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Economia

Senado debate impactos do crescimento da celulose no Leste de Mato Grosso do Sul

Prefeitos vão discutir as condições dos serviços públicos e infraestrutura nas cidades do Leste do Estado

Por Viviane Monteiro, de Brasília | 24/11/2025 18:33
Senado debate impactos do crescimento da celulose no Leste de Mato Grosso do Sul
Placa na BR-262 indicando rota para Ribas do Rio Pardo e Três Lagoas, principais cidades impactadas pela celulose em MS (Foto: Osmar Veiga)

A Comissão de Desenvolvimento Regional do Senado Federal realiza, nesta terça-feira (25), uma audiência pública para discutir os efeitos socioeconômicos e ambientais do crescimento acelerado do Vale da Celulose, que reúne 12 municípios no leste de Mato Grosso do Sul. A região, que vive um ciclo de expansão de celulose, atraiu mais de R$ 75 bilhões em investimentos privados e caminha para ultrapassar 11 milhões de toneladas de produção ao ano, tornando-se um dos maiores polos de celulose do Brasil.

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O Senado Federal realiza audiência pública para debater os impactos do crescimento do Vale da Celulose, região que reúne 12 municípios no leste de Mato Grosso do Sul. Com investimentos superiores a R$ 75 bilhões, o setor ultrapassou a soja como principal item de exportação do estado, movimentando US$ 1,44 bilhão no comércio internacional.O crescimento acelerado, impulsionado por megafábricas como Suzano e Arauco, traz desafios significativos. Enquanto gera empregos com salários 43% acima da média estadual, causa pressão sobre serviços públicos e inflação imobiliária. Ambientalistas também demonstram preocupação com o impacto da produção de eucalipto nas bacias hidrográficas da região.

O estado responde atualmente por quase 24% da produção brasileira de celulose e, em 2025, o produto superou a soja como principal item de exportação sul-mato-grossense, movimentando US$ 1,44 bilhão no comércio internacional. O dado é destacado pelo senador Nelsinho Trad (PSD-MS), que preside o debate, marcado para as 9h30 na Comissão. Foram convidados prefeitos da região, representantes dos ministérios da Saúde, Educação e Integração, além de órgãos estaduais e entidades ligadas ao setor florestal.

O setor que já ultrapassou a soja e a pecuária nas exportações do estado e vem redesenhando o perfil econômico e social do Vale da Celulose também é motivo de preocupação de ambientalistas que temem o impacto da produção de eucalipto nas bacias hidrográficas do Estado.

Senado debate impactos do crescimento da celulose no Leste de Mato Grosso do Sul
Polo industrial da Suzano em Ribas do Rio Pardo (Foto: Osmar Veiga)

Se por um lado o crescimento acelerado, impulsionado por megafábricas de Suzano, Arauco, Eldorado e Bracell, transforma a economia das cidades da região, por outro lado traz impactos nesses municípios. Entre os quais, alta no preço dos imóveis, pressão sobre hospitais e escolas e um fluxo migratório que, em alguns municípios, aproxima o número de trabalhadores recém-chegados do total de moradores locais.

Em Três Lagoas, principal polo de celulose, o PIB (Produto Interno Bruto) cresceu cerca de 16 vezes em uma década, enquanto a população aumentou 13% entre 2021 e 2024. A geração de empregos mais do que dobrou desde 2010, contribuindo para que Mato Grosso do Sul tenha uma das menores taxas de desemprego do país, com salários 43% acima da média estadual.

Ao mesmo tempo, o avanço rápido aponta desafios que exigem soluções urgentes. Isso porque o preço dos imóveis pressiona famílias vulneráveis que são empurradas para áreas periféricas carentes de infraestrutura. A rede de saúde e o sistema educacional enfrentam sobrecarga, demandando investimentos imediatos, formação profissional e programas ambientais.

Senado debate impactos do crescimento da celulose no Leste de Mato Grosso do Sul
Senador Nelsinho Trad (PSD) durante discussão em comissão do Senado (Foto: Divulgação/Senado)

O parlamentar defende que o crescimento seja acompanhado de cidades planejadas, educação acessível, qualificação profissional, políticas habitacionais e compensações ambientais consistentes. Sem isso, afirma, há risco de transformar oportunidades históricas em desigualdades duradouras.

“Nenhum desenvolvimento pode ser desenhado sem ouvir as pessoas que vivem e trabalham no Vale da Celulose. Essa audiência é o espaço para isso”, disse.

Dessa forma, o debate deve analisar os impactos logísticos, sociais e ambientais da expansão, além das repercussões nacionais do setor. O senador destaca ainda a importância da indústria e faz questão de citar que o papel do Brasil na cadeia global de celulose contribuiu para que os Estados Unidos retirassem recentemente a sobretaxa de 10% aplicada ao produto brasileiro.