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Educação e Tecnologia

Caminho para reitoria tem situação, chapa 100% feminina e coro por diversidade

Em processo online, estudantes, técnicos e professores escolhem gestor da universidade para os próximos quatro anos

Jones Mário | 17/07/2020 11:09
Placa na Cidade Universitária indica direção do prédio da reitoria da UFMS (Foto: Henrique Kawaminami)
Placa na Cidade Universitária indica direção do prédio da reitoria da UFMS (Foto: Henrique Kawaminami)

Pelo menos 28 mil estudantes, professores e técnicos da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) vão às urnas nesta sexta-feira (17) para consulta à reitoria. São quatro chapas na disputa - uma delas de situação -, com propostas distintas para administrar um orçamento que supera o da esmagadora maioria dos municípios do Estado. O deste ano é de R$ 785 milhões.

A reportagem elencou as principais propostas de cada um dos quatro planos. Além da situação, a corrida pela reitoria da UFMS tem chapa 100% feminina, coro por mais universalidade e diversidade, e apelos por maior eficiência nos gastos. Confira.

Professoras Beth Bilange, de máscara azul, e Lucilene Machado, com máscara rosa (Foto: Reprodução/Facebook))
Professoras Beth Bilange, de máscara azul, e Lucilene Machado, com máscara rosa (Foto: Reprodução/Facebook))

Chapa 1 - As professoras Beth Bilange, da Fach (Faculdade de Ciências Humanas), e Lucilene Machado, do Cpan (Campus do Pantanal), são respectivamente candidatas à reitora e vice na chapa “Cultura, Ciência e Consciência”.

A plataforma de trabalho da dupla prega uma universidade “pública, autônoma, democrática, plural, inovadora, criativa, cultural, democrática e de excelência”.

O plano destaca o pioneirismo de ter duas mulheres candidatas e se baseia, principalmente, no fortalecimento das ações em cultura. Nesta linha, Beth e Lucilene prometem criar o Instituto de Difusão Cultural, o Museu de Arte da UFMS e a Cinemateca Digital.

Chapa 2 - A chapa da situação, chamada de “Todos Somos + UFMS”, tem o professor da Facom (Faculdade de Computação) Marcelo Turine como candidato à reeleição. A postulante à vice é Camila Ítavo, docente da Famez (Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia), escolhida ao lado de Turine para comandar a UFMS no pleito de 2016.

Camila Ítavo e Marcelo Turine, candidatos à reeleição para reitoria da UFMS (Foto: Reprodução/Facebook)
Camila Ítavo e Marcelo Turine, candidatos à reeleição para reitoria da UFMS (Foto: Reprodução/Facebook)

O programa de trabalho da dupla para a gestão 2020-2024 fala na realização de 96% das metas propostas nas eleições passadas.

Foi no período de Turine e Camila à frente da universidade que CCHS (Centros de Ciências Humanas e Sociais) e CCBS (Centro de Ciências Biológicas e da Saúde) foram extintos para dar lugar à faculdades e institutos.

A dupla impôs modelo mais técnico de governança, com constantes incentivos ao empreendedorismo. No ano passado, articulou para trazer a Reunião Anual da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência), evento que garantiu obras de infraestrutura à Cidade Universitária.

Durante o evento, que discutiu cortes no investimento federal em Educação e em Ciência e Tecnologia, a gestão foi alvo de protestos de estudantes, docentes e servidores, diante do anúncio do programa Future-se, do MEC (Ministério da Educação), e da possível adesão da UFMS à iniciativa, que previa ampliar investimentos privados nas instituições de ensino públicas. Encampado pelo agora ex-ministro Abraham Weintraub, o Future-se não saiu do papel.

O programa de trabalho da chapa para 2020-2024 elenca dez compromissos institucionais, como ampliar assistência estudantil, expandir políticas sustentáveis e incentivar cultura, arte e esporte.

Professores Lincoln (à esquerda) e Menoni (à direita), postulantes ao comando da universidade (Foto: Reprodução/Facebook)
Professores Lincoln (à esquerda) e Menoni (à direita), postulantes ao comando da universidade (Foto: Reprodução/Facebook)

Chapa 3 - Encabeçada pelo professor Lincoln Carlos de Oliveira, do Inqui (Instituto de Química), com o professor José Antônio Menoni, do CPTL (Campus de Três Lagoas), como vice, a “UFMS + Vozes” propõe maior integração e participação de estudantes e servidores nas decisões da instituição, com “universalidade e diversidade”.

O caderno de propostas da dupla promete implantar educação indígena e do campo mais inclusiva, não restrita somente à licenciatura; ampliar bolsas para pesquisa na graduação e pós-graduação; e criação de critérios a fim de financiar estudos com recursos próprios do orçamento da UFMS.

A chapa ainda se preocupa em controlar a evasão da UFMS por problemas sociais, de saúde física ou psicológica. Na esteira de assistência, a dupla quer implantar moradia estudantil e construir novos RUs (Restaurantes Universitários).

