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Educação e Tecnologia

Na rede estadual, aluno cursa Ensino Médio profissionalizante e sai com emprego

Dos 90 mil alunos em Mato Grosso do Sul, 40 mil já estudam nessa modalidade

Por Aline dos Santos | 08/05/2025 12:35
Na rede estadual, aluno cursa Ensino Médio profissionalizante e sai com emprego
Estudantes do Ensino Médio na Escola Professora Maria de Lourdes Widal Roma. (Foto: Marcos Maluf)

Com sorriso no rosto e os olhos que se enchem de luz ao falar do futuro, Lohayne Colonhesi, 15 anos, cursa o Ensino Médio na rede estadual ao mesmo tempo em que faz ensino profissionalizante. Os estudos já lhe conduziram ao estágio remunerado na DPU (Defensoria Pública da União) e parte dos R$ 740 mensal tem destino certo: a adolescente reserva para investimentos.

RESUMO

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O Centro Estadual de Educação Profissional Professora Maria de Lourdes Widal Roma, em Campo Grande, oferece ensino médio integrado a cursos profissionalizantes, com alta demanda de vagas. A instituição disponibiliza formações em Recursos Humanos, Administração, Serviços Jurídicos, Ciências de Dados e Inteligência Artificial. Em Mato Grosso do Sul, 40 mil dos 90 mil alunos do ensino médio estudam nesta modalidade, que combina formação básica e profissional. O estado oferece 80 modalidades de cursos técnicos, adaptados às necessidades regionais, e planeja abrir mais 10 mil vagas até 2026.

“Meu curso é de assistente de dados. Eu tenho um primo que trabalhava com programação e conseguiu vaga em Brasília. Eu me encantei com essa área e fico feliz em poder fazer o que eu gosto”, afirma a estudante.

As oportunidades para a adolescente surgiram durante o Ensino Médio no Ceep (Centro Estadual de Educação Profissional) Professora Maria de Lourdes Widal Roma, no Bairro Moreninha 3, em Campo Grande.

Na rede estadual, aluno cursa Ensino Médio profissionalizante e sai com emprego
Lohayne cursa Ensino Médio e faz curso profissionalizante. (Foto: Marcos Maluf)

Na fachada do colégio, na Rua Anacá, um outdoor informa sobre os cursos profissionalizantes. A procura é tão grande que pais pernoitam no portão um dia antes da abertura das matrículas para assegurar vaga para os filhos.

Esse modelo de ensino já atendeu a 4.500 estudantes que passaram pelo colégio. Ao longo dos anos, os cursos foram mudando para atender as áreas de interesse dos alunos e do mercado de trabalho. O mais recente é sobre IA (Inteligência Artificial), tema presente que vai ditar o futuro.

Na rede estadual, aluno cursa Ensino Médio profissionalizante e sai com emprego
"Nosso grande desafio foi entender a vocação da comunidade", diz o diretor Wilson. (Foto: Marcos Maluf)

De acordo com Wilson da Rocha Rodrigues, há 21 anos diretor da unidade escolar, a integração do Ensino Médio com curso profissionalizante começou há 14 anos.

“A gente trabalha desde 2011 a organização de integração da formação geral básica com o itinerário formativo. Mas o nosso grande desafio foi entender a vocação da comunidade. Perceber o que era realmente necessário. Os cursos que temos hoje despontam de forma extraordinária”.

A grade inclui cinco opções: Recursos Humanos, Administração, Serviços Jurídicos, Ciências de Dados e Inteligência Artificial. “A cada ano, eles fazem uma qualificação. E quando terminam o Ensino Médio, os estudantes têm a oportunidade de cursar mais uma carga horária de 100 horas e recebem o certificado de técnico”, afirma o diretor.

Na rede estadual, aluno cursa Ensino Médio profissionalizante e sai com emprego
No pátio do colégio, banner divulga um dos cursos profissionalizantes. (Foto: Marcos Maluf)

Para abrir as portas do emprego, a escola ainda conta com o PAP (Programa de Aprendizagem Profissional), que encaminha ao estágio e muitos acabam efetivados nas empresas. “A escola prepara o estudante e o coloca no mercado de trabalho”, diz Wilson. O Ensino Médio é ofertado de manhã, tarde e noite, com total de mil alunos.

