Brasília | 15/08/2025 16:05
MS chega a 94% de energia proveniente de fontes limpas com aumento da biomassa
Eldorado criou uma central para processar matéria prima que não se transforma em celulose (Foto: Divulgação)

Impulsionado pela força da biomassa, Mato Grosso do Sul se consolida como o segundo maior produtor de energia renovável do Brasil — atrás apenas de São Paulo. Estima-se que 94% da capacidade elétrica do estado seja proveniente de matrizes limpas, puxada pelos setores de celulose, sucroenergético, além da geração hidrelétrica e fotovoltaica.

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Mato Grosso do Sul consolida-se como segundo maior produtor de energia renovável do Brasil, com 94% de sua capacidade elétrica proveniente de fontes limpas. Em 2024, o estado atingiu capacidade instalada de 9.843 megawatts, representando aumento de 11% em relação ao ano anterior. O crescimento é impulsionado principalmente pela biomassa, com destaque para os setores de celulose e sucroenergético. O Instituto SENAI de Inovação em Biomassa já investiu mais de R$ 40 milhões em projetos de desenvolvimento de processos para energia renovável e novos biocombustíveis, contribuindo para a transição energética do estado.

Em entrevista ao Campo Grande News, o diretor do ISI Biomassa (Instituto SENAI de Inovação em Biomassa), unidade da Embrapii (Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial) situada em Três Lagoas, João Gabriel Marini da Silva destaca o avanço dos projetos científicos e tecnológicos na região. Segundo ele, o ISI desenvolve pesquisa e inovação de processos e permite que empresas parceiras possam gerar energia limpa após validação em seus centros tecnológicos.

A plataforma tecnológica de Energia e Sustentabilidade do ISI Biomassa já executou mais de R$ 40 milhões em vários projetos, tanto para desenvolvimento de processos focados em energia renovável quanto para obtenção de novos biocombustíveis (etanol de 2ª geração, H₂ renovável, biodiesel e HVO). “Além do setor da celulose, o setor sucroenergético e de etanol de milho também contribuem para que o estado esteja na segunda colocação em produção de energia a partir de biomassa no Brasil.”

Dados do governo local apontam que Mato Grosso do Sul alcançou, em 2024, uma capacidade instalada de geração de energia limpa de 9.843 megawatts (MW), representando um aumento de 11% em relação ao ano anterior. Dessa capacidade, 94,1% provêm de fontes renováveis.

Para o diretor do ISI Biomassa, os dados mostram o compromisso do Estado em garantir que as demandas de energia elétrica, geradas pelo crescimento industrial, sejam supridas com energias renováveis, o que coloca o Estado em destaque na transição energética.

MS chega a 94% de energia proveniente de fontes limpas com aumento da biomassa
Eldorado utiliza energia produzida em termoelétrica a partir de uso da biomassa para funcionamento da fábrica

Mudanças climáticas - O entendimento é de que as mudanças climáticas são a principal motivação na busca por energia limpa e sustentável. “Se não reduzirmos a dependência de combustíveis fósseis (carvão mineral e petróleo), a chamada transição energética, o planeta corre risco.”

Como a indústria entende que tem uma boa parcela dessa responsabilidade, o setor investe pesado na tentativa de desacelerar essas mudanças e, quem sabe, até revertê-las. “Atendemos empresas de todos os setores produtivos, como sucroenergético, óleo e gás, mineração, siderurgia, cimento, agronegócios, celulose e papel, energia, automotivo, entre outros.”

Autossuficiência - Segundo ele, as empresas interessadas em desenvolver projeto de inovação com foco em energia buscam atender tanto as demandas internas como comercializar o excedente, caso exista.

A Eldorado do Brasil, por exemplo, é uma das empresas que investem nessa tecnologia em parceria com a Embrapii. “A usina termoelétrica ‘Onça Pintada’ da Eldorado do Brasil, na qual executamos um projeto Embrapii para validar as biomassas utilizadas no processo de geração de energia, tem capacidade de geração de 50 MWh (supriria uma cidade de 700 mil habitantes) e é destinada para comercialização da energia.”

Para Caio Davanzo, diretor de Bens de Capital, Papel e Celulose da consultoria Falconi, é natural que o estado se transforme em um grande produtor de biomassa na esteira do crescimento acelerado da produção de árvores de eucalipto para a indústria de celulose. “As unidades de produção têm suas próprias centrais energéticas, que normalmente suprem a fábrica e ainda fornecem excedente para a rede. Com a expansão das plantas de celulose no Mato Grosso do Sul, é natural que o estado se torne um dos maiores produtores de biomassa do Brasil.”

Além dos projetos de biomassa, a Embrapii possui outras dezenas de contratos no estado e em execução nas áreas de agroindústria, alimentos e bebidas, com o objetivo de melhorar processos produtivos, elevar a qualidade e ampliar a sustentabilidade. As ações vão da aplicação de biotecnologia na agricultura a melhorias em máquinas e equipamentos voltados ao setor agroindustrial.

“Essa abordagem tem sido essencial para diversificar a economia local, modernizar o setor produtivo e colocar Mato Grosso do Sul na vanguarda da inovação agroindustrial”, afirma Davanzo.