Novo aumento ainda nem chegou aos postos, mas preço já assusta motoristas
Sucessivos reajustes desagradam desde clientes que abastecem até o gerente de posto de combustível
O anúncio de mais um aumento no preço dos combustíveis deixou o consumidor final, aquele que uma vez por semana ou até menos vai ao posto abastecer seu carro, de cabelo em pé. Conforme a Petrobras divulgou ontem (5), a gasolina nas refinarias deve subir 6,3%, ou seja, ficará R$ 0,16 mais caro para as distribuidoras.
Como de praxe, em breve o valor deve refletir no preço do combustível na bomba dos posto. Em Campo Grande, o aumento ainda não chegou nos locais consultados pela reportagem, mas a sequência de reajustes vem desagradando.
"O último aumento tem apenas dois meses e desde então temos mantido o preço. As vezes a gente até sobe o valor, mas não colocamos essa alta na bomba para o cliente, senão não tem condições", comenta Milton Pimentel, gerente do posto Faleiros - de bandeira Ipiranga - localizado na rua Marquês de Lavradio, no bairro São Lourenço.
Lá, o litro da gasolina é encontrado hoje por R$ 5,69 à vista e R$ 5,89 à prazo. "Observo que trabalhamos com uma margem de lucro baixa. Está difícil justamente por causa desses aumentos que a Petrobras manda para a gente", revela o gerente, que trabalha há 15 anos em postos e a quatro nessa unidade.
Contudo, não é só o preço da gasolina que espanta. Os demais combustíveis também vem enfrentando sucessivos aumentos, como é o caso do diesel, que vai subir 3,7%, podendo ficar até R$ 0,10 mais caro nas refinarias, chegando a R$ 2,81 o litro. O etanol, que não vem do petróleo, deve seguir a mesma linha da cadeia produtiva.
No posto da Marquês de Lavradio, o diesel hoje é vendido por R$ 4,49 o litro, tanto à vista como à prazo, enquanto o etanol está R$ 4,49 à vista e R$ 4,69 à prazo. Além desse local, no posto bandeira Shell localizado na avenida Três Barras, pertencente à rede Bonatto, o combustível também ainda não sofreu reajustes.
"Não aumentamos ainda os preços e não temos previsão. Geralmente recebemos a informação e vamos reajustando, mas por enquanto a diretoria ainda não nos avisou nada", comenta o gerente da unidade em que a gasolina é vendida por R$ 5,59, o etanol por R$ 4,19 e o diesel por R$ 4,37 o litro, independente da forma de pagamento.
Em outros postos consultados, também ainda não houve aumento, mas o reajuste em breve não é descartado. No de bandeira Petrobras localizado na rua Trindade, próximo ao cruzamento com a Via Morena, o preço da gasolina é de R$ 5,59 e do etanol R$ 4,39.
Perto dali, no FIC da avenida Costa e Silva, a gasolina está R$ 5,59, o diesel R$ 4,53 e o etanol R$ 4,35, enquanto no posto de bandeira Taurus perto dali os preços da gasolina e etanol se repetem, mas o diesel é vendido por R$ 4,45. O mesmo ocorre na unidade da rede Locatelli no mesmo trecho - exceto o diesel, que está R$ 4,54.
E o consumidor? - No final das contas, quem sai mais prejudicado nessa dança de preços que só aumentam é o cliente, que diferente de outros tempos, muitas vezes não consegue sequer encher o tanque de combustível do carro e rodar tranquilamente por semanas sem pensar em reabastecer novamente em breve.
"É difícil de sustentar desse jeito. Os salários não acompanham o mesmo nível dos aumentos, principalmente o de combustíveis. Creio que tudo é atrelado ao dólar, que disparou nos últimos dois anos. Sempre foi assim. Me aposentei da Petrobras e já era assim, comenta o aposentado Wilson de Brito, de 69 anos.
Ele explica que trabalhava no administrativo e também já foi do operacional da empresa e por isso conhece um pouco mais sobre os processos internos de lá. "Mas hoje estou aposentado e faz muito tempo que não sei o que é encher o tanque do meu carro. Não está compensando mais", explica de Brito ao Campo Grande News.
Ainda segundo o aposentado, que mora no Coopharádio e possui um carro Renault Symbol, ele gastaria hoje R$ 230 para encher o tanque do veículo e rodando dentro da cidade conseguiria ficar sem reabastecer por 360 km.
Já Alcemar Martins, de 55 anos, revela que está complicado conciliar o orçamento com os gastos mensais com carro. "Se pegar o que cobramos por nossa mão de obra, não acompanha esses aumentos do preço da gasolina", frisa o construtor, que mora no bairro Tiradentes e é dono de uma caminhonete Chevrolet S10.
"É uma situação difícil, por que diariamente estamos vivendo de aumentos em tudo que é produto. Não está fácil ter um carro, pois não é só combustível. Tem a manutenção do veículo também", destaca, lembrando que para encher o tanque de sua S10, hoje ele gastaria R$ 310 e conseguiria andar duas semanas, no máximo.
O construtor ainda reclama que os sucessivos aumentos são falta de gerenciamento do Governo Federal. "Se tivéssemos um gerenciamento correto, as coisas não estariam aumentando tanto". Hoje, ele abasteceu R$ 30. "Costumo colocar R$ 100, mas hoje vou rodar pouco. É um absurdo ter que abastecer picado", conclui.