Lincoln e Menoni ainda sugerem a criação de um fórum permanente da UFMS com a bancada de deputados federais, “para identificar demandas” e “estabelecer uma agenda de emendas parlamentares”.

Chapa 4 - Era chamada “UFMS para Tod@s” e tinha como candidato a reitor o médico ortopedista e professor Augustin Malzac, e como vice a professora Marta Rios da Costa. A dupla retirou a candidatura após denúncia de plágio em projeto de propostas. Malzac e Marta reconheceram erro na elaboração do plano.

Lídia Maria e Günter Hans Filho, da chapa "Eficiência e Inovação" (Foto: Reprodução/Facebook)
Lídia Maria e Günter Hans Filho, da chapa "Eficiência e Inovação" (Foto: Reprodução/Facebook)

Chapa 5 - A “Eficiência e Inovação” é mais uma que tem uma mulher como candidata à reitora, a professora da Faculdade de Direito Lídia Maria Ribas. Ela é acompanhada pelo professor da Faculdade de Medicina Günter Hans Filho. candidato a vice.

Entre as propostas da dupla estão facilitar o acesso e a promoção de disciplinas em plataformas online; e racionalização e aprimoramento das seleções para bolsistas, projetos com fomento e publicações.

A plataforma da chapa se assemelha aos ideais defendidos pela atual gestão de Marcelo Turine e Camila Ítavo. Lídia Maria e Günter sugerem a instalação de centros de pesquisa e inovação e parques tecnológicos, além de “assegurar ambiente de negócios favorável à criação e consolidação de startups, ou seja, de empresas com base tecnológica”.

O plano ainda discorre sobre eficiência nos gastos da universidade, com “qualificação da receita própria, da captação de recursos junto aos governos federal, estadual e municipal, órgãos de fomento e setor produtivo”.

Pleito - Dada a pandemia de covid-19 e apelos por isolamento social, a consulta para reitor e vice-reitor é eletrônica e reúne colégio de 28.032 eleitores, entre alunos, professores e servidores. A votação foi aberta às 8h e segue até 21h desta sexta-feira (17).

A eleição virtual é realizada pelo www.votacao.ufms.br. As urnas eletrônicas são diferentes para alunos, professores e técnicos. O portal ensina o passo a passo para a votação eletrônica.

Corredores vazios na Cidade Universitária, uma vez que a votação é toda online (Foto: Henrique Kawaminami)
Corredores vazios na Cidade Universitária, uma vez que a votação é toda online (Foto: Henrique Kawaminami)

Com a informatização, combinada com as aulas remotas, os corredores da UFMS estão vazios nesta sexta. Movimentação só a de trabalhadores em algumas obras, além de idosos que vão à Cidade Universitária para se exercitar. Apenas as faixas com propaganda das chapas sinalizam uma eleição em andamento hoje..

A apuração dos votos será no auditório do Complexo Multiuso 1 da Cidade Universitária, após o término da consulta, com transmissão on-line.

Os candidatos mais votados formarão uma lista tríplice, que será encaminhada para o ministério da Educação, responsável por nomear o novo gestor. Tradicionalmente, a chapa vencedora nas urnas é escolhida pelo MEC.

Em xeque - O processo eleitoral é chefiado pela Agetic (Agência de Tecnologia da Informação e Comunicação). A condução do pleito por um braço subordinado à reitoria de Marcelo Turine, candidato à reeleição, gerou críticas da Adufms (Associação dos Docentes da UFMS).

A forma como se faz a eleição, hoje por um órgão vinculado à atual administração, que é candidata, para nós põe em suspeição o processo”, disse Marco Aurélio Stefanes, presidente da Adufms.

“Ontem, no debate, muitas pessoas perguntando se o voto era seguro e secreto, preocupados com o sigilo do voto, se a apuração vai coincidir com a votação. São coisas importantes. Têm empresas que fazem esse serviço e sugerimos a contratação, pra fazer de maneira idônea e independente, por um valor razoável, em torno de R$ 30 mil”, completa.

O formato online prejudicou também os debates durante a campanha, conforme explicou o coordenador do DCE (Diretório Central dos Estudantes), Henrique Alencar Cosmo.

“Os debates foram conturbados, a internet não ajudou. É um prejuízo bem grande. Além disso o processo foi curto, acadêmicos de alguns campus não tiveram acesso aos candidatos”, revelou.

O coordenador da entidade representante de 23 mil alunos da UFMS, porém, aposta em envolvimento estudantil maior no pleito. O processo de consulta para reitor da universidade não é paritário. O peso do voto dos professores é de 70%, contra 15% dos acadêmicos e 15% dos técnicos.

A gente espera, como entidade, uma participatividade grande, talvez a maior de todos os tempos. Antes, com urnas físicas, algumas pessoas não exerciam o direito de votar. E é importante que os discentes realmente participem do processo de consulta para fazer valer o peso de 15%”, apontou.

A reportagem não conseguiu contato com representantes do Sista-MS (Sindicato dos Trabalhadores em Educação da UFMS). (Colaborou Bruna Marques)

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