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Economia

Secretário de MS pede manutenção de orçamento do PAC para fim de gargalos

Com economia em alta, Estado e setor produtivo cobram aceleração dos investimentos federais na infraestrutura

Por Viviane Monteiro, de Brasília | 25/09/2025 15:45
Secretário de MS pede manutenção de orçamento do PAC para fim de gargalos
Obra na MS-444, na região de Selviria (Foto: Secretaria de Infraestrutura)

Diante do crescimento robusto da economia de Mato Grosso do Sul, entre 6% e 7% ao ano – bem acima da média nacional –, a manutenção dos investimentos federais do Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) em rodovias torna-se crucial para suprir carências de infraestrutura e avançar na integração logística do Estado.

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O secretário da Semadesc de Mato Grosso do Sul, Jaime Verruck, defende a manutenção dos investimentos do Novo PAC para solucionar gargalos logísticos no estado. Até o momento, foram aplicados R$ 580 milhões, representando 43,4% do total de R$ 1,336 bilhão previsto para 2024-2025. Com crescimento econômico entre 6% e 7% ao ano, o estado investe paralelamente R$ 4 bilhões em infraestrutura rodoviária, incluindo R$ 2,3 bilhões do BNDES. As obras contemplam 288 quilômetros de restauração e 372 quilômetros de novas pavimentações, visando melhorar a integração regional e a competitividade logística.

A análise é de Jaime Verruck, titular da Semadesc (Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação), ao comentar a baixa execução dos recursos do PAC aplicados em rodovias entre 2024 e 2025.

Dados do Ministério dos Transportes, solicitados pelo Campo Grande News, revelam que foram aplicados até agora R$ 580 milhões, o equivalente a 43,4% do total de R$ 1,336 bilhão previsto para o biênio.

“É fundamental a manutenção orçamentária do Novo PAC porque investimento estadual, investimento federal e investimento privado nessas intermodalidades é que vão dar competitividade logística e resolver os nossos antigos gargalos”, afirmou Verruck.

Segundo ele, a manutenção dos investimentos federais é essencial para acompanhar a crescente demanda regional. “O fluxo de transporte cresce a cada dia na esteira do avanço econômico de Mato Grosso do Sul”, destacou.

Verruck citou como exemplo a sobrecarga no macroanel de Campo Grande e nas principais saídas rodoviárias para São Paulo. “Isso é gargalo. Quando a estrutura não suporta o volume de caminhões, aumenta o tempo de viagem, os custos e o número de acidentes, que vemos praticamente todos os dias.”

O secretário ressaltou ainda que a proposta do governo de avançar na intermodalidade logística passa por investimentos em rodovias seguras e com maior capacidade de escoamento. “Mato Grosso do Sul é um estado exportador. Sempre vai mandar suas mercadorias para outros países ou para mercados como São Paulo. Logística é prioridade e é sinônimo de competitividade.”

Na prática, explicou, melhorar a logística significa reduzir custos e tempo para produtores e empresários. “Quando falamos de logística, pensamos logo em obras físicas, mas ela envolve também intermodalidade, tipos de produção, agregação de valor e definição de mercados a atingir.”

Entre as obras viárias vinculadas ao Novo PAC no Estado, destacam-se o acesso à Rota Bioceânica, a rotatória de Três Lagoas, projetos de duplicação até Sidrolândia e a BR-419, que conecta Rio Verde de Mato Grosso a Aquidauana e, por meio da MS-345, dá acesso à região de Bonito. A rodovia é considerada estratégica para o turismo, o escoamento agrícola, o Pantanal e a integração entre norte e sul do Estado.

Além disso, Verruck citou a importância do leilão da Rota da Celulose, do projeto de concessão da Hidrovia do Rio Paraguai e da reativação da Malha Oeste (ferroviária), ambos previstos para o segundo semestre de 2026.

