Secretário de MS pede manutenção de orçamento do PAC para fim de gargalos
Com economia em alta, Estado e setor produtivo cobram aceleração dos investimentos federais na infraestrutura
Diante do crescimento robusto da economia de Mato Grosso do Sul, entre 6% e 7% ao ano – bem acima da média nacional –, a manutenção dos investimentos federais do Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) em rodovias torna-se crucial para suprir carências de infraestrutura e avançar na integração logística do Estado.
RESUMO
Nossa ferramenta de IA resume a notícia para você!
O secretário da Semadesc de Mato Grosso do Sul, Jaime Verruck, defende a manutenção dos investimentos do Novo PAC para solucionar gargalos logísticos no estado. Até o momento, foram aplicados R$ 580 milhões, representando 43,4% do total de R$ 1,336 bilhão previsto para 2024-2025. Com crescimento econômico entre 6% e 7% ao ano, o estado investe paralelamente R$ 4 bilhões em infraestrutura rodoviária, incluindo R$ 2,3 bilhões do BNDES. As obras contemplam 288 quilômetros de restauração e 372 quilômetros de novas pavimentações, visando melhorar a integração regional e a competitividade logística.
A análise é de Jaime Verruck, titular da Semadesc (Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação), ao comentar a baixa execução dos recursos do PAC aplicados em rodovias entre 2024 e 2025.
Dados do Ministério dos Transportes, solicitados pelo Campo Grande News, revelam que foram aplicados até agora R$ 580 milhões, o equivalente a 43,4% do total de R$ 1,336 bilhão previsto para o biênio.
“É fundamental a manutenção orçamentária do Novo PAC porque investimento estadual, investimento federal e investimento privado nessas intermodalidades é que vão dar competitividade logística e resolver os nossos antigos gargalos”, afirmou Verruck.
Segundo ele, a manutenção dos investimentos federais é essencial para acompanhar a crescente demanda regional. “O fluxo de transporte cresce a cada dia na esteira do avanço econômico de Mato Grosso do Sul”, destacou.
Verruck citou como exemplo a sobrecarga no macroanel de Campo Grande e nas principais saídas rodoviárias para São Paulo. “Isso é gargalo. Quando a estrutura não suporta o volume de caminhões, aumenta o tempo de viagem, os custos e o número de acidentes, que vemos praticamente todos os dias.”
O secretário ressaltou ainda que a proposta do governo de avançar na intermodalidade logística passa por investimentos em rodovias seguras e com maior capacidade de escoamento. “Mato Grosso do Sul é um estado exportador. Sempre vai mandar suas mercadorias para outros países ou para mercados como São Paulo. Logística é prioridade e é sinônimo de competitividade.”
Na prática, explicou, melhorar a logística significa reduzir custos e tempo para produtores e empresários. “Quando falamos de logística, pensamos logo em obras físicas, mas ela envolve também intermodalidade, tipos de produção, agregação de valor e definição de mercados a atingir.”
Entre as obras viárias vinculadas ao Novo PAC no Estado, destacam-se o acesso à Rota Bioceânica, a rotatória de Três Lagoas, projetos de duplicação até Sidrolândia e a BR-419, que conecta Rio Verde de Mato Grosso a Aquidauana e, por meio da MS-345, dá acesso à região de Bonito. A rodovia é considerada estratégica para o turismo, o escoamento agrícola, o Pantanal e a integração entre norte e sul do Estado.
Além disso, Verruck citou a importância do leilão da Rota da Celulose, do projeto de concessão da Hidrovia do Rio Paraguai e da reativação da Malha Oeste (ferroviária), ambos previstos para o segundo semestre de 2026.

Investimentos estaduais
Paralelamente, o governo estadual tem acelerado a aplicação de recursos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) em obras de restauração, implementação e pavimentação de rodovias estaduais, numa tentativa de atacar gargalos históricos.
Segundo Verruck, somente neste semestre os investimentos somam mais de R$ 4 bilhões, dos quais R$ 2,3 bilhões fazem parte de um pacote financiado pelo BNDES, contratado em setembro do ano passado. A contrapartida estadual foi de R$ 300 milhões. As frentes de serviço começaram em março. O secretário, porém, não detalhou a origem do restante dos recursos (R$ 1,7 bilhão) e nem o percentual do montante do BNDES executado até agora.
O pacote inclui cerca de 288 quilômetros de restauração de rodovias já existentes e quase 372 quilômetros de implantação e pavimentação de novos trechos, ampliando a malha estadual e fortalecendo a integração regional, conforme informou Secretaria de Infraestrutura.
Segundo a pasta, entre as obras em andamento estão a restauração da MS-276 (Vila São Pedro–Deodápolis), da MS-436 (Camapuã–Figueirão, via Pontinha do Cocho) e da MS-347 (Dois Irmãos do Buriti–Guia Lopes da Laguna).
Já entre os trechos em fase de pavimentação estão a MS-444 (Selvíria, terceiro lote), dois lotes da MS-380 (Ponta Porã), a MS-320 (Três Lagoas) e a MS-289 (Juti–Amambai).
A Agência Estadual de Gestão de Empreendimentos (Agesul) também abriu licitações para novas obras, como a restauração da MS-156 (Amambai) e da MS-295 (Eldorado–Iguatemi–Tacuru), além da pavimentação da MS-324 (Água Clara), MS-134, MS-316 (Inocência), MS-355 (Terenos–Dois Irmãos do Buriti), MS-245 (Bandeirantes) e MS-244 (Corguinho).
De acordo com a Secretaria de Infraestrutura, os investimentos “refletem o empenho do Governo de Mato Grosso do Sul em transformar a realidade do Estado, garantindo infraestrutura de qualidade para impulsionar o crescimento econômico e proporcionar melhores condições de vida à população”.
Integração logística e competitividade
O presidente da Aprosoja/MS (Associação dos Produtores de Soja), Jorge Michelc, avalia que a integração entre hidrovia, ferrovia e rodovia é “essencial” para reduzir custos logísticos e aumentar a competitividade da produção agrícola. “Rotas estratégicas garantiriam maior eficiência no escoamento da soja, milho e outros grãos”, disse.
Entre os corredores prioritários, Michelc destacou a BR-163, com 845,4 quilômetros em Mato Grosso do Sul, principal ligação com os portos de Paranaguá (PR) e Santos (SP). Outras vias importantes são a BR-267, que liga Campo Grande a Porto Murtinho, e a MS-162, que conecta Dourados a Maracaju.
Em nota enviada ao Campo Grande News, a Aprosoja/MS reconheceu o esforço do governo federal na manutenção das rodovias e destacou o papel do Estado nas obras da Rota Bioceânica. “A Rota Bioceânica é um projeto estratégico que visa criar um corredor logístico ligando o Brasil ao Oceano Pacífico, passando por Mato Grosso do Sul, Paraguai, Argentina e Chile. Esse corredor promete reduzir significativamente o tempo de transporte de produtos brasileiros para mercados asiáticos e outros na costa oeste das Américas.”
A entidade defende ainda a conclusão da concessão da Hidrovia do Rio Paraguai e de obras ferroviárias estratégicas, com a implantação de terminais de apoio, silos e armazéns próximos às áreas de produção, como forma de ampliar a eficiência no transporte.