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Economia

Score alto e nome limpo valem mais que renda para financiar uma motocicleta

Venda desses veículos cresceu 20% e os novos emplacamentos já somam 9.351

Por Izabela Cavalcanti | 27/10/2025 14:53
Score alto e nome limpo valem mais que renda para financiar uma motocicleta
Motos colocadas à venda no pátio de concessionária (Foto: Juliano Almeida)


RESUMO

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O mercado de motocicletas tem registrado crescimento significativo, impulsionado pela facilidade de financiamento e parcelas mais acessíveis em comparação aos automóveis. Em Mato Grosso do Sul, foram contabilizados 2.494 emplacamentos em setembro de 2023, um aumento de 9,48% em relação ao mês anterior. O aumento da frota, contudo, traz preocupações quanto à segurança. Dados da Santa Casa de Campo Grande revelam que, entre janeiro e outubro de 2023, 92,2% dos 3.784 atendimentos a vítimas de acidentes de trânsito envolveram motociclistas, com média mensal de 348 casos.

Com a renda apertada, as motocicletas têm se tornado a alternativa de mobilidade mais acessível, com financiamentos facilitados e parcelas menores que as de um carro. Para conseguir o crédito, é necessário ter o nome limpo, mas a renda mensal deixou de ser um fator determinante.

Como grande parte dos compradores é composta por motoentregadores e trabalhadores autônomos, alguns bancos já deixaram de exigir o comprovante de renda, focando mais no perfil e no histórico financeiro do cliente.

Hoje, quem ganha um salário mínimo, de R$ 1.518, pode financiar uma moto nova com parcelas em torno de R$ 800. O relacionamento com o banco tem grande peso na aprovação.

Segundo Uriá Soares, diretor comercial de uma concessionária na Avenida Eduardo Elias Zahran, cerca de 20% dos financiamentos de motos novas de baixa cilindrada são aprovados.

Ele explica que os bancos analisam o comportamento do cliente ao longo da vida, o score e o histórico com a financeira. O financiamento é arriscado, então o que conta é a confiança, não apenas a renda.

Uriá destacou que, apesar de a regra pedir renda três vezes maior que o valor da parcela, a estabilidade e o tempo de residência pesam mais. Se o cliente mora há muito tempo na mesma casa ou tem emprego fixo, a aprovação é mais fácil. Quanto maior a entrada, melhor.

Com 30%, o banco entende que o risco é menor e a chance de aprovação aumenta. Prazos de até 36 meses também são bem vistos. As taxas de juros variam de 1,5% a 3,4%, dependendo do score e das condições do contrato.


Score alto e nome limpo valem mais que renda para financiar uma motocicleta
Arte: Lennon Almeida

De acordo com o gerente comercial Zé Luiz Marçal, de uma concessionária na Rua Ceará, as vendas cresceram 20% em relação ao mesmo período do ano passado. Ele confirma que o crédito está mais acessível. Já vi fichas com score baixo aprovadas, porque o cliente tinha histórico com o banco.

Muitos conseguem sem entrada. Às vezes, é preciso tentar em vários bancos até o cadastro ser aprovado. No local, também são vendidos seguros, e a maior procura é motivada pela preocupação com roubo e furto. Vendemos mais de 100 por mês, sendo 70 voltados à proteção contra roubo.

Conforme a Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores), Mato Grosso do Sul registrou 2.494 emplacamentos de motos em setembro, aumento de 9,48% em relação a agosto. No acumulado do ano, são 20.757 unidades. Em Campo Grande, as vendas subiram 13,8%, com 1.113 motos em setembro. A frota estadual, segundo o Detran-MS (Departamento Estadual de Trânsito), é de 413.082 motocicletas, sendo 175.563 na Capital.

Apesar do aumento, o seguro ainda é pouco comum. O corretor e secretário adjunto do Sincor-MS (Sindicato dos Corretores de Seguros de Mato Grosso do Sul), Cristiano Costa, diz que, a cada dez seguros de carro, apenas um é de moto. A cultura do seguro automotivo é antiga, mas a de motos ainda está se formando.

Ele diferencia os perfis: motos de baixa cilindrada costumam ter seguro básico, só contra roubo e furto; as de média e alta cilindrada buscam coberturas mais completas, com assistência e proteção para acessórios.

Mesmo assim, 70% da frota de veículos no Brasil ainda circula sem seguro, segundo estimativas do setor. O aumento no número de motos nas ruas traz também reflexos no trânsito. De janeiro a outubro de 2025, a Santa Casa registrou 3.784 atendimentos a vítimas de acidentes, sendo 92,2% motociclistas.

A média mensal é de 348 casos, contra 29 envolvendo automóveis. Dados da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) indicam 11.152 ocorrências de trânsito atendidas pelo Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) neste ano, 373 a mais que no mesmo período de 2024. As colisões entre carros e motos lideram os registros, seguidas das quedas de moto e choques entre motocicletas.

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