Terra barata, arroba valorizada, novos mercados: Rota anima empresários
Fiems reuniu empresários na manhã de hoje com o presidente paraguaio, comitiva e políticos de MS

Terras com preços mais atrativos no Chaco, região de fronteira com Porto Murtinho, arroba mais valorizada do que a paga no Estado (R$ 390 contra R$ 315) e custo de produção menor são alguns dos dados concretos que despertam o interesse de empresários sul-mato-grossenses em atravessar a fronteira e expandir negócios no Paraguai.
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Empresários de Mato Grosso do Sul demonstram interesse em expandir negócios no Paraguai, atraídos por terras mais baratas e uma arroba de carne bovina mais valorizada. Durante encontro com o presidente paraguaio, Santiago Peña, foram discutidas oportunidades de investimento e a importância da Rota Bioceânica, que promete encurtar distâncias e facilitar o comércio. A Rota, que liga Brasil, Paraguai, Argentina e Chile, pode reduzir em até 17 dias o transporte de produtos, beneficiando especialmente o setor agropecuário. O governador Eduardo Riedel destacou a necessidade de uma articulação institucional para garantir segurança jurídica aos investidores. A construção da ponte sobre o Rio Paraguai, com previsão de conclusão em 26 meses, é um passo importante para a integração regional e o desenvolvimento econômico.
O tema foi discutido na manhã desta quinta-feira, em um encontro na sede da Fiems (Federação das Indústrias de Mato Grosso do Sul), com o presidente do Paraguai, Santiago Peña, que veio ao Estado exatamente para estreitar laços durante dois dias de visita, iniciada com uma inspeção às obras da ponte sobre o Rio Paraguai. A estrutura será a ligação do Brasil à Rota Bioceânica, criando um corredor até portos chilenos no Oceano Pacífico.
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Para a pecuária, as opções são atrativas, admitiu o presidente da Acrissul (Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul), Guilherme Bumlai, que sugere que os produtores estejam atentos, com destaque para a região do Chaco. Ele considera que a articulação institucional é essencial para que os investimentos ocorram por meio do setor privado.

“Essa união entre Paraguai e Brasil, especificamente com o MS, é de extrema importância. Essa receptividade do setor político e empresarial do Paraguai nos dá segurança jurídica para investir no país vizinho, que realmente oferece grandes oportunidades.”
Já há quem aposte no país vizinho, como João Paulo Piotto, CEO da Amireia Pajoara e diretor da Fiems para Relações Internacionais. Ele tem empresa tanto no Estado quanto na região de Assunção, no setor de nutrição animal. Entusiasta da Rota, Piotto aponta que a iniciativa trará oportunidades de emprego no turismo, intercâmbio cultural, surgimento de novas empresas e desenvolvimento do setor de logística em municípios ao longo do trajeto, como Porto Murtinho, onde está sendo construída a ponte sobre o Rio Paraguai, visitada ontem pelas autoridades.
Para ele, muitas demandas ainda serão descobertas com o uso da Rota, como as relacionadas ao setor imobiliário e a serviços automotivos. Segundo Piotto, a visita de Peña ao Estado, com o objetivo de visitar indústrias e conhecer empresários, demonstra a disposição em fomentar as relações comerciais. Ele afirma que espera ampliar mercados rumo à Ásia, mas também dentro da própria região, como uma possível expansão para a Argentina. "Vamos aumentar muito a presença no mercado sul-americano”, acredita.

O governador Eduardo Riedel (PP) afirmou, durante o encontro com empresários, que o país vizinho e o Estado vão se desenvolver juntos. “Não consigo, de forma alguma, separar o nosso crescimento do crescimento do Paraguai. Isso está muito claro para mim como uma estratégia concreta de desenvolvimento para o Mato Grosso do Sul.”
Ele mencionou o esforço e a movimentação de Peña e afirmou que, diante das limitações enfrentadas pelo Estado nas questões federativas, lutará para que a União adote as medidas necessárias, como soluções para entraves alfandegários e o uso de tecnologias que favoreçam as relações comerciais.
“Ao nosso lado, temos uma série de empresários, dos setores agropecuário, industrial e comercial, que já têm negócios no Paraguai, e muitos outros que querem investir. Não tenho dúvidas de que essa aproximação pode render excelentes frutos para a nossa região, para o seu país e para o nosso Estado.”

Anfitrião do encontro desta manhã na Fiems, o vice-presidente Luiz Crosara Jr. — já que o titular, Sérgio Longen, está em viagem — destacou que já há empresários investindo no Paraguai e instalando empreendimentos no país vizinho, citando dois presentes ao encontro. “Seguramente, juntos, esses empresários somam mais de 5 mil colaboradores naquele país. São empresários genuinamente do Mato Grosso do Sul, com investimentos significativos também no nosso Estado. Isso mostra que essa parceria realmente funcionou”, comentou.
O dirigente afirmou ainda que será elaborado um documento com sugestões a serem implementadas entre o país vizinho e o Estado, relacionadas à logística, à criação de um escritório para cuidar das iniciativas necessárias e à definição de regras para garantir segurança jurídica aos investidores.
Percorrer a Rota — O diretor-superintendente do Sebrae, Claudio Mendonça, informou que, na próxima semana, uma missão levará dez prefeitos do Estado para percorrer a Rota. Alguns são de municípios da região, como Porto Murtinho e Bela Vista, e outros demonstraram interesse em apostar nas oportunidades. Segundo ele, o Sebrae está estudando potencialidades e necessidades para qualificação e investimentos, com vistas à abertura de novas oportunidades para empresas do Estado.
Mendonça considerou um gesto firme a vinda do presidente paraguaio e sua permanência no Estado para dialogar com empresários.
Encurtar distância - A Rota é uma aposta dos quatro países sul-americanos envolvidos, Brasil, Paraguai, Argentina e Chile, para promover a integração regional e ampliar as relações comerciais com a Ásia. Para o Mato Grosso do Sul, a rota pode representar um ganho logístico, encurtando em até 17 dias o transporte de produtos, com redução de custos, ao oferecer um novo corredor, em vez do envio de cargas aos portos de Santos e Paranaguá, no Oceano Atlântico, com posterior travessia pelo Canal do Panamá.
Hoje, o principal parceiro comercial de Mato Grosso do Sul é a China. No entanto, o Estado tem grande expectativa de abrir mercado para a carne bovina no Japão, um dos países mais rigorosos em relação à sanidade animal, que demonstrou interesse após o Brasil conquistar a certificação de área livre de febre aftosa sem vacinação.
Esse setor pode ser um dos maiores beneficiados com o transporte terrestre até o Chile via Rota Bioceânica e posterior exportação para a Ásia a partir dos portos chilenos.
Ontem cedo, Peña e Riedel visitaram aos obras da ponte, em Murtinho, que está sendo construída com recursos da Itaipu Binacional, e as obras de cada lado. A previsão é de 26 meses para a conclusão. No lado brasileiro, o Governo Federal está construindo um contorno de 13 quilômetros, que vai incluir a estrutura alfandegária para os serviços das Receita Federal. No lado paraguaio, o governo se apressa com obras de pavimentação que faltam para tornar a Rota totalmente asfaltada.
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