Projeto insiste em escola neutra e gasta tempo com tema arquivado, diz Fetems
Voltou a tramitar na Alems proposta ideológica recorrente, que tem sido engavetada no Brasil
Movimento que ficou conhecido como Escola Sem Partido deu as caras de novo em Mato Grosso do Sul esta semana, com novo projeto de lei levado à Assembleia Legislativa para defender "a neutralidade política, ideológica, de gênero e de enviesamento personalíssimo" nas escolas estaduais. O deputado que o propôs, João Henrique Catan (PL), inclusive, é alvo de denúncia por ter atacado nas redes sociais uma professora trans.
RESUMO
Nossa ferramenta de IA resume a notícia para você!
O presidente da Fetems (Federação dos Trabalhadores da Educação de Mato Grosso do Sul) Jaime Teixeira criticou o projeto de lei que visa defender a "neutralidade política, ideológica, de gênero e de enviesamento personalíssimo" nas escolas estaduais. Ele argumenta que a escola não é ideológica, mas repassa conhecimento acumulado, e que os professores têm liberdade pedagógica para ensinar. Teixeira duvida que a proposta seja aprovada na Assembleia Legislativa e classifica o movimento como uma "marcha-ré da democracia".
Em entrevista nesta manhã (19), o presidente da Fetems (Federação dos Trabalhadores da Educação de Mato Grosso do Sul) Jaime Teixeira, reforçou a posição da entidade e duvidou que a proposta seja aprovada.
"Somos contra o nacional, que foi arquivado, e a esse porque a escola não é ideológica, ela repassa para as novas gerações todo o conhecimento acumulado pela humanidade. Isso é feito de forma organizada há décadas, onde se pauta a Ciência, a Política, a Sociologia e a Filosofia. É parte inerente do conteúdo didático para formação dos cidadãos", afirmou.
Justifica também que escola não pode oferecer uma "visão única de pensar a sociedade" e que os professores têm liberdade pedagógica para ensinar prevista na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, a LDB.
"Professor tem habilitação pedagógica para isso. Tem a liberdade de cátedra, independente se agrada um setor político ou da sociedade. Tem conteúdo que tem que ser trabalhado independentemente do partido que governa", completou.
Não passa - Para o educador, o projeto de lei é perda de tempo e não será aprovado na Assembleia.
"Eu acredito que não porque estaremos vigilantes, nós vamos mobilizar a sociedade contra isso. Temos na Assembleia deputados que, mesmo não sendo liberais totalmente ou não defendendo uma escola democrática, aberta, com certeza não votaria esse tratamento à educação", declarou.
Ele acrescenta que, na mesma linha, decisões como o de recolher livros didáticos em Costa Rica acabam saindo caro para os cofres públicos e não prosperam.
"Acaba sendo penalizada a sociedade de Costa Rica, porque os municípios não têm tanto dinheiro assim para ficar comprando livros paradidáticos, se eles já vêm do MEC (Ministério da Educação) sem nenhum custo", começa.
"Normalmente, os livros que são adotados nas escolas passam por professores, é previamente analisado pela coordenação e pela direção e não cabe o prefeito dizer 'a escola é minha, eu vou colocar o livro que eu quero'. É um pensamento dele. A vontade da sociedade e a liberdade dos professores é jogada no lixo", pontua.
Marcha à ré - Ainda segundo Jaime, o movimento faz parte de uma "marcha à ré da democracia", que é um fenômeno global.
"Isso não é de agora, isso é desde do final do século passado. Tem que ver que, infelizmente, não somos só nós do Mato Grosso do Sul ou do Brasil, que estamos passando por isso. Há no mundo uma marcha à ré quando se fala em democracia e no avanço do conservadorismo", finaliza.
Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para acessar o canal do Campo Grande News e siga nossas redes sociais.