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Educação e Tecnologia

Projeto da UFGD implanta piscicultura em maior assentamento do Brasil

Há seis anos atuando no local, grupo de pesquisadores inova com cultivo de peixes em tanques-rede

Mylena Fraiha | 18/06/2023 10:34
Pesquisador da UFGD ensina prática da piscicultura em tanque do Assentamento Itamarati (Foto: Arquivo pessoal).
Pesquisador da UFGD ensina prática da piscicultura em tanque do Assentamento Itamarati (Foto: Arquivo pessoal).

Com seis anos de atuação, o projeto CDR (Centro de Desenvolvimento Rural) da UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados) tem levado a piscicultura e a diversificação da produção agrícola para famílias do Assentamento Itamarati, em Ponta Porã, a 323 km da Capital.

Coordenado pela professora Juliana Carrijo, o projeto iniciou como uma atividade de extensão da UFGD. Evoluiu e hoje integra pesquisa e extensão universitária para atender às demandas da comunidade do Itamarati, considerado o maior assentamento do Brasil.

De acordo com Juliana, o projeto trabalha com os eixos de produção animal, produção vegetal, educação e gestão empreendedorismo: “E isso é importante, porque uma das premissas da agricultura familiar é que eles não fiquem só em uma cultura de soja e milho. Queremos que eles tenham essa diversificação na produção”.

Famílias participam do cultivo de flores no assentamento Itamarati (Foto: Arquivo pessoal).
Famílias participam do cultivo de flores no assentamento Itamarati (Foto: Arquivo pessoal).

No eixo de produção vegetal, o projeto concentra-se em culturas como soja, milho, mandioca, hortaliças, feijão caupi, gergelim e o cultivo de flores. Na produção animal, o projeto concentra-se na apicultura, uma atividade já estabelecida na região, e na piscicultura, que é uma atividade relativamente nova no Assentamento Itamarati.

“Como resultado, a gente já tem três unidades demonstrativas de tanques-rede com produção de peixe no assentamento, que servem para o agricultor que quer iniciar atividade de piscicultura que ainda é muito pequena no local. Só que há um potencial para crescer e diversificar a renda desses produtores. Agora ele pode ir lá e ver como é que funciona. Esse é um dos resultados”, aponta Juliana.

Tanques-rede são implantados em represa do assentamento Itamarati (Foto: Arquivo pessoal).
Tanques-rede são implantados em represa do assentamento Itamarati (Foto: Arquivo pessoal).

Com a chegada do projeto, Juliana explica que a piscicultura tem avançado significativamente, ganhando espaço e despertando interesse entre os agricultores locais, que vêm nessa atividade uma oportunidade de diversificar sua produção e ampliar a renda. “Nós temos 15 a 17 agricultores familiares participando e produzindo peixe. Então a gente percebe essa movimentação de entrada de potenciais agricultores na atividade de piscicultura”, explica.

Educação e empreendedorismo - Além da produção vegetal e animal, o projeto também apresenta uma preocupação com a manutenção a longo prazo dessas produções entre as famílias e seus filhos. De acordo com Juliana, uma das propostas, que se enquadra no eixo educação, são os cursos realizados em três escolas do assentamento.

“A gente trabalha com os jovens rurais, passando conhecimentos de boas práticas de produção, apresentando tecnologias sociais, que seria por exemplo um biodigestor, uma aquaponia, que são tecnologias que ele pode adaptar para usar na realidade deles, que é a de um pequeno produtor, de um agricultor familiar”, comenta Juliana.

Técnica da aquaponia é ensinada aos jovens por meio do projeto (Foto: Arquivo pessoal).
Técnica da aquaponia é ensinada aos jovens por meio do projeto (Foto: Arquivo pessoal).

Segundo ela, o objetivo é estimular a identificação desses jovens com o território e capacitá-los para que possam permanecer no campo, evitando o êxodo rural. “A gente estimula a identificação desse jovem rural com o território dele. E assim a gente capacita e ele tem mais chance de permanecer ali, não migrar para cidade”

Já no eixo gestão empreendedorismo, são realizados cursos e capacitações técnicas com os assentados mais velhos. "A gente acaba fazendo alguns cursos e capacitações técnicas com os adultos, sendo que muitos deles são iletrados. Então a gente tem toda uma metodologia para trabalhar com eles”, diz Juliana.

Para atender os adultos que não sabem ler, o projeto  também desenvolveu um aplicativo voltado para pessoas interessadas na produção de peixes. “Um outro produto interessante, que foi feito por um orientando nosso de mestrado e registrado no INPE [Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais], é um aplicativo voltado a pessoas iletradas que querem produzir peixe. Porque tudo que você vê aí no mercado são muito difíceis de mexer, que são voltados às pessoas que já tem conectividade”, explica a professora.

O projeto também trabalha em parceria com cooperativas e associações interessadas, promovendo o desenvolvimento dessas organizações. "Trabalhamos com as cooperativas e associações que têm interesse, desde a parte de gestão a essa capacitação mais técnica direcionada ao processo de produção”, finaliza Juliana sobre o projeto financiado atualmente pela prefeitura de Ponta Porã e com recursos captados em 2021 pelo Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento).

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