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Arquitetura

Arquitetos começam intervenção para prédio do Hotel Americano voltar à ativa

Paula Maciulevicius | 17/03/2014 06:25
Projeto de restauração iniciado por arquitetos e estudantes voluntários vai levantar história e planta para dar solução ao hotel. (Fotos: André Barbosa)
Projeto de restauração iniciado por arquitetos e estudantes voluntários vai levantar história e planta para dar solução ao hotel. (Fotos: André Barbosa)

Da década de 30, no estilo Art Déco. O primeiro prédio de três andares da cidade que abrigou por anos e ainda tem no revestimento original, uma placa anunciando um passado que parou no tempo: “Hotel Americano”. Neste final de semana, um grupo de arquitetos e estudantes começou o projeto de restauração que vai levar quatro meses. Desde outubro, os herdeiros de José Abrão, dono do prédio e quem dá nome ao edifício tentam um meio de aproveitar o espaço na esquina das ruas 14 de Julho e Cândido Mariano.

Encabeçado pelo arquiteto Ângelo Arruda, o trabalho dos profissionais e acadêmicos é o de levantar textos, fotos, histórico e depois fazer a prospecção, para encontrar o original que se esconde em camadas de tinta das paredes, por exemplo.

No cronograma estão 12 etapas, desde a pesquisa histórica de levantamento de plantas e identificação de materiais, até as intervenções e restauro e captação de recursos. “A gente quer trabalhar dentro do cronograma, com todas as etapas que nos propomos a fazer. Ontem a gente já viu na parede descascada, várias camadas de tinta. Vai aparecer muita coisa legal por dentro”, frisou Ângelo.

Revestimento externo ainda é o original, de pó de mico vindo de Porto Murtinho.
Revestimento externo ainda é o original, de pó de mico vindo de Porto Murtinho.

Projetado pelo arquiteto alemão Frederico João Urlass, o mais alto prédio do ano de 1939, tinha como destino abrigar escritórios e lojas, mas sua estreia foi como “Rio Hotel”. Posteriormente veio a administração do que consagrou o imóvel na memória dos campo-grandenses, o Hotel Americano.

Ocupando todo um terreno, o projeto original traçava duas moradias e três lojas no térreo. Nos andares superiores, 35 quartos com lavatórios. “Lá dentro encontramos algumas salas com piso de taco de madeira, que também serão retirados para ver se há outro por baixo. Têm paredes que são de cimento, outras de revestimento acústico. É um desafio", argumentou Ângelo.

Por fora o revestimento continua o mesmo, apenas desgasto pelo tempo. O pó de mica avermelhada, vindo da região de Porto Murtinho já não reluz como antes, mas mantém a marca do prédio. Os olhos de fora conseguem detectar as consequências de uma reforma inacabada. Os frisos geométricos verticais nas molduras das janelas e as próprias deram lugar ao vidro temperado. "Para isso mexeram no batente da parede e foi feita uma argamassa ali, comenta Ângelo.

Os feitios são de quando uma clínica odontológica tinha os planos de abrir as portas ali, projeto que acabou embargado pela prefeitura em 2012. Como o prédio consta na lista de imóveis do projeto de revitalização do Centro, a prefeitura disse não e a empresa voltou o contrato para as mãos da família herdeira.

"Começamos a montar a equipe e dividir tarefas, a gente não sabe o que vai propor. É um prédio grande, de dois pavimentos e um problema enorme de acesso", comenta o arquiteto.

Paredes descascadas vão expor o que há escondido pelas camadas de tinta.
Paredes descascadas vão expor o que há escondido pelas camadas de tinta.

O trabalho é único, minucioso e desenvolvido voluntariamente pelo grupo que ainda busca auxílio para os gastos que o projeto requer. "Vamos tentar arrecadar fundos e depois envolver a sociedade para recuperar o prédio", diz Ângelo. Entre os materiais, é preciso desde escada até verba para imprimir as plantas.

Nos quatro meses a seguir, o grupo vai traçar o restauro e discutir possibilidades com os donos do prédio, para que haja possibilidade de apresentar uma ideia ao poder público ou iniciativa privada. "É um prédio emblemático e super bem localizado. Vamos entregar um projeto completo que indicará custos e soluções finais", destaca o arquiteto.

Ao fim do trabalho, os herdeiros terão em mãos um material completo para decidir obras futuras. "A gente está bastante esperançoso, não sabíamos mais o que fazer. Nossa proposta é poder viabilizar o prédio. Estamos dispostos a qualquer negócio, precisamos de parcerias”, afirmou o neto do construtor do prédio, Teto Abrão.

De 1939, edifício José Abrão amarga as agruras do tempo. Emblemático, bem localizado e histórico. (Foto: Marcos Ermínio)
De 1939, edifício José Abrão amarga as agruras do tempo. Emblemático, bem localizado e histórico. (Foto: Marcos Ermínio)
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