Secretário de MS pede manutenção de orçamento do PAC para fim de gargalos
Jaime Verruck, titular da Semadesc (Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação) (Foto: Arquivo)

Investimentos estaduais

Paralelamente, o governo estadual tem acelerado a aplicação de recursos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) em obras de restauração, implementação e pavimentação de rodovias estaduais, numa tentativa de atacar gargalos históricos.

Segundo Verruck, somente neste semestre os investimentos somam mais de R$ 4 bilhões, dos quais R$ 2,3 bilhões fazem parte de um pacote financiado pelo BNDES, contratado em setembro do ano passado. A contrapartida estadual foi de R$ 300 milhões. As frentes de serviço começaram em março. O secretário, porém, não detalhou a origem do restante dos recursos (R$ 1,7 bilhão) e nem o percentual do montante do BNDES executado até agora.

O pacote inclui cerca de 288 quilômetros de restauração de rodovias já existentes e quase 372 quilômetros de implantação e pavimentação de novos trechos, ampliando a malha estadual e fortalecendo a integração regional, conforme informou Secretaria de Infraestrutura.

Segundo a pasta, entre as obras em andamento estão a restauração da MS-276 (Vila São Pedro–Deodápolis), da MS-436 (Camapuã–Figueirão, via Pontinha do Cocho) e da MS-347 (Dois Irmãos do Buriti–Guia Lopes da Laguna).

Já entre os trechos em fase de pavimentação estão a MS-444 (Selvíria, terceiro lote), dois lotes da MS-380 (Ponta Porã), a MS-320 (Três Lagoas) e a MS-289 (Juti–Amambai).

A Agência Estadual de Gestão de Empreendimentos (Agesul) também abriu licitações para novas obras, como a restauração da MS-156 (Amambai) e da MS-295 (Eldorado–Iguatemi–Tacuru), além da pavimentação da MS-324 (Água Clara), MS-134, MS-316 (Inocência), MS-355 (Terenos–Dois Irmãos do Buriti), MS-245 (Bandeirantes) e MS-244 (Corguinho).

De acordo com a Secretaria de Infraestrutura, os investimentos “refletem o empenho do Governo de Mato Grosso do Sul em transformar a realidade do Estado, garantindo infraestrutura de qualidade para impulsionar o crescimento econômico e proporcionar melhores condições de vida à população”.

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presidente da Aprosoja/MS (Associação dos Produtores de Soja), Jorge Michelc (Foto: Divulgação)

Integração logística e competitividade

O presidente da Aprosoja/MS (Associação dos Produtores de Soja), Jorge Michelc, avalia que a integração entre hidrovia, ferrovia e rodovia é “essencial” para reduzir custos logísticos e aumentar a competitividade da produção agrícola. “Rotas estratégicas garantiriam maior eficiência no escoamento da soja, milho e outros grãos”, disse.

Entre os corredores prioritários, Michelc destacou a BR-163, com 845,4 quilômetros em Mato Grosso do Sul, principal ligação com os portos de Paranaguá (PR) e Santos (SP). Outras vias importantes são a BR-267, que liga Campo Grande a Porto Murtinho, e a MS-162, que conecta Dourados a Maracaju.

Em nota enviada ao Campo Grande News, a Aprosoja/MS reconheceu o esforço do governo federal na manutenção das rodovias e destacou o papel do Estado nas obras da Rota Bioceânica. “A Rota Bioceânica é um projeto estratégico que visa criar um corredor logístico ligando o Brasil ao Oceano Pacífico, passando por Mato Grosso do Sul, Paraguai, Argentina e Chile. Esse corredor promete reduzir significativamente o tempo de transporte de produtos brasileiros para mercados asiáticos e outros na costa oeste das Américas.”

A entidade defende ainda a conclusão da concessão da Hidrovia do Rio Paraguai e de obras ferroviárias estratégicas, com a implantação de terminais de apoio, silos e armazéns próximos às áreas de produção, como forma de ampliar a eficiência no transporte.