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Esportes

Times de MS evitam críticas a “mandachuva” acusado de desviar verbas do futebol

Equipes do sofrido futebol sul-mato-grossense torcem para que situação não piore ainda mais no Estado

Por Jhefferson Gamarra | 21/05/2024 17:28
Presidente da FFMS durante prisão na manhã desta quarta-feira (Foto: Henrique Kawaminami)
Presidente da FFMS durante prisão na manhã desta quarta-feira (Foto: Henrique Kawaminami)

A maioria dos representantes dos principais times de Mato Grosso do Sul segue na posição que até hoje garantiu a permanência de Francisco Cesário na presidência da Federação de Futebol do Estado: de neutralidade.  Eles preferem adotar uma postura morna quanto à prisão do mandatário nesta terça-feira, depois de 26 anos no cargo. Os clubes afirmam que estão acompanhando as movimentações e que vão aguardar o desenrolar das investigações para emitir um posicionamento concreto.

“Com relação a operação, a gente está tomando bastante cautela em relação a isso, vamos aguardar, ver quais são as acusações, qual é a materialidade, e o que isso pode acarretar em termos de afastamento definitivo ou temporário do presidente da Federação, um provável afastamento dele ou uma provável intervenção junto à Federação. O Operário aguarda isso com expectativa. Não queremos fazer nenhuma posição precipitada a respeito disso”, pontuou Nelson Antônio Silva, presidente do Operário Futebol Clube, atual campeão estadual.

Ainda de acordo com o cartola do Operário, a preocupação inicial do clube é em relação aos convênios com o Governo do Estado e a CBF (Confederação Brasileira de Futebol), que podem prejudicar a equipe nas competições da temporada 2025, como Campeonato Estadual, Copa do Brasil, Brasileirão Série D, Copa Verde e também no Campeonato Feminino previsto para ocorrer ainda este ano.

“A única preocupação que nós temos é que isso não atrapalhe os convênios do Estado com os clubes ou com a federação, que isso possa prejudicar o recebimento de verba para a disputa dos campeonatos estaduais e também de outros tipos de campeonatos, como o próprio campeonato feminino, que está previsto para acontecer esse ano ainda. A gente espera que a solução seja dada de uma forma rápida e que seja benéfica para o nosso futebol”, destacou o gestor do Galo.

Cláudio Barbosa, presidente do Comercial, que em 2024 disputará a Série B do Campeonato Sul-Mato-Grossense, também resolveu aguardar as investigações. “Sem opinião até o presente momento. Vamos aguardar as investigações. É muito difícil o futebol em MS”, resumiu.

Também de poucas palavras,  o presidente do Novo Futebol Clube, Éder Cristaldo, disse apenas que “não temos nenhuma posição, porque a gente tem que esperar ver o que vai acontecer ainda. Não há como ter uma opinião formada sobre isso ainda”.

A mesma posição foi adotada pelo vice-presidente do Corumbaense, João Luiz (Kiko). “Assim que soubermos exatamente o que aconteceu [vamos nos pronunciar]. No momento não sabemos ainda”, disse.

Cezário em reunião realizada em abril com clubes que disputarão a Série B do Estadual (Foto: Divulgação/FFMS)
Cezário em reunião realizada em abril com clubes que disputarão a Série B do Estadual (Foto: Divulgação/FFMS)

Campeão estadual em 2023 e representante de Mato Grosso do Sul na Série D 2024, o Costa Rica Esporte Clube também garantiu que está acompanhando as investigações e lamenta os indícios de corrupção na federação de futebol que desencadearam a operação.

“Este acontecimento não passa despercebido por nenhum de nós, e deixa todos os envolvidos com futebol sul-mato-grossense consternados com tal situação. Existe uma preocupação muito grande por parte de toda nossa equipe, afinal, somos o representante do estado de Mato Grosso do Sul nas competições nacionais", frisou André Baird, presidente do CREC.

Apesar de não atacar Francisco Cezário ele lembra de que a credibilidade da Federação corre risco. "Sendo o presidente do Costa Rica Esporte Clube, além de amante do esporte, farei tudo que estiver ao meu alcance para ajudar com que o nosso futebol seja resgatado, voltemos a ter credibilidade e espaço, não só no circuito estadual mas também em todo Brasil”,

O presidente lembra que, apesar de enfraquecido, o futebol su-mato-grossense gera empregos. “Nos posicionamos contra qualquer ato de corrupção no futebol, pois milhares de pessoas têm seu ganha-pão tirado do futebol diariamente, e não é aceitável e nem justo que haja desvio nas funções da federação em benefício próprio”, concluiu o empresário que assumiu a gestão do clube em 2021.

Cartão Vermelho - "Eterno" presidente Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul, Francisco Cezário de Oliveira, saiu preso durante as buscas da Operação Cartão Vermelho, contra esquema que desviou R$ 6 milhões da Federação. A casa de Cezário - imóvel de alto padrão, localizado na Vila Taveirópolis, na Capital - foi alvo de busca e apreensão, onde agentes do Gaeco apreenderam mais de R$ 800 mil em espécie.

 A operação tem como objetivo cumprir sete mandados de prisão preventiva e 14 mandados de busca e apreensão em Campo Grande, Dourados e Três Lagoas.

Em nota, o Ministério Público de Mato Grosso do Sul informou que as investigações duraram 20 meses e revelaram a existência de uma organização criminosa dentro da Federação, cujo objetivo era desviar valores provenientes do Estado de MS (através de convênios, subvenções ou termos de fomento) ou mesmo da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), em benefício próprio e de terceiros.

Cezário está em seu sétimo mandato na FFMS, tendo sido reeleito até 2027. A última eleição ocorreu em 2022, e ele está no comando da Federação desde 1998. Como é advogado com registro ativo, o presidente da FFMS foi acompanhado por representantes da Comissão de Defesa e Assistência das Prerrogativas dos Advogados de Seccionais da Ordem dos Advogados do Brasil.

André Borges, advogado que representa Cezário, afirmou que a quantia encontrada na casa tem origem lícita. “Não é crime manter dinheiro em casa. Tem origem lícita, que no momento oportuno será declarada”, disse o defensor. -

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