Negócio bilionário da Marfrig se expandiu com a compra de frigorífico em MS

O acordo bilionário entre a Marfrig e a BRF, consumado na quinta-feira, 15, ainda será analisado pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), mas já é considerado um dos maiores do mundo na área de proteína animal. A incorporação da BRF, dona das marcas Sadia e Perdigão, deve criar uma das maiores companhias globais do setor de alimentos. A nova empresa se chamará MBRF Global Foods Company, com receita prevista acima de R$ 150 bilhões.

A Perdigão, que pertencia ao empresário Nildemar Secches, fundiu-se com a Sadia da família do então ministro da Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan em 2009, formando a BRF S.A., que se tornou à época uma das maiores empresas de alimentos do Brasil. Já em 2021, a Marfrig iniciou a aquisição de ações da BRF, tornando-se sua maior acionista com 50,49% de participação.

Especialistas do mercado que acompanham o desfecho da operação acreditam que, para ser aprovada, será necessário apresentar um plano de desinvestimentos, a fim de evitar maior concentração no mercado de carnes sob o domínio do empresário Marcos Antonio Molina dos Santos, fundador e atual presidente do conselho de administração da Marfrig Global Foods, uma das maiores empresas de proteína animal do mundo.

Com 55 anos de idade, o empresário é reconhecido por sua expertise em desenvolvimento de produtos e inovação no setor alimentício. Com mais de 30 anos de experiência na indústria, sua trajetória é marcada por uma visão estratégica de crescimento e internacionalização dos negócios, conforme reportagem sobre seu perfil, publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo na sexta-feira (16.05.2025). O bilionário começou a trabalhar aos 16 anos, com um pequeno açougue de miúdos de bovinos e suíno, em Mogi Guaçu, na região de Campinas, interior paulista.

Os negócios foram alavancados a partir de 1998 — quase 10 anos após o seu primeiro frigorífico ter pegado fogo e sofrido perda total em Mogi Guaçu. Ele adotou a estratégia de compra e venda de pequenos frigoríficos até chegar incorporações de grandes empresas como a Sadia e Perdigão. Essa estratégia começou por Mato Grosso do Sul, principal região pecuarista do país, quando, em 2000, Molina adquiriu o frigorífico Bataguassu, localizado na região hoje conhecida como Rota da Celulose e um dos polos regionais de desenvolvimento industrial e de impacto socioeconômico no estado. À época, o empresário estabeleceu no município uma unidade de abate e desossa de bovinos com capacidade para abater 1.250 animais por dia e produzir 4.400 toneladas de carne bovina.

Em agosto de 2022, a Marfrig inaugurou uma nova fábrica de produtos industrializados em Bataguassu, com investimento de R$ 130,7 milhões. A unidade produz hambúrgueres, almôndegas, carnes cozidas, salsichas e carne moída compactada, com capacidade anual de 20 mil toneladas.

Um ano depois, em agosto de 2023, a Marfrig vendeu 16 unidades de abate e desossa para a Minerva Foods por R$ 7,5 bilhões, incluindo a unidade de Bataguassu. A transação envolveu 11 unidades no Brasil, três no Uruguai, uma na Argentina e uma no Chile, além de um centro de distribuição.

Essa operação fez parte da estratégia da Marfrig de focar em produtos de maior valor agregado, como alimentos processados e de marca própria. A empresa manteve operações como a fábrica de hambúrgueres em Bataguassu, inaugurada em 2022, alinhando-se ao seu objetivo de aumentar a participação de produtos industrializados em sua receita. A presença da Marfrig em Bataguassu gerou empregos e impulsionou a economia local. Até setembro de 2022, as unidades da empresa empregavam 1.486 pessoas.