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Educação e Tecnologia

Vírus gigante é descoberto no Pantanal de Mato Grosso do Sul, mas sem risco

Mas ele infecta apenas amebas e pode ajudar em pesquisas sobre evolução e biotecnologia

Por Inara Silva | 26/09/2025 17:57
Vírus gigante é descoberto no Pantanal de Mato Grosso do Sul, mas sem risco
Naiavírus foi identificado em uma única amostra de água, entre 439 coletadas (Foto: Nature Communications)

Pesquisadores encontraram um vírus gigante no Pantanal de Mato Grosso do Sul. Batizado de Naiavírus, ele foi identificado em uma única amostra de água, entre as 439 coletadas no rio Paraguai, em Porto Murtinho. Mas ele infecta apenas amebas e pode ajudar em pesquisas sobre evolução e biotecnologia

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Cientistas descobriram no Pantanal sul-mato-grossense o maior vírus com cauda já identificado. Denominado Naiavírus, o microrganismo mede 1.350 nanômetros e foi encontrado em amostras de água do rio Paraguai, em Porto Murtinho. O vírus, que infecta apenas amebas e não representa risco para humanos, possui estrutura única com corpo envolto por manto e cauda flexível. Seu genoma contém cerca de 1 milhão de pares de bases de DNA, com genes sem equivalentes conhecidos, sugerindo origem próxima ao surgimento da vida na Terra.

Segundo a Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), este é o maior vírus com cauda já detectado, medindo cerca de 1.350 nanômetros (nm), muito acima da faixa de 20 a 200 nm comuns à maioria dos vírus. Ele não representa ameaça às pessoas e infecta apenas amebas.

O estudo aponta que sua estrutura é única, pois tem o corpo envolto por um manto e possui uma cauda flexível que se dobra e alonga, funcionando como ferramenta para se aproximar das amebas e facilitar a infecção.

O genoma do vírus também impressiona, com quase 1 milhão de pares de bases de DNA, com muitos genes sem equivalente conhecido. Alguns desempenham funções antes atribuídas apenas a células complexas, como bactérias e eucariotos, sugerindo processos evolutivos muito antigos.

Relevância - Conforme os pesquisadores, as proteínas do Naiavírus derivam de uma divergência remota, próxima ao surgimento da vida na Terra. Elas podem ser usadas para o desenvolvimento de fármacos e enzimas biotecnológicas e ajudar a compreender a eucariogênese, ou seja, o processo de formação de células com núcleos.

O estudo foi liderado por Jônatas Abrahão, da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), com apoio da Fapesp, e contou com a colaboração de instituições como LNBio-CNPEM (Laboratório Nacional de Biociências do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais), UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), Unesp (Universidade Estadual Paulista), Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), Virginia Tech (EUA) e IFSC-USP (Instituto de Física da Universidade de São Paulo).

A descoberta foi publicada na revista Nature Communications no artigo Naiavirus: an enveloped giant virus with a pleomorphic, flexible tail.

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