Com um núcleo na escola, o PAP faz a captação das vagas. De acordo com o coordenador Erso Pereira, o setor fez contato com 30 empresas na região. Segundo Janilce Muniz, também coordenadora, outra possibilidade é a empresa custear o estágio, mas ceder o estudante para órgão público.

Próxima meta: ensino superior

Na rede estadual, aluno cursa Ensino Médio profissionalizante e sai com emprego
Yara faz curso na área jurídica e quer cursar Direito. (Foto: Marcos Maluf)

No terceiro ano do Ensino Médio, Yara Sousa Rodrigues, 17 anos, faz o curso técnico de Serviços Jurídicos e vai prestar vestibular para Direito.

“Eu participo do PAP e estou na Sejusp [Secretaria Estadual de Justiça e Segurança Pública]. Pego quatro ônibus, dois para ir e dois para voltar. Mas vale à pena porque ganho bastante experiência e gosto bastante de trabalhar lá. Eu aprendo com os advogados”, conta Yara.

Em breve, a escola terá um júri simulado. No banco dos réus, um caso de tentativa de feminicídio e ela vai defender o acusado. “Como trabalho com advogados, estão me ajudando a fazer a defesa”.

Já Thiago Carmona de Oliveira, 15 anos, almeja fazer faculdade de Administração. Ele é aluno do curso formativo nesse setor.

Na rede estadual, aluno cursa Ensino Médio profissionalizante e sai com emprego
Thiago destaca que vai sair da escola com qualificaçao profissional. (Foto: Marcos Maluf)

“Gosto dessa área, gosto de gestão. A gente está estudando organização da empresa, planejamentos, métodos ativos que podemos traçar dentro da empresa, gestão interna, tipos de estrutura de organização empresarial. Com esse componente curricular você vai sair da escola com seu Ensino Médio, mas também com um diploma de qualificação profissional”, diz o estudante.

Segundo o titular da SED (Secretária Estadual de Educação), Hélio Daher, dos 90 mil alunos do Ensino Médio em Mato Grosso do Sul, 40 mil já estudam nessa modalidade com curso profissionalizante.

Na rede estadual, aluno cursa Ensino Médio profissionalizante e sai com emprego
"Não adianta o estudante fazer um curso técnico e não conseguir emprego", diz Daher, (Foto: Marcos Maluf)

“O salto foi na quantidade de matrículas. A gente começou a gestão com pouco mais de 10 mil estudantes e já passou de 40 mil alunos. Quase 50% dos nossos estudantes de Ensino Médio estão na educação profissional. Começa a chegar próximo de índice europeu, que é nosso grande objetivo. Ter pelo menos 50% dos estudantes fazendo algum tipo de curso técnico. Esse ano, a gente atingiu 100% de nossos municípios. Para não deixar nenhum estudante que queira fazer educação profissional para trás”.

A perspectiva é abrir mais dez mil vagas na educação profissional até o fim de 2026. “Mas Mato Grosso do Sul já é um dos Estados com maior número de estudantes matriculados na educação profissional”.

Na rede estadual, aluno cursa Ensino Médio profissionalizante e sai com emprego
Estudantes no pátio do colégio em Campo Grande. (Foto: Marcos Maluf)

São oferecidas 80 modalidades de cursos, a depender da região. A SED tem o programa Primeiro Passo, em que equipe vai ao município e ouve alunos, empresários e classe política.

“Porque Mato Grosso do Sul é muito diverso. Tem a área da celulose, tem agropecuária em outra região, os grandes centros. Esse programa define para nós quais são os cursos mais adequados para gerar empregabilidade. Que era uma preocupação que a gente tinha. Não adianta o estudante fazer um curso técnico e não conseguir emprego”, afirma o secretário.

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Fachada da escola nas Moreninhas anuncia cursos profissionalizantes. (Foto: Marcos Maluf)

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