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Economia

Riedel aposta na UFN3 para reduzir dependência de fertilizantes da Rússia

Governador vê obra em Três Lagoas como saída para o agro diante de sanções dos EUA a parceiros de Moscou

Por Mylena Fraiha e Izabela Cavalcanti | 31/07/2025 12:29
Riedel aposta na UFN3 para reduzir dependência de fertilizantes da Rússia
Eduardo Riedel durante fala no evento “Missão Ásia”, na Casa da Indústria, em Campo Grande (Foto: Henrique Kawaminami).

O governador Eduardo Riedel (PSDB) defendeu, nesta quinta-feira (31), que a saída para proteger o agronegócio brasileiro da dependência de fertilizantes russos é acelerar a produção nacional, com foco na conclusão da UFN3 (Unidade de Fertilizantes Nitrogenados 3), em Três Lagoas.

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Governador de Mato Grosso do Sul defende produção nacional de fertilizantes para reduzir dependência russa. Riedel destaca a importância da UFN3, em Três Lagoas, para aumentar a produção nacional e diminuir a vulnerabilidade do Brasil às sanções contra a Rússia. A unidade poderá produzir 3,6 mil toneladas diárias de ureia e 2,2 mil toneladas de amônia. A retomada da UFN3 é estratégica para o Brasil, que importou 23% dos fertilizantes da Rússia em 2023. A empresa russa Acron demonstrou interesse na unidade, mas a Petrobras já incluiu a planta em seu plano de investimentos. O projeto, paralisado desde 2014, requer R$ 5 bilhões para ser concluído, com previsão de operação em 2028. Senadores alertam para possível sanção dos EUA a países que comercializam com a Rússia.

A declaração foi feita durante o evento “Missão Ásia”, na Casa da Indústria, em Campo Grande, em meio ao alerta de que o Congresso dos Estados Unidos deve aprovar, nos próximos 90 dias, sanções econômicas contra países que mantêm comércio com a Rússia.

O Brasil pode ser diretamente impactado. Em 2023, 23% dos fertilizantes usados no país vieram da Rússia, segundo levantamento do Comex Stat, do Ministério da Economia. Para Riedel, a retomada da UFN3 é a principal estratégia para reduzir essa vulnerabilidade.

“Em relação ao fertilizante da Rússia, a nossa grande ação não é só uma questão de mercado, é a estratégia de produzir mais aqui. Vocês estão vendo há quantos anos a discussão da UFN3 em Três Lagoas, sai de 15% para 30% da produção de nitrogenado no Brasil. Essa é uma medida extremamente relevante, que tira um pouco dessa dependência”, afirmou o governador.

O governador revelou ainda que a empresa russa Acron, que em 2022 demonstrou interesse na unidade, quer retomar negociações, embora a planta já esteja no plano de investimentos da Petrobras.

“Ontem eu recebi a informação de que aquele grupo Acron, aqueles russos que vieram aqui no primeiro momento para pegar Três Lagoas, quer retornar para discutir o assunto. Mas já está com a Petrobras, já está no plano de investimento da Petrobras. Vamos recebê-los para entender qualquer preocupação ou intenção deles”, completou Riedel.

A UFN3 é considerada estratégica por poder elevar a produção nacional de fertilizantes e reduzir a dependência de importações. O projeto, anunciado como um dos maiores da América Latina, teve as obras paralisadas em 2014, quando estava 81% concluído. Desde então, várias tentativas de retomada fracassaram.

Em abril de 2024, o então presidente da Petrobras, Jean Paul Prattes, visitou a planta e informou que serão necessários R$ 5 bilhões em investimentos para concluir a obra, com expectativa de início de operação em 2028.

O modelo atual prevê a produção de 3,6 mil toneladas diárias de ureia e 2,2 mil toneladas de amônia, consumindo 2,3 milhões de metros cúbicos de gás natural por dia. Quando concluída, será a maior fábrica de fertilizantes nitrogenados da América Latina.

Riedel aposta na UFN3 para reduzir dependência de fertilizantes da Rússia
Obra da fábrica de fertilizantes foi suspensa em 2014 (Foto/Arquivo/Saul Schramm).

Risco de sanções - O alerta sobre as sanções foi feito por parlamentares que participaram da missão oficial do Senado aos Estados Unidos nesta semana. A expectativa é que o Congresso americano aprove, em até 90 dias, uma lei que puna países que mantiverem comércio com a Rússia, como forma de pressionar pelo fim da guerra na Ucrânia.

A senadora Tereza Cristina (PP) afirmou que o tema é “sensível” e deve constar no relatório oficial da viagem. “Ouvimos não só de parlamentares, mas da iniciativa privada, que eles estão preocupados em acabar com a guerra e acham que quem compra da Rússia dá munição para que ela continue. É um assunto sensível”.

Também presente na missão, o senador Jaques Wagner (PT) reforçou que a dependência do agro é quase total. “Temos um agro potentíssimo e dependência de praticamente 100%. Fertilizante falta no mundo inteiro. Não está sobrando, não tem como deixar de comprar, só se parar o agronegócio”.

No entanto, segundo o senador Carlos Viana (Podemos), o Brasil ainda terá espaço para negociar. “Não será um decreto do presidente, mas uma lei americana aprovada pelos dois partidos. O Brasil tem tempo para buscar diálogo”.

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